Inflação na Grande BH cai 0,15% em outubro, influenciada por gasolina e energia residencial
Impactada pelas quedas nos preços da gasolina e da energia elétrica residencial, a inflação da Grande BH caiu 0,15% em outubro, após alta de 0,31% em setembro, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo de Belo Horizonte (IPCA-BH), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No acumulado do ano, o índice está em 3,51%, ficando abaixo da média nacional pela primeira vez em 24 meses.
Das 16 regiões pesquisadas no País pelo IBGE, seis apresentaram queda, sendo a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e a de São Luís (MA), as maiores variações negativas, com decréscimo de 0,15% cada uma.
Em outubro, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados na Grande BH, cinco apresentaram queda. O grupo Transportes registrou a maior redução, 0,85%, puxada pela queda no preço dos combustíveis, que caiu 3,72% no período. A gasolina (-3,97%) provocou o maior impacto individual negativo no índice, em outubro, com queda de 0,21 ponto percentual (p.p.).
Em outubro, a Petrobras anunciou a redução de 4,9% no preço da gasolina vendida às distribuidoras. Com a redução, o preço médio de venda passou de R$ 2,71 por litro para R$ 2,57.
O coordenador da pesquisa do IBGE em Minas Gerais, Venâncio da Mata, chama atenção para a redução do etanol (-3,45%), ainda no grupo de transportes. “A queda do biocombustível impactou o índice em 0,02 p.p., contribuindo para a queda no mês”.
O grupo Habitação também apresentou retração, de 0,57% em outubro. Nesse caso, a queda da energia elétrica residencial (-2,71%) foi a que mais impactou o índice. Conforme relembra o professor de Economia do Ibmec, Ari Francisco, o movimento reflete a mudança da bandeira tarifária vermelha patamar 2, vigente em setembro, para a bandeira vermelha patamar 1, com cobrança adicional de R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos, em vez dos R$ 7,87 do mês anterior.

Por outro lado, o coordenador da pesquisa do IBGE, pontua que o aluguel residencial subiu 1%, impactando o grupo em 0,04 p.p.
Os grupos Comunicação (-0,34%), Vestuário (-0,06%) e Despesas Pessoais (-0,04%) também apresentaram redução. No caso da Comunicação, a queda em 3,41% no preço dos aparelhos telefônicos se refletiu no resultado.
Por outro lado, o grupo Saúde e cuidados pessoais (0,52%), Alimentação e bebidas (0,16%), Educação (0,16%) e Artigos de residência (0,02%) exerceram o maior impacto positivo no mês. “Este mês tivemos um fato curioso. O que mais impactou a alta do grupo de Saúde e cuidados pessoais foi o item Produto para pele que teve alta de 4,44%, impactando o índice”, ressalta Da Mata.
Inflação na Grande BH fica abaixo da média nacional após 2 anos
Com o resultado, o IPCA da RMBH acumula alta de 3,51% no ano, ficando abaixo da média nacional, que está em 3,73%. O mesmo ocorre no acumulado de 12 meses, quando a expansão foi de 4,36% na RMBH, também abaixo do índice nacional, de 4,68%.
O coordenador da pesquisa, Venâncio da Mata, comenta que a gasolina foi o item que provocou o maior impacto individual negativo tanto no mês quanto no acumulado do ano na RMBH.
“No acumulado do ano, a gasolina caiu 3,13% na Grande BH, contra 2,1% na média nacional. E a queda da gasolina este mês, foi a que mais impactou a Região Metropolitana (RMBH) provocando a virada, este mês, de forma que a região ficasse abaixo da média nacional, o que não estava sendo observado anteriormente”, destaca.
O economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Izak Silva, avalia que o resultado é uma boa notícia para a RMBH. “Há um ano vínhamos falando que, em algum momento, haveria uma convergência do nível de preço da Região Metropolitana com o índice do Brasil. É uma sinalização de que a inflação no Brasil deve continuar caindo, já que regiões importantes como a RMBH tendem a puxar esse índice para baixo”, comenta.
Ainda fazendo projeções, Izak Silva acredita que haverá mais redução nos próximos meses. “Estamos esperando mais descompressão no nível dos preços. Nossa expectativa é de que a inflação na Região Metropolitana encerre o ano na casa dos 4,27%, e que a inflação no Brasil encerre em torno de 4,45%”, conclui.
Inflação no País tem menor alta em outubro desde 1998
Em nível nacional, o índice IPCA em outubro avançou 0,09%, bem abaixo da expectativa do mercado, que era de 0,16%. Esse foi o menor resultado para o mês desde 1998.
Segundo a analista de macroeconomia da Invest Smart XP, Sara Paixão, o resultado foi impactado pela mudança da bandeira tarifária da energia elétrica, que passou da vermelha patamar 2 em setembro para vermelha patamar 1 em outubro.
Para dezembro, a expectativa é que seja adotada a bandeira tarifária “amarela”, o que contribuiria para uma dinâmica inflacionária mais positiva no último trimestre do ano, conforme foi evidenciado na ata do Comitê de Política Monetária (Copom).
Já o grupo de Alimentação e bebidas, que vinha em uma sequência de quedas, em função da redução nos preços das commodities alimentícias e na valorização do real frente ao dólar, apresentou estabilidade no mês, o que também contribui para o resultado, segundo a especialista.
“O IPCA de outubro reforça a leitura de que a inflação brasileira está em um processo de arrefecimento, em grande parte pela influência de fatores externos à política monetária. Conforme evidenciado pelo Copom na ata, o mercado de trabalho continua aquecido, o que pode ser um vetor de pressão para inflação, especialmente a de serviços, no médio prazo”, comenta Sara Paixão.
Além disso, a analista ressalta que fatores como a isenção do Imposto de Renda para pessoas que recebem até R$ 5 mil, com descontos para quem recebe até R$ 7.350, além de outras propostas anunciadas pelo governo, aumentam a incerteza sobre a trajetória da inflação no curto e médio prazo.
“Assim, apesar da melhora na dinâmica inflacionária, os indicadores estão em linha com uma postura mais cautelosa do Copom, com abertura para corte de juros apenas no próximo ano”, finaliza.
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