Inflação da Grande BH sobe 0,31% em setembro, impulsionada pela conta de luz

Impulsionado pela alta da energia elétrica residencial, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo de Belo Horizonte (IPCA-BH), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), registrou alta de 0,31% em setembro, após deflação de 0,26% em agosto.
Segundo o IBGE, das 16 regiões pesquisadas, o índice da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) foi um dos sete abaixo da média nacional, de 0,48%. Para o economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Izak Silva, esta é uma notícia positiva para a região. “Estamos performando novamente com o IPCA abaixo do Brasil, o que é, mais uma vez, uma boa notícia para Belo Horizonte e região”, afirmou.
Em setembro, quatro dos nove grupos analisados tiveram variação negativa na RMBH:
- Artigos de residência (-1,08%)
- Transportes (-0,44%)
- Saúde e cuidados pessoais (-0,08%)
- Comunicação (-0,26%)
Por outro lado, cinco apresentaram taxas positivas, com destaque para o grupo Habitação (2,69%).
Conforme lembra o analista do IBGE, Venâncio da Mata, o aumento impulsionado pela energia era esperado, já que, em setembro, não houve mais a incorporação do bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas no mês de agosto.
Com isso, a energia elétrica residencial subiu 7,49% em setembro, destacando-se como o principal impacto individual no índice tanto no mês quanto no ano. De janeiro a setembro, ela acumula alta de 17,25%.
O economista do BDMG lembra ainda da manutenção da bandeira vermelha patamar 2 em setembro. A sinalização indica que os consumidores receberam contas de energia elétrica com adicional de R$ 7,87 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. “Esse foi, disparado, o principal impacto que tivemos na inflação do IPCA de setembro”, afirmou.
Para ele, ainda no grupo Habitação, chama atenção a alta do gás de cozinha (1,77%): “Tivemos dissídio em setembro. Então, distribuidoras e revendedoras reajustaram marginalmente o preço do botijão para compensar o aumento dos salários pagos aos trabalhadores sindicalizados do segmento”.
Além disso, outros quatro grupos apresentaram variação positiva, sem grandes destaques:
- Alimentação e bebidas (0,03%),
- Vestuário (0,76%),
- Despesas pessoais (0,51%)
- e Educação (0,03%).
Em Alimentação e bebidas, itens como frutas (5,59%) e óleos (6,63%) aumentaram em função da sazonalidade. “Quando olhamos para esse grupo, temos poucos itens crescendo. Frutas e oleaginosas, de forma geral, estão associadas à sazonalidade do mês de setembro. Estamos no fim do inverno, com colheitas menores e menor produção de frutos de forma geral”, esclarece Silva.
Já no grupo Vestuário, o item roupas femininas apresentou o maior acréscimo (1,98%), o que o especialista credita à troca de coleções entre as estações.
Inflação na Grande BH acumula alta de 3,66% no ano
Com o resultado, o IPCA da RMBH acumula alta de 3,66% no ano, ficando próximo da média nacional, de 3,64%. Já nos últimos 12 meses, a expansão foi de 5,04%, abaixo do índice nacional, de 5,17%. “Finalmente observamos uma inflação acumulada abaixo da do Brasil”, comenta Izak Silva.
Ele vê o resultado como “bastante positivo”: “A desinflação tem sido puxada na região metropolitana, principalmente, pelo grupo Alimentação e bebidas, que tem apresentado redução no preço de produtos industrializados. Reajustes de energia elétrica e gás de cozinha por aqui também estão entre os menores do Brasil, evidenciando que a convergência esperada, finalmente, chegou”.
No próximo mês, o economista do BDMG acredita que devemos continuar observando inflação. “Porém, [uma inflação] marginalmente menor por conta da mudança da bandeira. O grupo Habitação deverá novamente ser o responsável por pesar a inflação do mês que vem, porém com um índice menor”, analisou.
A expectativa é que, em outubro, o IPCA Brasil fique em torno de 0,25%. “Por aqui, a tendência também continua e devemos observar uma desinflação mais intensa para a RMBH do que no Brasil no próximo mês”, finalizou.
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