Intenção de compra de imóveis cresce em BH com anúncio de mudanças no Minha Casa, Minha Vida

A intenção de compra de imóveis em Belo Horizonte cresceu significativamente no primeiro quadrimestre de 2025. O percentual de moradores da Capital que afirmam pretender comprar um imóvel nos próximos seis meses subiu de 6% em janeiro para 10% em abril, um salto de 66%. Os dados são do Índice de Confiança no Setor Imobiliário Loft, realizado em parceria com a Offerwise. Esse avanço ocorre no mesmo período em que o governo federal lançou a nova Faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), voltada a famílias com renda mensal entre R$ 8,6 mil e R$ 12 mil.
Segundo informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS 2024), analisadas pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), 122 mil trabalhadores de Minas Gerais estariam habilitados para a nova faixa do programa, que amplia o acesso ao crédito para a classe média com taxas mais atrativas do que as praticadas pelo mercado tradicional.
De acordo com o gerente de dados da Loft, Fábio Takahashi, a intenção de compra de imóveis subiu em todas as classes sociais. “O setor de compra e venda está muito resiliente, mesmo com o aumento da taxa de juros, e agora apresenta até perspectiva de aumento de vendas. A pesquisa aponta que há crescimento da intenção de compra em todas as classes sociais”, afirma.
“A pesquisa traz indícios de que o anúncio teve impacto positivo. Aumentou a confiança da população e a percepção de que este é um bom momento para comprar um imóvel”, revela Takahashi, relacionando o aumento na intenção de compra com o MCMV.
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Além da nova faixa de renda, o programa agora permite o financiamento de imóveis de até R$ 500 mil, com prazo máximo de pagamento de 35 anos (420 meses).
Financiamento mais barato para a classe média no MCMV
Com juros de 10% ao ano mais TR, a nova Faixa 4 do Minha Casa, Minha Vida oferece condições de financiamento mais vantajosas do que as taxas médias do mercado, que giram em torno de 13% ao ano mais TR. Segundo estimativas da Abrainc, essa diferença pode reduzir em até 27% o valor das parcelas mensais.
A presidente da Comissão Estadual de Direito Imobiliário da OAB/MG, Eliza Novaes, prevê que as recentes mudanças no programa vão oferecer previsibilidade financeira mesmo com a alta da Selic e impulsionar o mercado imobiliário local, fomentando a construção civil e a inclusão social em Minas Gerais. “Com juros prefixados em torno de 10% ao ano e prazos longos, o programa oferece previsibilidade e segurança financeira, mesmo diante da alta da Selic”, antecipa Eliza Novaes.
Na prática, uma família com renda de R$ 11 mil que deseja comprar um imóvel de R$ 500 mil poderá pagar uma parcela de R$ 3.300 via Faixa 4. O mesmo imóvel financiado pelo SFH tradicional da Caixa exigiria R$ 3.700 por mês, enquanto um banco privado cobraria R$ 4.200 — valor compatível apenas com uma renda mensal de R$ 14 mil. O governo estima que 120 mil famílias devem ser beneficiadas ainda este ano.
Classe B puxa crescimento na intenção de compra de imóvel
A pesquisa da Loft indica que o crescimento da intenção de compra foi mais expressivo entre as classes A e B, com destaque para a classe B, justamente o público-alvo da nova Faixa 4 do programa Minha Casa, Minha Vida.
“A classe B, que para a gente é a classe média na pesquisa, teve um crescimento importante tanto na intenção de comprar quanto na percepção de que este é um bom momento para adquirir um imóvel. Essa faixa também se mostra mais otimista em relação à sua estabilidade financeira”, afirma Takahashi.
Casas são preferência de compra em BH
Outro dado relevante em Belo Horizonte é que mais de 60% dos interessados em comprar um imóvel preferem casas a apartamentos. Esse pode ser um reflexo do perfil urbano da cidade e do desejo por mais espaço entre os compradores.
“O mercado imobiliário em Belo Horizonte está aquecido de uma forma geral. Temos acompanhado o aumento dos preços tanto na compra e venda quanto no aluguel, o que retroalimenta a intenção de compra”, explica o gerente da Loft.
Nova faixa do MCMV pode beneficiar 1,4 milhão de trabalhadores no País
Segundo dados da RAIS 2024 analisados pela Abrainc, a nova Faixa 4 do MCMV pode habilitar cerca de 1,4 milhão de trabalhadores para o financiamento habitacional em todo o País. A entidade estima ainda que o déficit habitacional entre famílias com renda de R$ 8,6 mil a R$ 12 mil chegue a 1,6 milhão de unidades nos próximos 10 anos.
A expectativa é que a medida impulsione o setor da construção civil, gere empregos, fomente novos lançamentos e movimente a economia. Para a Abrainc, a Faixa 4 representa um avanço relevante diante do déficit habitacional estimado de 7,8 milhões de moradias no Brasil.
Mercado aquecido para compra de imóvel e perspectivas para o ano
Apesar de BH ter apresentado o menor crescimento percentual entre as quatro capitais analisadas (Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte), Takahashi ressalta que as diferenças são mínimas e estatisticamente pouco relevantes.
“O movimento foi bem uniforme. BH já partia de um índice um pouco maior, o que naturalmente limita o crescimento percentual agora”, explica.
A pesquisa também revela que o interesse pela compra de imóveis cresceu enquanto outras decisões de consumo, como compra de carros ou viagens, apresentaram recuo ou estabilidade. “A compra de imóveis foi o único item com variação significativa no período”, diz o especialista.
Com taxas de juros elevadas e crédito mais restrito, o cenário tem favorecido especialmente quem possui recursos próprios. Mas, com a ampliação do Minha Casa, Minha Vida, a classe média agora encontra mais caminhos para entrar no mercado e realizar o sonho da casa própria.
“Além de ampliar o acesso à moradia, o programa impulsiona a construção civil, gera empregos e atrai investidores, fomentando o desenvolvimento urbano e a economia local. É uma oportunidade para Minas Gerais avançar na redução do déficit habitacional e promover inclusão social”, destaca a presidente da Comissão Estadual de Direito Imobiliário da OAB/MG, Eliza Novaes.
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