Economia

Intenção de consumo recua em Minas Gerais

Intenção de consumo recua em Minas Gerais
A inflação alta reduz o poder de compra das famílias | Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

A intenção de consumo das famílias mineiras continua negativa. Em janeiro, o índice que mede a intenção de compra apresentou redução de 1,4 ponto, atingindo o valor de 71,4 contra 72,8 pontos registrados em dezembro de 2021. Fatores como a inflação alta, a elevação dos juros e o grande volume do desemprego ajudam a manter o índice em patamares pessimistas. A melhoria da intenção de consumo depende da efetiva recuperação dos empregos e da renda, o que não deve ocorrer no curto prazo.

De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), com o resultado de janeiro o indicador, mais um vez, se manteve no nível de insatisfação, ficando abaixo dos 100 pontos, fronteira que sinaliza otimismo por parte do consumidor. Os resultados integram a pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) elaborada pela Fecomércio-MG, com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Conforme o levantamento, a queda de 1,4 ponto vista em janeiro, frente a dezembro, teve como principais influências a retração nos componentes emprego atual, cuja pontuação recuou de 107,2 para 105,6 pontos; na perspectiva profissional (caindo de 101,9 pontos para 93,0); no acesso ao crédito (saindo de 71,1 pontos em dezembro para 70,7 em janeiro); e na perspectiva de consumo (74,0 pontos para 73,6).

Na pesquisa, apenas dois subitens apresentaram crescimento: renda atual e nível de consumo, com 82,9 pontos e 49,9 pontos, respectivamente.

Pandemia

O economista-chefe da Fecomércio-MG, Guilherme Almeida, explica que a intenção de consumo das famílias seguiu em baixa durante o biênio da pandemia. “O que vem ocorrendo ao longo de 2020 e 2021 é reflexo do cenário. As famílias estão com panorama tanto em termos orçamentários como em perspectivas negativo, vimos isso com o indicador negativo na passagem de dezembro para janeiro”, avaliou.

Com o cenário adverso, há uma pressão sobre os níveis de preços e inflação, o que acaba corroendo o poder de compra das famílias. Ainda tem o encarecimento do crédito.

“No cenário atual, as famílias estão com o orçamento comprometido, e, uma das únicas alternativas, é recorrer a financiamentos, créditos e compras parceladas. Mas este tipo de compromisso está encarecendo com as medidas que vêm sendo adotadas para debelar a inflação. O crédito caro é um obstáculo para o consumo das famílias”,  explicou. 

Ainda segundo Almeida, a alta taxa de desemprego é outro fator que mantém a intenção de consumo das famílias em baixa. “O mercado de trabalho vem em processo de recuperação, mas com uma evolução lenta. Temos muitas pessoas fora do mercado de trabalho, outras que tiveram, por conta da inflação, uma perda do poder de compra já que os salários não acompanharam o aumento dos preços. Isso traz certo pessimismo no que diz respeito à intenção de consumo”.

Perspectivas

Para 2022, a tendência é de consumidores ainda pessimistas em relação às intenções de compras devido à previsão de queda da inflação somente no segundo semestre e manutenção da alta dos juros. 

“No início do ano, ainda temos pressões de itens essenciais na cesta de consumo das famílias, e isso acaba pressionando ainda mais o orçamento. O Banco Central tem adotado uma postura mais ativa para controlar a inflação, aumentando a taxa Selic, que acaba encarecendo o crédito de todas as modalidades praticadas no mercado. As famílias que já têm compromissos abertos ou irão contratar, vão pagar mais por isso, o que traz uma perspectiva mais negativa”.

Ainda segundo Almeida, há uma melhoria no mercado de trabalho, mas, pelo desemprego ainda elevado, há  uma aceleração da retomada do emprego informal. Em geral, o emprego informal paga um salário menor, o que traz uma avaliação mais negativa no que diz respeito às condições de consumo das famílias.

Cartilha orienta contra alta abusiva de preços

Brasília – A dificuldade que agentes dos diferentes órgãos de defesa do consumidor enfrentam para identificar e caracterizar eventuais aumentos abusivos de preços em um sistema de livre concorrência, no qual o valor de bens e serviços é determinado pela oferta e demanda, motivou a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) a criar uma cartilha para nortear a atuação dos agentes públicos, especialmente os ligados aos Procons.

Disponível no site da Senacon, o Guia Prático de Análise de Aumentos de Preços de Produtos e Serviços funciona como uma espécie de roteiro para sanar dúvidas quanto aos mais frequentes indícios de comportamento abusivo por parte dos agentes econômicos.

A publicação também destaca a importância da análise de indicadores de conjuntura no momento em que o agente público tem que decidir se o aumento do preço cobrado por um produto ou serviço é ou não abusivo.

Segundo o coordenador-geral de estudos e monitoramento de mercados da Senacon, Frederico Moesch, só uma avaliação do comportamento de toda a cadeia produtiva pode confirmar se uma repentina alta dos preços se justifica ou não.

“Para o Código de Defesa do Consumidor, aumento abusivo é a elevação sem justa causa dos preços de produtos e serviços. O que é uma definição jurídica em aberto, que deixa espaço para interpretação”, disse Moesch, durante a apresentação do guia. (ABr)

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas