Intenção de consumo dos brasileiros fica estável em setembro

Após uma tendência de crescimento que já durava desde janeiro do ano anterior, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) apresentou estabilidade no mês de setembro, fechando em 102,6 pontos. Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nesta quinta-feira (21).
Essa é a segunda vez consecutiva que o indicador registra uma pontuação acima dos 100 pontos. Vale lembrar que resultados acima desse valor indicam satisfação dos consumidores.
A perspectiva de consumo para os próximos três meses (0,5%) e o momento para aquisição de bens duráveis (1,9%) foram os grandes destaques, com as maiores elevações no período. Já a perspectiva profissional e o nível de consumo atual caíram 2% e 0,2%, respectivamente.
No ano, todos os indicadores da pesquisa seguem apontando recuperação. Além disso, quatro em cada dez consumidores afirmam que têm intenção de compras nos próximos três meses, essa é a maior proporção já registrada desde março de 2015.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, destaca a alta da projeção de consumo para o último trimestre do ano e a maior segurança no emprego como boas notícias para o varejo. Ele ainda lembra que, além das compras sazonais, os feriados do segundo semestre também costumam impulsionar a intenção de consumo das famílias, o que deve se refletir nas vendas do comércio, dos serviços e do turismo.
Divisão por renda e gênero
Entre as famílias com renda até dez salários mínimos, a intenção de consumo se manteve a mesma de agosto. Já entre as famílias com renda acima de dez salários mínimos o indicador reduziu 0,3%.
O indicador de perspectiva de consumo para os próximos três meses entre os consumidores de renda média e baixa avançou 0,7%, mas caiu 1,3% entre os de renda alta. De acordo com a CNC, essa diferença se deve ao ceticismo das famílias com maior poder aquisitivo em relação ao seu futuro no mercado de trabalho. Já o indicador de perspectiva profissional caiu 2,3% entre esses consumidores.
O avanço na intenção de consumir em setembro, com relação ao mesmo mês do ano passado, foi maior entre as mulheres (24,4%) do que entre os homens (19,2%). A intenção de consumo das mulheres atingiu 101,7 pontos, essa é a primeira vez na série histórica, chegou ao nível de satisfação.
Do público feminino, 40,4% pretende comprar mais nos próximos meses, uma alta mensal de 13,8 pontos percentual (p.p.). Já entre os homens, essa proporção foi de 39,4%, o que representa um avanço de 10,9 p.p.
Consumo de bens duráveis
A percepção para aquisição de bens duráveis está registrando um crescimento de 54,9% na variação acumulada de 2023. A economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, explica que essa melhora está relacionada à redução dos juros e à inflação mais baixa desse tipo de produto.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o menor impacto no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto foi justamente dos preços de artigos como eletrodomésticos e eletroeletrônicos. A inflação anual desses itens despencou de 12,7% em agosto de 2022 para 0,3% no mês passado.
Outra informação interessante é que 43% dos consumidores estão se sentindo mais seguros no emprego atual, maior volume desde janeiro de 2015. “A maior segurança no emprego oferece mais tranquilidade para os consumidores comprarem a prazo”, lembra Izis Ferreira.
A economista aponta que esses dados refletem, principalmente, o momento do mercado de trabalho formal, que ainda apresenta alta nas contratações, apesar da desaceleração no ritmo de criação de novas vagas.
Segundo ela, essa desaceleração faz com que os consumidores olhem com cautela o cenário nos próximos meses, com queda de 2% na perspectiva profissional. “Ou seja, os consumidores indicam que estão olhando com certo ceticismo as possibilidades no mercado de trabalho no futuro”, conclui.
Acesso ao crédito
O início da redução na taxa Selic também impactou positivamente a percepção sobre o acesso ao crédito. A proporção de pessoas afirmando que está mais fácil contratar crédito do que no ano passado subiu 0,8 p.p., chegando a 29,3% do total de entrevistados.
“Embora otimistas, o endividamento e a inadimplência ainda elevados limitam a capacidade de consumo das famílias e os efeitos benéficos de haver mais renda disponível com a desaceleração inflacionária e as políticas de transferência de renda”, pondera. O indicador do nível de consumo atual está em 87,4 pontos, na zona de insatisfação, e apresentou queda de 0,2% no mês.
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