Quem quer ser um influencer? Conheça as vantagens e desafios da produção de conteúdo na internet

Uma das profissões que vem ganhando cada vez mais destaque no mercado nacional é a de influenciador digital. Muitas pessoas veem nessa carreira uma oportunidade para viver da produção de conteúdo na internet e alcançar a ascensão social. No entanto, esse mercado é muito dinâmico e exige dos profissionais maior atenção às novidades e uma postura cada vez mais profissional.
A CCO da agência Chango, Amanda Caliari, afirma que o setor ainda oferece muitas oportunidades para quem deseja se tornar um influencer de sucesso. Porém, ela também destaca que o mercado tem suas dificuldades, principalmente, em relação a produção massiva de conteúdo.
“É uma espécie de corrida por visibilidade, por construção de autoridade e, principalmente, retenção dessa posição de respeito e consistência que muitos criadores de conteúdo conseguem conquistar”, explica.
Para a especialista, a viralização, ou seja, o alcance de grandes números de audiência e engajamento, já não é algo tão difícil. O desafio, segundo ela, está na manutenção destes números elevados com consistência e qualidade de entrega, seja em conteúdo ou em campanhas.
Já o fundador da agência Non Stop, apontado como um dos maiores empresários do ramo na América Latina, João Mendes Miranda, ressalta que, apesar de oferecer muitas oportunidades, esta não é a única forma de se destacar no meio digital. Ele destaca que, além da profissão de influenciador digital, existem outras demandas crescentes em áreas como estratégia de marketing, criação de conteúdo, análise de métricas e implementação de inteligência artificial (IA).
“Quem quiser se tornar um influenciador de sucesso vai encontrar oportunidades, mas também precisa investir em planejamento, autenticidade e conhecimento de ferramentas tecnológicas”, pontua.
Segundo o empresário, o mercado está cada vez mais competitivo, portanto, a diferenciação passa por criar conteúdos relevantes e estabelecer conexões genuínas, além de saber usar dados para entender o que o público realmente quer.
O perfil dos influenciadores digitais que mais atrai o público brasileiro, conforme a pesquisa realizada pelo Opinion Box, em parceria com a Influency.me, é de uma mulher (58%), jovem (62%), que mora no Brasil (89%), possui alcance nacional (84%) e também muitos seguidores nas redes sociais (78%).
Quanto aos assuntos de preferência, o levantamento aponta que os criadores de conteúdos voltados para viagem e turismo são os mais populares, com 41% dos entrevistados seguindo este grupo de creators. Em seguida aparecem: Saúde/fitness (38%), Finanças (35%) e Humor (32%).
Mais da metade (54%) das pessoas disseram que um conteúdo mais confiável tende a chamar mais a atenção. Além disso, 38% apontam que é preciso que o influenciador vá direto ao ponto e 35% dos respondentes destacam a importância de um modelo mais explicativo.
Os vídeos de média duração, entre um e três minutos, são os conteúdos mais populares, sendo o preferido de 27% dos brasileiros. Os outros destaques são os vídeos curtos, com menos de um minuto (23%); os vídeos longos, com mais de três minutos (22%); e os stories (17%).

Relação com o público e com as marcas
Miranda avalia que o cenário no mercado de marketing de influência passou por uma grande evolução. O especialista aponta que, atualmente, as marcas possuem uma melhor compreensão a respeito do potencial das campanhas digitais, além de reconhecerem que profissionais, como os influenciadores ou especialistas em marketing, podem trazer resultados diretos para o negócio.
A compreensão das marcas a respeito da importância desse segmento também é apontada por Amanda Caliari. A CCO da Chango explica que, apesar do criador de conteúdo não ser um vendedor, o ato de atrelar a imagem da marca a uma figura de influência que tenha um “fit” com a essência da marca gera grandes resultados.
Ela relata que algumas marcas ainda possuem dificuldades para aprovar produções mais complexas e arrojadas de campanhas de conteúdo ou publicitárias, que exigem níveis cada vez mais elevados de qualidade, tanto técnica quanto de narrativa, mensagem e conexão com a audiência. “E esse último, a conexão com a comunidade, o creator é quem domina”, completa.
