Economia

Inflação na RMBH tem a maior alta para o mês de janeiro desde 2016

Inflação na RMBH tem a maior alta para o mês de janeiro desde 2016
Crédito: Charles Silva Duarte / Arquivo DC

Por mais um mês, foi registrada inflação da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Em janeiro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve avanço de 0,8% e foi o maior resultado para o mês desde 2016, quando a alta foi de 1,19%. Com o resultado, a RMBH registra uma inflação de 10,09% se considerados os últimos 12 meses. O maior peso na composição do IPCA ficou por conta da alimentação, cuja oferta de alimentos in natura ficou menor e teve os preços alavancados após as fortes chuvas registradas no mês.

Em janeiro, os principais grupos que apresentaram alta foram vestuário (1,93%), alimentação e bebidas (1,63%) e artigos de residência (1,30%). 

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a variação positiva de 0,8% na RMBH foi a quarta maior no resultado mensal entre as 16 áreas pesquisadas – menor apenas do que Aracaju (0,9%), Rio Branco (0,87%) e Salvador (0,86%). No Brasil, a inflação foi de 0,54% em janeiro e também o maior IPCA para o mês desde 2016.

Já as variações acumuladas em 12 meses foram de 10,09% na RMBH, quinto menor resultado entre as áreas de abrangência da pesquisa, e de 10,38% no Brasil.

A economista do IBGE Luciene Longo explica que embora a maior alta, em janeiro,  tenha sido registrada no grupo de vestuário (1,93%), o maior peso na composição da inflação veio do grupo de alimentação e bebidas (1,63%).

“Apesar da maior alta, o impacto do vestuário é menor na composição, uma vez que os  itens não têm grande peso na composição da cesta de produtos das famílias. Já o grupo alimentação e bebidas tem impacto maior e, em janeiro, foi puxado pela alimentação no domicílio. O subgrupo apresentou aumento de 2,07% e impacto individual no índice de 0,32 ponto percentual”, explicou.

Chuvas

Ainda segundo Luciene, a alta no grupo é resultado das fortes chuvas registradas em janeiro, que afetaram a produção de hortifrútis e o transporte, gerando alta nos preços. 

Conforme os dados do IBGE, ao longo de janeiro, os produtos que apresentaram as maiores altas nos preços foram os tubérculos, raízes e legumes (20,25%), provocando um impacto de 0,17 p.p. no índice.

Os subitens com as maiores variações foram cenoura (49,51%), batata-inglesa (33,06%), banana-prata (16,66%), tomate (15,49%) e alface (13,58%). Em contrapartida, as maiores quedas neste grupo foram vistas na banana-d’água, com redução de 10,12%, carne de porco (5,32%) e mamão (4,82%).

Em relação ao grupo de Vestuário, que teve a maior variação positiva (1,93%), os subitens com maior elevação nos preços foram: bijuteria (3,89%), blusa (3,61%), camisa/camiseta masculina (3,44%), bermuda/short feminino (3,12%) e camisa/camiseta infantil (3,01%). Esse grupo teve um impacto isolado no índice mensal de 0,09 p.p..

Transportes

Mesmo com o grupo Transportes não configurando entre os de maiores variações positivas (0,54%), o impacto dele foi o segundo maior no índice geral de janeiro: 0,12 ponto percentual. O resultado teve como principal influência o aumento no preço do seguro voluntário de veículo (14,86%), que gerou o maior peso individual no índice geral, 0,09 p.p..

No grupo, os subitens com maior variação negativa no mês foram: passagem aérea (-16,50%) e transporte por aplicativo (-15,54%), com impactos no índice de -0,08 p.p. e -0,03 p.p., respectivamente.

“O grupo de transporte não teve uma alta tão grande porque as passagens aéreas e o transporte por aplicativo puxaram a variação para baixo. Mas o aumento no seguro veicular chamou a atenção em janeiro”. 

Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada na RMBH teve como influência os diversos aumentos da gasolina, da energia elétrica e da alimentação. “Ao longo de 2021, tivemos variações muito expressivas em alimentação, gasolina e energia elétrica, que está com sobretaxa devido à escassez hídrica”, explicou. 

No País, índice abre 2022 com desaceleração

São Paulo/Rio de Janeiro – A inflação ao consumidor no Brasil iniciou 2022 em desaceleração, mas com a maior taxa para o mês de janeiro em seis anos, permanecendo acima de 10% no acumulado em 12 meses e mantendo a pressão sobre o Banco Central.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,54% em janeiro, depois de avanço de 0,73% em dezembro, resultado em linha com a expectativa em pesquisa da Reuters de alta de 0,55%.

No entanto, a taxa foi a mais elevada para um primeiro mês do ano desde 2016, quando foi de 1,27%.

No acumulado em 12 meses até janeiro, a alta do IPCA acelerou para 10,38%, depois de ter encerrado 2021 com taxa de 10,06%, bem acima do teto da meta, mostraram os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ontem.

O resultado também ficou em linha com a previsão em pesquisa da Reuters, de alta de 10,39%, e permanece bem acima do teto do objetivo para este ano, que é de 3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

“A alta de preços em janeiro de 2022 mostra uma inflação que está mais disseminada, embora tenha sido menor que em dezembro. Um aumento dos custos como combustíveis e energia, dos custos de produção e prestação de serviços, aluguel mais elevado, tudo isso chega ao consumidor final”, disse o analista do IBGE André Filipe Almeida.

Em janeiro, a maior pressão foi exercida pelo avanço de 1,11% de Alimentação e Bebidas, com a alimentação no domicílio subindo 1,44%, segundo o IBGE. Os principais destaques foram as carnes (1,32%) e as frutas (3,40%), enquanto os preços do café moído subiram pelo 11º mês seguido, a uma taxa de 4,75% em janeiro.

“Janeiro foi um mês marcado por chuvas fortes e isso prejudica culturas e lavouras. No caso do café, houve impacto do clima, estoques menores e expectativa de quebra de safra 2022/2023”, disse Almeida.

O que impediu uma alta mais acentuada do IPCA foram as quedas de 18,35% das passagens aéreas e de 1,23% dos combustíveis, o que levou o grupo Transportes a uma deflação de 0,11% no mês, depois de alta de 0,58% em dezembro.

Os custos da gasolina caíram 1,14% em janeiro, enquanto os do etanol recuaram 2,84% e os do gás veicular tiveram queda de 0,86%. O óleo diesel foi o único a subir em janeiro, com alta de 2,38%.

“As passagens sobem mais no fim do ano e em janeiro elas sazonalmente caem mais. No caso dos combustíveis, especialmente a gasolina, que tem maior peso no IPCA, houve queda promovida pela Petrobras em dezembro e uma alta em janeiro. A queda já chegou ao consumidor e a alta não completou o ciclo”, explicou Almeida.

A pressão inflacionária levou o Banco Central a aumentar a taxa básica de juros Selic na semana passada em 1,5 ponto percentual pela terceira vez consecutiva, a 10,75% ao ano, mas indicando redução no ritmo de ajuste na próxima reunião de política monetária.

Na véspera, o BC demonstrou preocupação com a adoção de políticas fiscais que buscam controlar a inflação no curto prazo, ressaltando que as medidas podem gerar efeito contrário, de alta nos preços.

A pesquisa Focus realizada com uma centena de economistas mostra que a expectativa do mercado é de que a Selic feche este ano a 11,75%, com a inflação em 5,44%. (Reuters)

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