Economia

Saúde e combustível pressionam prévia da inflação na RMBH

Avanço na região foi o quinto maior resultado mensal entre as 11 áreas pesquisadas
Atualizado em 27 de maio de 2025 • 20:57
Saúde e combustível pressionam prévia da inflação na RMBH
Foto: Reprodução Freepik

Sob forte impacto do preço da gasolina, a inflação acelerou 0,42% em maio na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Os dados prévios constam no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), divulgado nesta terça-feira (27), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No período, o avanço na região foi o 5º maior resultado mensal, entre as onze áreas pesquisadas. A inflação na capital mineira também esteve à frente da registrada na média nacional, cujo crescimento foi de 0,36%.

Em maio, todos os nove grupos analisados apresentaram inflação, com o setor de Saúde e cuidados pessoais (0,96%) se destacando com maior aumento percentual.

No período, também avançaram os setores:

  • Habitação (0,69%)
  • Vestuário (0,60%)
  • Artigos de residência (0,56%)
  • Despesas pessoais (0,55%)
  • Comunicação (0,55%)
  • Educação (0,14%)
  • Alimentação e bebidas (0,11%)
  • Transportes (0,09%)

Em Transportes, a gasolina (1,81%) registrou o maior impacto individual positivo no índice: 0,10 ponto percentual (p.p.). Em contrapartida, o quinto mês do ano foi marcado pela queda da passagem aérea (-18,85%), que contribuiu com o maior impacto individual negativo no índice (-0,09 ponto percentual).

De acordo com a coordenadora do curso de ciências econômicas da PUC Minas, Ana Tereza Lanna, o avanço, especialmente em itens de consumo essencial, como saúde e combustíveis, é preocupante. “O custo crescente com a saúde pode afetar a qualidade de vida e os gastos das famílias. O crescimento precisa ser melhor analisado, já que pode refletir uma dificuldade de acesso ao sistema público de saúde”, pontua.

Com relação à inflação na gasolina, ela acredita que o crescimento pode ser resultado de uma combinação de fatores regionais e macroeconômicos. O combustível, além de apresentar uma alta volatilidade em razão do câmbio, impacta diretamente outros setores da economia como transporte e produção.

Somado a isso, o fato da RMBH ainda ser muito dependente de combustíveis fosseis pode pesar negativamente para a região na comparação a outras capitais brasileiras. “A gasolina é amplamente utilizada, mas em Belo Horizonte o transporte urbano e interurbano é muito dependente de combustíveis fosseis e o impacto no bolso pode ser mais significativo”, acrescenta.

No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação na RMBH somou 5,92%. O resultado é o maior entre todas as áreas de abrangência da pesquisa, além de ser superior à média nacional, que registrou crescimento de 5,40%.

Avanço da inflação deve perder força e beneficiar setor de alimentos

No grupo Alimentação e bebidas destacaram-se em maio a alta nos preços da batata-inglesa (34,67%), da banana-prata (5,33%) e do café moído (3,85%). Por outro lado, o mês foi marcado por quedas no custo do tomate (-17,25%), arroz (-2,58%) e frutas (-1,96%), que contribuíram para evitar uma inflação mais expressiva na região de Belo Horizonte.

Para Ana Tereza Lanna, esse segmento é muito influenciado por flutuações sazonais, como períodos de safra, que também influenciam nos números. “Penso que o avanço da inflação de maneira geral tende a perder força e a tendência é um arrefecimento no crescimento dos preços nos próximos meses, incluindo no grupo de alimentação”, reforça.

Embora não exista perspectiva para redução da taxa de juros, a expectativa é que se mantenha em 4,75% até o final do ano. “Os juros estão elevados porque tem uma perspectiva de inflação fora da meta, e deve ficar assim até que ela ceda e caia para dentro do patamar projetado”, afirma.

Somado a isso, incertezas no mercado internacional, com forte impacto do “tarifaço” promovido pelos Estados Unidos, alavancam as instabilidades a nível global, reduzindo expectativas otimistas a curto prazo. “Essa volatilidade no mercado de capitais provoca uma instabilidade do câmbio e acaba piorando inflação, porque temos muitos produtos cotados em dólar, tanto para exportações quanto importações”, conclui a docente.

Confira as 5 maiores elevações de preços em maio na RMBH

  1. Batata-inglesa (34,67%)
  2. Correio (12,02%)
  3. Cebola (8,6%)
  4. Oftalmológico (5,78%)
  5. Colchão (5,57%)

Veja quais produtos apresentaram as maiores reduções de preços

  1. Passagem aérea (-18,85%)
  2. Melancia (-17,64%)
  3. Tomate (-17,25%)
  4. Laranja-lima (-12,82%)
  5. Cenoura (-9,58%)
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