Instituto de Terras Raras em Lagoa Santa pode impulsionar a vinda de fábricas para o Brasil

O Instituto de Terras Raras (Cit Senai ITR), situado em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), poderá ser determinante para que o Brasil avance na cadeia produtiva dos minerais raros, fundamentais para a transição energética.
Mantido pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o Cit Senai ITR é um laboratório-fábrica voltado para produzir ímãs de neodímio ferro boro (NdFeB). Desde o fim de 2024, funciona no local uma planta-piloto, que é focada em pesquisa e fabricação em escala de bancada.
Os chamados ímãs permanentes são componentes essenciais para diversos setores, como automotivo, de energia eólica e de equipamentos eletrônicos. A produção mundial é dominada pela China. O Brasil, embora tenha a terceira maior reserva de terras-raras do mundo, ainda não possui uma cadeia estruturada para fabricar esse tipo de material.
O objetivo do Cit Senai ITR é, justamente, demonstrar que o País tem capacidade técnica e elementos raros o suficiente para desenvolver a cadeia produtiva, atuando não só na extração das terras-raras, mas também na fabricação dos imãs magnéticos.
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O laboratório-fábrica está participando, juntamente a outras instituições nacionais de pesquisa, do MagBras, projeto aprovado no programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), no valor de R$ 73,3 milhões, que visa estabelecer uma cadeia produtiva completa de terras-raras no País, para possibilitar a entrada do Brasil como um player importante no cenário mundial.
Segundo o gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) do instituto, José Luciano de Assis Pereira, as instituições vão trabalhar em parceria com 28 empresas para mostrar o ciclo completo da produção dos ímãs permanentes desde a extração mineral.
Cit Senai ITR deve começar a operar em maio e pode fomentar a atração de empresas
Em paralelo ao projeto, o instituto está trabalhando para comissionar os equipamentos da planta-fabril do empreendimento, que deverá entrar em operação a partir de maio.
Pereira diz que a unidade terá capacidade de produzir até 100 toneladas de ímãs magnéticos por ano e destaca que o processo de produção envolverá pesquisas para gerar um produto de valor agregado, mas ressalta que os materiais serão utilizados como protótipos.
Para o gerente, se o projeto em que o laboratório-fábrica está inserido conseguir provar que o Brasil é capaz de produzir os ímãs de terra-raras, resultará em um incentivo para que investidores queiram montar fábricas no País para vendê-los para o mundo inteiro. Conforme ele, existe demanda na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo.
“O Brasil poderia se inserir no mercado com uma boa política industrial e incentivar que investidores instalem fábricas de ímãs permanentes no País e em Minas Gerais”, afirma.
Na visão de Pereira, caso seja identificado o potencial brasileiro para produção de ímãs de terras-raras, Minas Gerais estará em uma posição privilegiada para abrigar empresas. Isso porque o Estado tem diversas reservas de minerais raros, em regiões como o Vale do Jequitinhonha, Poços de Caldas e Araxá.
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