Quanto à relação com o público, Miranda destaca que os consumidores estão mais conscientes de que muitos conteúdos nas redes sociais são patrocinados ou fazem parte de uma estratégia de marketing. Para ele, essa clareza aumenta a cobrança por transparência e por parcerias que façam sentido.
“O público não quer ver apenas publicidade disfarçada, mas sim conteúdos que agreguem algo real. Isso reforça a importância de um relacionamento honesto e bem estruturado entre marcas, profissionais e audiência”, ressalta.
O estudo da Opinion Box e da Influency.me demonstra que 76% dos entrevistados já deixaram de seguir um influenciador por causa do excesso de posts divulgando marcas. Além disso, 45% afirmam que gostam de seguir criadores de conteúdos que se parecem com eles.
A pessoa que deseja ingressar nesse mercado como um influenciador digital deve manter uma postura profissional e ética. Um dado preocupante apontado na pesquisa é que 64% das pessoas relatam ter caído em golpes por indicação de influencers, e 76% concordam que é necessário ter cuidado para não ser influenciado negativamente.
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Rendimento dos influenciadores brasileiros
A pesquisa Creators e Negócios realizada pela agência Brunch, em parceria com a consultora Youpix, aponta que apenas 6,24% dos criadores de conteúdo no Brasil recebem mais de R$ 20 mil por mês, enquanto pouco mais da metade (50,68%) recebe até R$ 5 mil mensais.
Confira a distribuição de rendimento mensal dos creators brasileiros
- Até R$ 2 mil (19,24%);
- Entre R$ 2.001 e R$ 5 mil (31,44%);
- Entre R$ 5.001 e R$ 10 mil (28,73%);
- Entre R$ 10.001 e R$ 20 mil (14,36%);
- Entre R$ 20.001 e R$ 50 mil (4,34%);
- Entre R$ 50.001 e R$ 100 mil (1,36%);
- Acima de R$ 100 mil (0,54%).
O estudo também detalhou a origem da renda desses influenciadores. Dentre eles, 32,52% vivem apenas da criação de conteúdo, uma taxa inferior ao observado em 2023 (37,8%). Apesar da queda, a representatividade dessa atividade segue sendo a maior do estudo.
Já 24,12% dos creators têm sua renda originada tanto da criação de conteúdo quanto de um trabalho fixo, seja com carteira assinada ou como Pessoa Jurídica (PJ).
As outras fontes de renda são: criação de conteúdo para marca própria (15,55%), apenas trabalho fixo (13,55%) e outros meios (13,55%). Isso significa que a maioria ainda necessita de outras fontes de renda para alcançar a estabilidade.
Tendências para o futuro do mercado de marketing de influência
Para Miranda, o mercado deverá registrar um crescimento contínuo nos próximos anos, impulsionado pela tecnologia e pela criatividade. O fundador da Non Stop acredita que, com a evolução da IA, haverá ações cada vez mais personalizadas e focadas nos interesses de grupos específicos.
“Novas profissões vão surgir ou se fortalecer, como analistas de dados, programadores de chatbots e especialistas em automação de marketing. Também espero ver maior integração entre o mundo on-line e o off-line, onde eventos presenciais sejam complementados por experiências digitais imersivas”, diz.
De forma geral, o especialista reforça que o futuro do marketing digital e de influência no País é bastante promissor. Segundo ele, quem estiver preparado para usar as ferramentas certas e entender o comportamento do público terá grandes oportunidades de sucesso nesse mercado.
Já Amanda Caliari explica que, por ser um mercado muito dinâmico, fica difícil fazer previsões muito longevas. No entanto, ela acredita que, no curto e médio prazo, o mercado seguirá se digitalizando cada vez mais.
Para a especialista, colaborações com influenciadores nas mídias tradicionais, como a televisão, serão ainda mais comuns, assim como a consolidação e expansão de novos canais de distribuição e veiculação de conteúdo em plataformas como o Instagram e o TikTok.
“É um mercado muito acelerado e potente, capaz de impactar grandes audiências e consumidores ativos para diferentes plataformas, marcas, produtos e serviços, de uma forma cada vez maior”, conclui.
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