Instituições financeiras elevam as projeções
São Paulo – O JPMorgan revisou para cima várias de suas projeções para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), inclusive para o acumulado de 2021 e 2022, após a divulgação na sexta-feira (24) de que o IPCA-15 de setembro foi o maior desde 1994.
“Mais uma vez, o IPCA-15 surpreendeu para cima. O IPCA-15 de setembro de hoje reforçou que as pressões permanecem em curso – em uma extensão ainda maior do que pensávamos”, disseram em relatório Cassiana Fernandez (economista-chefe do banco no Brasil) e Vinicius Moreira (economista).
A estimativa para a inflação de 2022 foi elevada a 3,9%, de 3,7%, na esteira de efeitos inerciais. Mas o banco ponderou que esse número considera um cenário “mais favorável” com relação às crises de oferta de energia e água, com expectativa de que os níveis de chuva no ano que vem fiquem mais próximos da média histórica.
A meta de inflação de 2022 está em 3,50% e é a que o Banco Central ainda diz perseguir, com o alvo de 2021 (+3,75%) já sendo considerado perdido, já que as expectativas para os preços dispararam para a casa de 8% após vários choques e em meio à retomada na atividade econômica.
O JPMorgan espera agora IPCA de 8,4% em 2021, ante 7,9% do prognóstico anterior. O número esperado para o IPCA de setembro foi elevado para 1,26% sobre agosto (1% na previsão anterior), o que levaria o índice em 12 meses para 10,4%.
“Ainda esperamos alguma desaceleração da inflação, mas menos do que antes, principalmente para outubro”, disseram os economistas. A projeção do IPCA de outubro foi revisada de 0,47% para 0,62%.
“Ambas as nossas revisões de alta foram puxadas principalmente por renovadas pressões de bens duráveis (particularmente o complexo de veículos e peças), preços de alimentos frescos e passagens aéreas”, disseram.
Dinâmica – O Credit Suisse ajustou para cima sua projeção para a alta do IPCA neste ano, a 8,7%, avaliando que o Brasil vive uma dinâmica “muito desfavorável” de inflação. A estimativa anterior do banco de investimento, de apenas uma semana atrás, era de avanço de 8,5% do IPCA em 2021.
Segundo relatório divulgado nesta sexta-feira, assinado por Solange Srour, economista-chefe do banco no Brasil, e Lucas Vilela, economista, o ajuste para cima veio na esteira da divulgação do IPCA-15, que subiu 1,14% neste mês.
Essa foi a alta mais acentuada para um mês de setembro desde 1994, início do Plano Real, e o acumulado em 12 meses chegou a 10,05%, alcançando os dois dígitos pela primeira vez desde 2016.
“No geral, os resultados mostram que uma dinâmica de inflação muito desfavorável está continuando”, escreveram Srour e Vilela. Eles apontaram pressões disseminadas entre os setores, não apenas nos preços de bens, mas também de serviços, com estes apresentando maior demanda e custos mais elevados. (Reuters)
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