Inflação em Belo Horizonte atinge 5,67% no acumulado de 12 meses

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) divulgado nesta sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou alta de 5,67% na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) no acumulado dos últimos 12 meses, o maior resultado da inflação entre as 16 áreas de abrangência da pesquisa. No País, no mesmo período, a alta foi de 4,5%, atingido a meta limite do Banco Central (BC).
Em contrapartida, o mês de julho na capital mineira registrou acréscimo de 0,26%, índice que foi o quarto melhor resultado mensal entre as áreas pesquisadas pelo Instituto. Especialistas fazem um alerta, uma vez que a taxa acumulada supera as metas determinadas pelo BC.
“É um índice bem acima da meta, mas que está sofrendo os reflexos dos aumentos dos combustíveis e da energia elétrica desde maio”, avaliou o economista da Suno, Guilherme de Almeida. De acordo com ele, quando analisado somente o mês de julho, o índice em Belo Horizonte, foi 0,2 ponto percentual inferior ao observado em junho. Entretanto, ele chama atenção para dois componentes muito voláteis que acabam gerando preocupações no que diz respeito à evolução dos preços, que são os grupos de transportes e habitação.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
No mês de julho, os combustíveis em Belo Horizonte registraram alta de 4,37%, sendo o etanol o que provocou o maior impacto individual positivo no IPCA ao alcançar incremento de 5,97%. No acumulado dos últimos 12 meses, a alta foi de 17,9% para os combustíveis, sendo também do etanol o registro de maior alta no período, de 18,5%.
No grupo habitação, a alta em julho, em Belo Horizonte, foi de 0,63%, puxada pelos aluguéis residenciais. No acumulado dos últimos 12 meses, o incremento foi de 6,44% no grupo como um todo.
Na visão do economista Guilherme Almeida, o grupo habitação ainda sofre os resquícios dos reajustes ocorridos em maio, especialmente ligados à energia elétrica residencial. “Isso tem um peso no orçamento familiar e esse reajuste ainda foi observado neste mês”, diz.
Para o grupo de transportes, Almeida remete ao impacto sofrido pelos reajustes dos preços dos combustíveis. “A Petrobras ainda opera com uma certa defasagem em relação à prática dos mercados internacionais. Pode ser que eventualmente tenhamos novos reajustes, mas isso já se faz presente no índice oficial de inflação”, considerou.
Outro componente com peso no mês foi a passagem aérea, um fator sazonal. “Julho é um mês de férias escolares, a demanda sobe, um movimento que também foi observado no índice nacional”, analisou Almeida.
Para os próximos meses, o economista da Suno acredita que seja possível que esses resultados já apresentem uma melhora nos dois componentes, principalmente o grupo de habitação. “Isso porque já teremos um processo de repasse para os preços do reajuste ocorridos em maio. Já o grupo de transportes a gente precisa acompanhar para ver a política que a Petrobras vai adotar em novos reajustes e, com isso, os postos de combustíveis repassando os preços também”, explicou.
Inflação de julho não pode ser ignorada na opinião de especialista
Na avaliação do CEO da Multiplike, gestora de recursos empresariais, Volnei Eyng, a alta do acumulado acima do esperado reforça a necessidade de monitoramento contínuo por parte do Banco Central, especialmente em relação à política monetária. Para ele, o IPCA de julho indica uma pressão inflacionária que não pode ser ignorada, especialmente em setores que impactam diretamente o dia a dia dos consumidores como é o caso dos combustíveis. “A expectativa é que o Banco Central mantenha uma postura cautelosa, considerando o cenário de pressão inflacionária para decidir sobre possíveis ajustes na taxa Selic até o final do ano”, analisou.
Na última quinta-feira (8), o diretor de políticas monetárias do Banco Central, Gabriel Galípolo, já havia afirmado em evento em Belo Horizonte, ser este um cenário desconfortável e atribui a ocorrências internas e externas a situação. Ele também reforçou que os diretores do Banco Central não medirão esforços para controlar a temida inflação.
O sócio da Ipê Avaliações, Fábio Murad, alerta que, para o consumidor, representa um aumento no custo de vida, especialmente em itens essenciais como transporte e energia. “Com a inflação acima do esperado, o Banco Central pode elevar a taxa Selic para conter a escalada dos preços. Isso pode impactar negativamente o consumo e os investimentos, mas o que é necessário para ancorar as expectativas inflacionárias, avaliou.
Ouça a rádio de Minas