Intenção de consumo das famílias cresce em Belo Horizonte

A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de Belo Horizonte cresceu 3,7 pontos percentuais (p.p.) na passagem do terceiro para o quarto mês deste ano. Com o avanço, o indicador alcançou 95,4 pontos, o maior nível desde abril de 2019. Os dados são da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG).
Embora ainda permaneça abaixo dos 100 pontos, limite entre insatisfação e satisfação, o índice medido pela entidade aponta uma elevação da confiança dos consumidores belo-horizontinos. Prova disso é que foi a décima terceira alta consecutiva. Além do mais, houve um aumento de 25,5 p.p. do indicador no mês passado, ante abril de 2022.
“O nível de intenção de consumo das famílias observado em abril de 2023 também foi um dos maiores desde o primeiro trimestre de 2020, marcado pelo início da pandemia. Com a retomada do comércio e do setor de serviços, as famílias voltaram a ter confiança no seu cenário atual, seja em questão de emprego, perspectiva profissional ou renda”, destaca a economista da Fecomércio-MG, Gabriela Martins.
Segundo ela, a retomada dos dois setores também aquece o mercado de trabalho. Sendo assim, o nível de desocupação está em um patamar considerado baixo e as pessoas estão voltando a buscar emprego. Além disso, a economista destaca haver um reaquecimento do poder de compra familiar. Dentre os motivos para tal, estão a transferência de renda à população com o novo Bolsa Família do governo federal e a desaceleração da inflação.
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Seis dos sete componentes da ICF sobem
Na composição da Intenção de Consumo das Famílias estão sete itens que podem ser avaliados separadamente. Seis deles apresentaram resultado positivo em abril de 2023.
O índice de emprego atual subiu 4,1 p.p. em relação a março e 24,1 p.p. frente a abril do exercício anterior e chegou a 127,8 pontos. Já o índice de perspectiva profissional teve aumento de 8,7 p.p. na primeira comparação e 39,2 p.p. na segunda e alcançou 122,7 pontos.
Da mesma forma, o índice de renda atual cresceu 4,6 p.p. na passagem de março para abril e 26,6 p.p. entre abril deste ano e o mesmo intervalo do ano passado e atingiu 112,6 pontos. Enquanto isso, o índice de nível de consumo teve um crescimento de 3,8 p.p. e 21 p.p, respectivamente, e assumiu, nesta avaliação, o valor de 72,5 pontos.
Ao mesmo tempo, o índice de perspectiva de consumo subiu 8,2 p.p. se comparado ao terceiro mês de 2022 e 24,1 p.p. em relação ao quarto mês de 2022 e alcançou 100,4 pontos. E, por fim, o índice de consumo de bens duráveis teve um incremento de 0,6 p.p. no primeiro comparativo e 26,8 p.p. no segundo e chegou a 44,5 pontos.
Acesso ao crédito piora e manutenção dos juros pode impactar
Do lado oposto, o índice de acesso ao crédito atingiu 87,2 pontos em abril deste ano e foi o único a registrar queda no confronto mensal, de 4,2 p.p. Na comparação anual, porém, o indicador teve alta de 16,8 p.p.
Gabriela Martins explica que a manutenção da taxa básica de juros da economia (Selic) em 13,75% ao ano pode impactar diretamente nesse índice e atingir os outros. Segundo ela, quando uma família pretende fazer uma compra, principalmente de bens de maior valor agregado, que demandam mais crédito, uma taxa de juros elevada desestimula o consumo.
“Dessa forma, os juros tão elevados geram impacto negativo na confiança das famílias que preferem poupar o seu dinheiro ou fazer outros tipos de investimento ao invés de consumir. Então a confiança para o consumo, principalmente o consumo de longo prazo, que demanda mais crédito, acaba sendo diretamente impactada”, salienta.
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