Inflação em Belo Horizonte acelera em abril

Puxado pelo aumento do custo médio das excursões e da gasolina comum, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo de Belo Horizonte (IPCA-BH), calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead) apresentou alta de 0,37% em abril, após ter registrado inflação de 0,32% em março.
O custo de vida do belo-horizontino também acelerou em relação a abril de 2024, quando registrou alta de 0,24%. No acumulado de 2025, o IPCA na capital mineira apresentou alta de 2,93%. Nos últimos 12 meses, o índice subiu 7,30%.
O grupo alimentação apresentou leve aumento de 0,14% em abril e desacelerou em relação a março, quando o indicador subiu 1,01%. O resultado foi impulsionado principalmente pelo subgrupo alimentação fora da residência, cuja inflação subiu 1,28% em Belo Horizonte, puxada pelas altas em bebidas em bares e restaurantes (4,01%) e alimentação em restaurante (1%).
Por outro lado, o subgrupo alimentação na residência apresentou queda de 0,73% em Belo Horizonte, puxada pelas quedas em alimentos em elaboração primária (-1%), alimentos industrializados (-0,94%) e alimentos in natura (-0,52%), o que ajudou a segurar o indicador da alimentação na capital mineira.
Os preços dos produtos não alimentares subiram 0,42% em abril, uma aceleração frente a alta de 0,17% do grupo em março. O resultado é consequência da aceleração nos preços nos subgrupos Pessoais, Habitação e Produtos Administrados, que registraram acréscimos de 0,53%, 0,40% e 0,17% no mês, respectivamente.
Os preços das excursões e da gasolina comum na capital mineira subiram 3,24% e 2,12%, respectivamente, e, considerando os seus pesos no índice, foram as maiores contribuições individuais para a inflação de Belo Horizonte subir. O custo do hipotensor/hipocolestertinico também pesou para aumentar o índice geral, ao crescer 10,41% em abril.
Já a queda de 25,39% no custo médio da passagem aérea e de 6,11% no móvel para sala, no quarto mês de 2025, em relação ao seu peso no IPCA, contribuíram para segurar a inflação em Belo Horizonte. A bijouteria também apresentou redução 12,33% em abril e ajudou a frear o índice geral no período.
Inflação para o consumidor restrito em Belo Horizonte
O Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR) de Belo Horizonte, para famílias com renda de até cinco salários mínimos, registrou inflação de 0,41% em abril, uma desaceleração frente a alta de 0,43% em março. Porém, o índice acelerou em relação ao mesmo período de 2024, quando o resultado foi de 0,28%. No ano, o IPCR acumulou um crescimento de 2,78% na capital mineira, segundo levantamento da Fundação Ipead.
A alimentação no IPCR, um grupo que afeta sensivelmente famílias dessa faixa de renda, apresentou queda de 0,28% no quarto mês do ano. A maior contribuição foi do subgrupo alimentação na residência, com uma deflação de 1,21% no mês.
O resultado é consequência das quedas de 2,03% no custo dos alimentos em elaboração primária, de 1,42% nos alimentos in natura e de 0,57% nos preços de alimentos industrializados.
O subgrupo alimentação fora da residência nesse índice registrou alta de 1,55%, puxada pela alta de 2,5% em bebidas em bares e restaurantes, que foi o componente com maior aumento registrado no grupo dos alimentos no período.
Especificamente, os produtos/serviços que mais contribuíram para a alta do IPCR em Belo Horizonte foram a gasolina comum, o lanche e o aluguel residencial, todos com influência de 0,06 pontos percentuais (p.p.) no indicador e inflação de 2,12%, 2,04% e 0,95%, respectivamente.
Feriados alteram dinâmica na inflação das excursões
O gerente de pesquisas do Ipead, Eduardo Antunes, destaca principalmente que a inflação de Belo Horizonte, acumulada nos últimos 12 meses, se mantém acima dos 7% já há bastante tempo. Em abril, a volatilidade positiva nos preços das excursões é explicada pelo item ter o envolvimento de outros quesitos na sua composição, como hospedagem e viagens ao exterior, impactados pela oscilação do dólar em patamar alto além de quantidade de feriados no período.
“Apesar de não ser uma época de muitas viagens, a gente teve muitos feriados acontecendo, então o pessoal aproveitou, viajou, causou uma dinâmica nesse período no caso das excursões”, analisa o pesquisador.
Ele explica que os preços da gasolina comum também oscilaram em Belo Horizonte durante o mês e no final resultaram em uma inflação no custo do combustível durante o período. Já a passagem aérea, pelo contrário, ajudou a segurar o aumento geral dos preços na Capital, motivada por voos domésticos mais baratos no mês analisado pela Fundação Ipead.
Antunes ressalta que, além da sazonalidade, uma possível melhor distribuição de produtos alimentares com grande aumento acumulado nos últimos anos, como o café, ajudou a abaixar o preço e, consequentemente, a inflação do grupo alimentação, bem como a normalidade na produção de arroz, mesmo após o desastre climático no Rio Grande do Sul no ano passado.
“Mesmo com a preocupação com a produção do Rio Grande do Sul, por causa das chuvas no ano passado, ao que parece que não impactou a produção, então o arroz também neste período apresentou uma queda natural de preço e de disponibilidade no mercado brasileiro”, finaliza.
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