Inflação em Belo Horizonte desacelera em fevereiro

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo de Belo Horizonte (IPCA-BH), calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead) apresentou queda 0,05% em Belo Horizonte no mês de fevereiro, após ter registrado alta de 2,28% em janeiro. A despesa com excursões e ingresso para jogo ajudaram a desacelerar a inflação na capital mineira.
O custo de vida do belo-horizontino desacelerou em relação a fevereiro de 2024, quando registrou alta de 0,24%. No acumulado de 2025, o IPCA em Belo Horizonte apresentou alta de 2,23%. Nos últimos 12 meses, o índice subiu 7,38%.
O grupo alimentação apresentou deflação de 0,05% em fevereiro, diferente de janeiro, quando o indicador subiu 0,75%. O resultado foi impulsionado principalmente pelo subgrupo alimentação na residência, que apresentou queda de 0,77% em Belo Horizonte, puxada pelas quedas em alimentos em elaboração primária (-1,55%) e alimentos industrializados (-0,56%). O item alimentos in natura (0,26%) teve leve alta.
Os preços dos produtos não alimentares caíram 0,05% em fevereiro, frente a alta de 2,61% do grupo em janeiro. O resultado é consequência da desaceleração nos subgrupos habitação e produtos administrados, que registraram acréscimos de 0,87% e 0,29% no mês, respectivamente, além da queda de 0,50% no componente pessoais.
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Os preços da gasolina comum e do condomínio residencial em Belo Horizonte subiram 1,63% e 1,21%, respectivamente, e, considerando os seus pesos no índice, não deixaram a inflação da capital cair ainda mais. O custo do móvel para quarto na cidade também pesou para aumentar o índice geral, ao crescer 6,21% em fevereiro.
Já a queda de 6,69% no custo das excursões e de 38,29% no ingresso para jogo, no segundo mês de 2025, em relação ao seu peso no IPCA, contribuíram para segurar a inflação em Belo Horizonte. A maçã gala também apresentou redução 18,69% em fevereiro e ajudou a segurar o índice geral no período.
Inflação para o consumidor restrito em Belo Horizonte
O Índice de Preços ao Consumidor Restrito (IPCR) de Belo Horizonte, para famílias com renda de até cinco salários mínimos, desacelerou e registrou inflação de 0,07% em fevereiro, frente a alta de 1,85% em janeiro e de 0,25% no mesmo período de 2024. Nos dois primeiros meses de 2025, o IPCR acumulou um crescimento de 1,92% na capital mineira, segundo levantamento da Fundação Ipead.
A alimentação no IPCR, um grupo que afeta sensivelmente famílias dessa faixa de renda, apresentou queda de 0,15% no segundo mês do ano. A maior contribuição foi do subgrupo alimentação na residência, com uma deflação de 0,89% no mês.
O resultado é fruto das quedas de 2,24% no custo dos alimentos in natura e de 1,81% nos alimentos em elaboração primária, além da desaceleração nos preços de alimentos industrializados, que apresentou leve alta de 0,19%.
O subgrupo alimentação fora da residência nesse índice registrou alta de 1,30%, puxada pela alta de 3,04% das bebidas em bares e restaurantes, que foi o componente com maior aumento registrado no grupo dos alimentos no período.
Especificamente, os produtos/serviços que mais contribuíram para a alta do IPCR em Belo Horizonte foram o aluguel residencial e aparelho telefônico celular, ambos com influência de 0,06 pontos percentuais (p.p.) no indicador e altas de 1,07% e 11,30%, respectivamente.
Conjunto de efeitos pode fazer inflação estabilizar em Belo Horizonte
O economista do Ipead Diogo Santos afirma que em fevereiro há um ajuste no custo das excursões, após uma base de comparação nos meses de alta temporada no turismo. Ele aponta ainda que, em meio às políticas de preços de ingressos dos clubes de futebol, o mês com jogos de pouco apelo para o torcedor contribuiu para a redução no preço médio do ingresso.
Ele destaca a alimentação na residência, após o grupo passar por altas consideráveis na segunda metade do ano passado. “Agora houve uma queda. É a grande novidade, não foi só isso, mas é um dos fatores que fizeram o IPCA apresentar variação negativa”, diz Santos.
Ele avalia também que em fevereiro o efeito do consumo acentuado no final do ano começa a passar, bem como reajustes tarifários, como no ônibus urbano, já foram incorporados no custo de vida. Além disso, há reflexos da manutenção do patamar elevado da taxa básica de juros (Selic) e da recente valorização do real frente ao dólar. “Isso tudo paulatinamente vai ajudando a evitar que os preços continuem subindo fortemente”, explica o economista.
Santos alerta ainda que é preciso verificar o quanto o conjunto de efeitos econômicos apontados para o controle de preços será efetivo nos próximos meses, como as já citadas Selic e valorização cambial, além da bandeira verde na conta de energia, previsão da safra de grãos e medidas do governo federal para baixar o preço dos alimentos.
“Cada uma dessas medidas tem um efeito e envolve uma série de outras questões, mas o importante é que temos um conjunto de efeitos econômicos, nesse momento, apontando no sentido de controle dos preços. A expectativa é de uma inflação não tão elevada”, explica.
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