Economia

Tomate e café pressionam inflação, e Belo Horizonte lidera alta entre capitais

Em abril, sete dos nove grupos analisados apresentaram inflação, com destaque para “Artigos de residência”, além da contínua elevação do setor de “Alimentação e bebidas”
Tomate e café pressionam inflação, e Belo Horizonte lidera alta entre capitais
Foto: Diário do Comércio/Charles Silva Jr

Com forte impacto do setor de alimentos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) avançou 0,36% em abril. O aumento acelera a inflação em Belo Horizonte e entorno, que em 12 meses, registra alta acumulada de 6,12% – a maior dentre as onze capitais analisadas.

No período, sete dos nove grupos avaliados apresentaram inflação, com destaque para Artigos de residência, que apresentou o maior aumento percentual (1,17%), além da contínua elevação do setor de Alimentação e bebidas, que cresceu 0,66%.

Outros cinco setores também apresentaram elevação:

  • Vestuário (1,12%)
  • Saúde e cuidados pessoais (0,98%)
  • Despesas pessoais (0,73%)
  • Comunicação (0,37%)
  • Educação (0,15%)

Dentre os alimentos, o tomate apresentou o maior impacto individual positivo no índice (18,5%), seguido pelo café (6,97%) e leite longa vida (2,40%). Já nos artigos de residência, o resultado foi influenciado pelos aumentos dos itens de aparelhos eletroeletrônicos (1,99%) e de mobiliários (1,61%).

De acordo com o economista-chefe do Banco BMG, Flávio Serrano, apesar do destaque negativo no acumulado, em abril, a inflação na capital mineira ficou um pouco abaixo da média nacional, cujo crescimento foi de 0,64%. “Ainda assim, é um nível muito alto para a região e o Brasil, já que é superior à meta de 3% do governo federal e isso preocupa”, destaca.

Com relação aos alimentos, a pressão nos preços dos in natura segue preocupando a dinâmica inflacionária brasileira, apesar das perspectivas positivas para os próximos meses. “Com exceção do café, a dinâmica de preços de alimentos são condições de oferta e certamente haverá deflação em alguns produtos ainda nos próximos meses”, pontua.

Em deflação, os grupos de Transportes (-0,55%) e Habitação (-0,18%) contribuíram para atenuar os indicadores de inflação em Belo Horizonte e região durante o mês. Para Serrano, em termos de habitação, a RMBH segue apresentando uma melhor dinâmica na comparação com outras regiões e a média nacional. “A redução observada no preço do botijão de gás e na energia elétrica podem ter contribuído para essa redução”, acrescenta.

Maior desafio é desacelerar inflação no setor de serviços

Até julho, a expectativa, segundo o economista, é de que a alimentação no domicílio apresente comportamento mais positivo, refletindo uma desinflação importante impulsionada pela melhora nas condições de oferta. Já os preços industriais continuam sensíveis à variação do câmbio e ao ambiente internacional, que ainda impõe incertezas quanto a tarifas e cadeias de suprimento.

Entre os preços administrados, o maior desafio citado é a desaceleração da inflação de serviços, que ainda resiste a recuar. “O mais importante é a inflação de serviços, que ainda continua ruim e reforça cenário desafiador do Banco Central para contornar esse ambiente”, reforça.

Com relação a Taxa Básica de Juros (Selic), a projeção, segundo o economista, é de mais um avanço neste ano, chegando a 14,75%. “Acredito que o fim do aperto monetário está próximo e não deve ultrapassar 15% neste ano, como mencionam algumas previsões. ”, conclui.

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