Intenção de consumo cai 1,5 ponto na Capital

As marcas da pandemia da Covid-19 em seus momentos mais severos e a crise econômica decorrente da situação sanitária ainda persistem, principalmente para aquelas pessoas com rendas mais limitadas. Na capital mineira, por exemplo, essa realidade está demonstrada na última pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF).
O levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG) revelou que, em fevereiro, o índice teve queda de 1,5 ponto em relação a janeiro, fechando em 69,9 pontos. O patamar está aquém da pontuação que representa a satisfação dos consumidores (a partir de 100) e o otimismo frente a novas compras — o índice de satisfação pode chegar até 200 pontos.
O valor de 69,9 pontos é a média geral das famílias respondentes. No entanto, na divisão por valores percebidos, aquelas famílias que recebem até 10 salários mínimos estão mais insatisfeitas e menos otimistas em relação ao consumo no curto prazo, à segurança no emprego atual e à renda como um todo e consequente condição de vida. Juntas, essas famílias respondem por um indicador de 66,7 pontos. A título comparativo, em fevereiro de 2020, mês imediatamente anterior ao início da pandemia, a confiança das famílias com essa renda estava em 92,4 pontos.
No caso das famílias que recebem mais de 10 salários mínimos, o índice está mais próximo de atingir a classificação de satisfação. Em fevereiro, os responsáveis por essas famílias contribuíram para que o ICF da faixa de renda de referência chegasse aos 90,2 pontos. Em fevereiro de 2020, o índice estava em 108,8 pontos, demonstrando que a capacidade de consumo dessas famílias poderia, por exemplo, movimentar o comércio, além da satisfação com as condições de vida e de emprego da época.
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Cenário de insatisfação
Conforme explica o analista de pesquisa da Fecomércio-MG Devid Lima, o cenário da pandemia combinado com a crise econômica mudou o modo de vida da sociedade brasileira e mineira e, consequentemente, alterou o consumo das famílias também. “Com a alta inflação e da taxa de juros, o consumo ficou mais restrito e direcionado aos bens tidos como essenciais, que são a alimentação e a moradia”, afirmou o especialista.
Devid Lima acrescenta que a explicação para a queda do índice também pode estar no receio do consumidor em se endividar, já que, no início do ano, as despesas incluem impostos e aqueles compromissos que foram fechados nos meses de novembro e dezembro, quando acontecem a famosa Black Friday e as festas de final de ano, que movimentam o comércio e o bolso das pessoas que aproveitam a oportunidade para a compra de itens ou presentear familiares e amigos.
Comércio em alerta
Para o comércio, o ICF representa um termômetro para as compras futuras. Caso seja mantido abaixo de 100 pontos a médio prazo e conciliado à inadimplência, os empresários podem sentir alguns efeitos, já que a tendência é de que a aquisição de bens duráveis e semiduráveis caia em detrimento dos itens essenciais, conforme aponta o especialista da Fecomércio-MG. Até o momento, as expectativas da federação não projetam índices acima de 100 pontos.
“Por enquanto, não há. Espera-se que haja uma melhora no índice, levando em consideração o abrandamento da pandemia e o fim das restrições devido à Covid-19, o que deve influenciar positivamente na confiança do consumidor e assim impactar no aumento de procura de serviços e estabelecimentos relacionados ao lazer, como bares, restaurantes, shoppings e outros”, projeta o analista de pesquisa Devid Lima.
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