Inflação em Belo Horizonte acelera em dezembro; confira o que puxou o índice

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo de Belo Horizonte (IPCA-BH), calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead), acelerou e avançou 0,49% em dezembro de 2024, após ter registrado alta de 0,22% em novembro. A despesa com excursões, alimentação fora da residência e táxi ajudaram a aumentar a inflação na Capital mineira.
O custo de vida do belo-horizontino ainda assim desacelerou em relação a dezembro de 2023, quando registrou alta de 0,77%. No acumulado de 2024 e nos últimos 12 meses, o IPCA na Capital mineira apresentou alta de 7,52%.
Os preços das excursões e dos serviços de táxi em Belo Horizonte subiram 7,87% e 15,60%, respectivamente, e ajudaram a puxar a inflação da Capital para cima em dezembro. O custo da passagem aérea também contribuiu para a alta do índice geral, ao crescer 27,95% no último mês do ano.
O economista do Ipead, Diogo Santos, explica como fatores típicos do final do ano, o crescimento da economia e as alterações climáticas impactaram a inflação de Belo Horizonte. Neste ano, a demanda por produtos e serviços típicos do período de fim de ano foi reforçada também pelo aumento da renda média da população, em virtude do desemprego baixo e crescimento econômico mais acentuado em 2024.
“Quando a economia cresce mais, a sociedade vai diversificando seu consumo, adicionando mais serviços no seu padrão de consumo, como turismo, lazer, refeição fora de casa”, disse Diogo Santos.

O grupo Alimentação apresentou inflação de 1,44% em dezembro, inferior a novembro (1,57%). O aumento foi impulsionado principalmente pelo subgrupo Alimentação Fora da Residência, que registrou alta de 2,47% em Belo Horizonte, uma aceleração em relação ao mês anterior, quando foi de 1,55%.
O subgrupo Alimentação na Residência cresceu 0,66%, puxado pelos alimentos em elaboração primária (1,13%) e alimentos industrializados (1,57%). O item alimentos in natura sofreu redução de 3,89%, acumulando quatro quedas semanais consecutivas. O preço da batata inglesa reduziu 28,91% em dezembro e ajudou a segurar a inflação dos alimentos em Belo Horizonte.
O economista do Ipead explica que as alterações climáticas, que afetaram sobremaneira a produção do campo no ano passado, têm impactos distintos nos preços dos alimentos e, consequentemente, na inflação de Belo Horizonte. A falta de chuvas ajudou a concentrar e ampliar a produção do tomate e outros tubérculos, por exemplo. Ao mesmo tempo, encareceu as carnes, já que o custo de alimentação do gado aumentou pela falta de pastagens.
“O ano de 2024 mostrou que, mesmo num período de crescimento econômico, no que diz respeito aos alimentos in natura, o mais importante mesmo é a capacidade dos setores de ampliar sua oferta. Ampliando a oferta, os setores conseguem segurar o preço e os eventos climáticos podem ajudar em algumas situações, como podem não ajudar em outras”, analisa.
Já um regime de chuvas mais regular, previsto para 2025, poderá contribuir para o abastecer os reservatórios das hidrelétricas, o que aumenta a probabilidade de uma tarifa de energia elétrica mais barata durante o ano. “Se isso acontecer, será uma pressão menor sobre a inflação, tanto a inflação direta, pela conta de luz, como também a pressão indireta sobre o custo dos demais bens e serviços da economia”, finaliza o economista do Ipead.
Por sua vez, os preços dos produtos não alimentares aceleraram e cresceram 0,28% em dezembro, frente a leve queda de 0,06% do grupo em novembro. O resultado é consequência da alta de 0,44% no subgrupo Pessoais e de 0,34% em Habitação.
O subgrupo Produtos Administrados apresentou leve queda de 0,08% em dezembro. O componente abarca custos com transporte, comunicação, água, energia, combustíveis e IPTU.
Já a queda de 2,62% no custo da tarifa de energia elétrica residencial, no último mês de 2024, contribuiu para que a inflação em Belo Horizonte não aumentasse ainda mais. A gasolina comum também apresentou redução 1,12% em dezembro e ajudou a segurar o índice geral no período.
Inflação para o consumidor restrito em Belo Horizonte
O Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR) de Belo Horizonte, para famílias com renda de até cinco salários mínimos, registrou inflação de 0,27% em dezembro de 2024. A alta no mesmo período de 2023 foi de 0,10%. Em todo o ano de 2024, o IPCR acumulou um crescimento de 7,34% na Capital mineira, segundo levantamento da Fundação Ipead.
A alimentação no IPCR, um grupo que afeta sensivelmente famílias dessa faixa de renda, apresentou alta de 0,88% no último mês do ano passado. A maior contribuição foi do subgrupo Alimentação Fora da Residência, com uma inflação de 2,77% no mês.
Bebidas em bares e restaurantes registrou inflação de 3,88% na Capital e foi o componente com maior aumento registrado no grupo dos alimentos no período.
O subgrupo Alimentação na Residência no índice registrou queda de 0,07%, puxada pela redução de 6,51% no item alimentos in natura. Este foi o único componente dentro do grupo de alimentação que apresentou queda no mês em Belo Horizonte.
Especificamente, os produtos/serviços que mais contribuíram para a alta do IPCR em Belo Horizonte foram o lanche e as excursões, com influência de 0,10 pontos percentuais (p.p.) no indicador e altas de 3,52% e 7,87%, respectivamente.
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