Intenção de consumo das famílias em BH registra queda de 3,1 pontos em setembro

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) em Belo Horizonte caiu 3,1 pontos em setembro na comparação com agosto (90,7), atingindo 87,6 pontos no mês. Juros altos, cautela dos consumidores, endividamento e dificuldade de acesso ao crédito são alguns dos motivos que podem estar freando a disposição dos consumidores. Entretanto, o cenário é de boas perspectivas para os próximos meses.
Os dados são do Núcleo de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), baseados nas informações da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Frente ao mesmo período de 2024 (95,4 pontos), houve queda de 7,8 pontos. Apesar de estar próxima do patamar de 100 pontos, a confiança das famílias permanece no nível de insatisfação. A queda do indicador na capital mineira veio após quatro meses de ascensão. No País, a intenção de consumo caiu para o menor nível em dois anos, conforme divulgado pela CNC.
Na análise da economista da Fecomércio Gabriela Martins o índice do mês (87,6) é abaixo do nível de satisfação, mas está bem acima da mínima histórica. “Em julho de 2020, no ápice da pandemia, nosso índice chegou a 59,3. Bem abaixo do índice de hoje”, diz.
O relatório mostra que o nível de consumo atual caiu muito em Belo Horizonte, com um recuo de 7,7 pontos, atingindo 68,7 pontos, bem abaixo do nível de satisfação. A maioria dos entrevistados (53,7%) afirmaram que a família está comprando menos, em comparação com o ano passado.
Outro fator de peso foi o subíndice Momento para Duráveis, que caiu para 48,8 pontos (uma redução de 5,0 pontos em relação ao mês anterior), com 75,2% dos entrevistados avaliando que o período é ruim para a compra de bens duráveis.
Dificuldade de acesso ao crédito impacta o consumo
Para 40,9% dos consumidores está mais difícil conseguir empréstimo ou crédito para compras a prazo, em comparação ao ano passado. O índice geral ficou em 88,5 pontos. Segundo a economista da Fecomércio-MG, o consumidor está mais cauteloso e a dificuldade de acesso ao crédito está diretamente ligada a essa retração no consumo imediato. “A preocupação com a renda e o emprego, mesmo que ainda em patamares próximos à estabilidade, influencia essa decisão de adiar gastos maiores”, avalia.
A queda da intenção de consumo, também está relacionada, na avaliação de Gabriela Martins, ao endividamento das famílias, mas o cenário é otimista para o final do ano. “Elas estão endividadas, com dificuldades de acesso ao crédito e estão deixando de consumir agora. Entretanto, estão com intenção de consumir até o final do ano”, diz.
De acordo com o estudo, a perspectiva de consumo subiu 11,4 pontos em relação a 2024 (104,5) e alcançou o valor de 115,9 pontos. Para 73,4% das famílias de Belo Horizonte entrevistadas, o consumo nos próximos meses será maior ou igual ao do segundo semestre do ano passado.
Segundo a economista, o segundo semestre é historicamente melhor para o comércio. Em setembro, já é possível observar uma movimentação para o Dia das Crianças, considerada uma data de grande valor afetivo.
“Os consumidores ainda terão Black Friday e o Natal. Por mais que o comércio não esteja tão aquecido quanto o esperado pelos empresários, a gente tem uma perspectiva boa de que as famílias vão se expor de renda e de crédito para consumir no final do ano”, diz Gabriela Martins.
O crescimento do subíndice de Perspectiva de Consumo, que está acima de 100 pontos e é o maior em mais de um ano, sinaliza que o consumidor de Belo Horizonte tem esperança na melhoria da economia e da sua situação financeira nos próximos meses. “Essa esperança é a força motriz que pode impulsionar a retomada do comércio”, comenta a economista.
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