Saúde e combustível pressionam prévia da inflação na RMBH

Sob forte impacto do preço da gasolina, a inflação acelerou 0,42% em maio na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Os dados prévios constam no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), divulgado nesta terça-feira (27), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No período, o avanço na região foi o 5º maior resultado mensal, entre as onze áreas pesquisadas. A inflação na capital mineira também esteve à frente da registrada na média nacional, cujo crescimento foi de 0,36%.
Em maio, todos os nove grupos analisados apresentaram inflação, com o setor de Saúde e cuidados pessoais (0,96%) se destacando com maior aumento percentual.
No período, também avançaram os setores:
- Habitação (0,69%)
- Vestuário (0,60%)
- Artigos de residência (0,56%)
- Despesas pessoais (0,55%)
- Comunicação (0,55%)
- Educação (0,14%)
- Alimentação e bebidas (0,11%)
- Transportes (0,09%)
Em Transportes, a gasolina (1,81%) registrou o maior impacto individual positivo no índice: 0,10 ponto percentual (p.p.). Em contrapartida, o quinto mês do ano foi marcado pela queda da passagem aérea (-18,85%), que contribuiu com o maior impacto individual negativo no índice (-0,09 ponto percentual).
De acordo com a coordenadora do curso de ciências econômicas da PUC Minas, Ana Tereza Lanna, o avanço, especialmente em itens de consumo essencial, como saúde e combustíveis, é preocupante. “O custo crescente com a saúde pode afetar a qualidade de vida e os gastos das famílias. O crescimento precisa ser melhor analisado, já que pode refletir uma dificuldade de acesso ao sistema público de saúde”, pontua.
Com relação à inflação na gasolina, ela acredita que o crescimento pode ser resultado de uma combinação de fatores regionais e macroeconômicos. O combustível, além de apresentar uma alta volatilidade em razão do câmbio, impacta diretamente outros setores da economia como transporte e produção.
Somado a isso, o fato da RMBH ainda ser muito dependente de combustíveis fosseis pode pesar negativamente para a região na comparação a outras capitais brasileiras. “A gasolina é amplamente utilizada, mas em Belo Horizonte o transporte urbano e interurbano é muito dependente de combustíveis fosseis e o impacto no bolso pode ser mais significativo”, acrescenta.
No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação na RMBH somou 5,92%. O resultado é o maior entre todas as áreas de abrangência da pesquisa, além de ser superior à média nacional, que registrou crescimento de 5,40%.
Avanço da inflação deve perder força e beneficiar setor de alimentos
No grupo Alimentação e bebidas destacaram-se em maio a alta nos preços da batata-inglesa (34,67%), da banana-prata (5,33%) e do café moído (3,85%). Por outro lado, o mês foi marcado por quedas no custo do tomate (-17,25%), arroz (-2,58%) e frutas (-1,96%), que contribuíram para evitar uma inflação mais expressiva na região de Belo Horizonte.
Para Ana Tereza Lanna, esse segmento é muito influenciado por flutuações sazonais, como períodos de safra, que também influenciam nos números. “Penso que o avanço da inflação de maneira geral tende a perder força e a tendência é um arrefecimento no crescimento dos preços nos próximos meses, incluindo no grupo de alimentação”, reforça.
Embora não exista perspectiva para redução da taxa de juros, a expectativa é que se mantenha em 4,75% até o final do ano. “Os juros estão elevados porque tem uma perspectiva de inflação fora da meta, e deve ficar assim até que ela ceda e caia para dentro do patamar projetado”, afirma.
Somado a isso, incertezas no mercado internacional, com forte impacto do “tarifaço” promovido pelos Estados Unidos, alavancam as instabilidades a nível global, reduzindo expectativas otimistas a curto prazo. “Essa volatilidade no mercado de capitais provoca uma instabilidade do câmbio e acaba piorando inflação, porque temos muitos produtos cotados em dólar, tanto para exportações quanto importações”, conclui a docente.
Confira as 5 maiores elevações de preços em maio na RMBH
- Batata-inglesa (34,67%)
- Correio (12,02%)
- Cebola (8,6%)
- Oftalmológico (5,78%)
- Colchão (5,57%)
Veja quais produtos apresentaram as maiores reduções de preços
- Passagem aérea (-18,85%)
- Melancia (-17,64%)
- Tomate (-17,25%)
- Laranja-lima (-12,82%)
- Cenoura (-9,58%)
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