Inflação desacelera em março, mas ovo e café impactam IPCA-15 na RMBH

Impactado principalmente pelos preços do café e do ovo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) desacelerou e apresentou avanço de 0,62% em março frente ao mês anterior. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação registrada na região ficou pouco acima da média nacional (0,64%) e foi o sexto maior resultado mensal entre todas as áreas pesquisadas.
Todos os nove grupos de produtos e serviços analisados apresentaram alta no indicador, com destaque para Alimentação e Bebidas, tradicionalmente um grupo que impulsiona o IPCA-15 para cima, com variação positiva de 1,24% no período. Em seguida vieram:
- Vestuário (0,96%)
- Despesas pessoais (0,96%)
- Transportes (0,40%)
- Saúde e Cuidados Pessoais (0,33%)
- Comunicação (0,31%)
- Habitação (0,27%)
- Educação (0,17%)
- Artigos de residência (0,12%)
No mês de março, os preços do ovo de galinha e do café moído continuaram com a trajetória de alta e registraram inflação de 21,76% e 8,97%, respectivamente. Foram os maiores impactos individuais positivos – ambos com 0,06 ponto percentual (p.p.) – no IPCA-15 e contribuíram para a inflação do grupo de alimentação.
O IBGE também destacou entre as altas nos preços do grupo:
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- mamão (38,66%)
- melancia (25,17%)
- tomate (19,39%)
- leite longa vida (3,25%)
- carne de porco (2,10%)
- e na refeição (0,55%)
Já no grupo Despesas pessoais, a inflação foi impulsionada pela alta nos preços do cinema, teatro e concertos (6,70%). O levantamento também destacou aumentos nos custos com hospedagem (2,72%) e do empregado doméstico (0,57%).
Em Transportes, as altas no custo da passagem aérea (8,70%) e da gasolina (10,54%), foram parcialmente compensadas pela queda no preço do transporte por aplicativo (-4,16%), ônibus intermunicipal (-3,36%) e ônibus interestadual (-3,17%), que ficaram entre as maiores reduções registradas no mês e contribuíram para segurar a inflação do grupo na RMBH.
IPCA-15 da RMBH se aproxima da média nacional em 2025
O IBGE também indicou que a RMBH apresentou variação positiva de 5,89% nos últimos 12 meses, a maior variação do IPCA-15 entre todas as áreas pesquisadas. O resultado também está acima da média do País, de 5,26% no período.
No acumulado do ano, o custo de vida na Região Metropolitana de Belo Horizonte teve alta de 2,04% no indicador, considerado a prévia da inflação oficial. O IPCA-15 da RMBH, no primeiro trimestre de 2025, está próximo da média do País, de 1,99%.
O movimento registrado neste ano é diferente do observado no exercício anterior, quando o indicador belo-horizontino oscilou de forma bastante divergente do índice nacional.
Fatores da RMBH merecem atenção; custo dos alimentos pode cair no final do ano
O economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Izak Carlos Silva, destaca que o IPCA-15 na RMBH conseguiu convergir com a média nacional, influenciado por, dentre alguns fatores, uma menor pressão no preço de Artigos de residência e habitação, grupo que contribuiu para distanciar o índice belo-horizontino do nacional.
“Habitação inclui energia elétrica, gás doméstico e aluguel também. Tivemos agora uma variação que foi menor, em aluguéis, na Região Metropolitana de Belo Horizonte do que no Brasil, o que ajuda a arrefecer essa pressão sobre a inflação”, explica o economista.
Ele aponta a continuidade da convergência do IPCA-15 da RMBH com a média nacional nos próximos meses, mas ressaltou alguns fatores locais a serem observados, que pressionam mais a região metropolitana do que o País, como é o caso do aluguel residencial, o custo do transporte e dos alimentos, como café e ovo.
“O impacto é maior aqui e está muito associado à cadeia produtiva. O maior produtor de café do mundo é Minas gerais, então é onde o preço pesa mais. Também somos um dos maiores produtores de ovo, então aqui acaba sentindo um pouco mais esse efeito”.
Apesar disso, Izak Carlos Silva analisa que, em um primeiro momento, é possível uma menor pressão nos preços dos alimentos, em decorrência da esperada safra de grãos recorde para este ano, com o início da redução nos preços na parte final do ano, já que deve diminuir os custos da cadeia produtiva da agropecuária e pode abaixar o preço das carnes.
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