Intenção de consumo sobe com a queda da inflação

A pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), mostrou que o índice subiu 0,8 ponto percentual (p.p.) em relação ao mês de maio, atingindo 98,9 pontos, quase chegando ao nível de satisfação de 100 pontos. O número é o mais alto desde março de 2015.
Queda da inflação e redução dos preços contribuíram para uma maior confiança na capacidade de compra e um aumento na disposição para consumir das famílias.
A melhoria nas intenções de consumo é resultado de dois fatores principais, de acordo com Devid Lima, coordenador do Núcleo de Pesquisa da Fecomércio-MG. “Primeiro, houve uma redução na inflação efetiva, ou seja, os preços dos bens e serviços estão mais estáveis e acessíveis para os consumidores”, diz. Na visão dele, isso contribui para uma maior confiança na capacidade de compra e um aumento na disposição para consumir.
“Além disso, houve também uma redução no nível de preços esperado para o ano. Quando os consumidores percebem que a inflação está sob controle e que os preços não devem subir de forma significativa no futuro próximo, eles tendem a se sentir mais seguros para realizar gastos e investimentos”, explica Lima.
Para o coordenador, é notória a evolução do índice geral de intenção de consumo, rumo à satisfação. Ele ressalta que para entender a elevação, é importante observarmos as melhorias do cenário econômico junto à percepção das famílias sobre o emprego atual, a perspectiva profissional e a renda atual, sendo os principais pontos de otimismo das famílias de Belo Horizonte.
O estudo mostra que dos itens citados pelo coordenador, de perspectiva profissional foi o que mais contribuiu para a oscilação positiva com 138,4 pontos, tendo sido 7,6 pontos acima do que o visto no mês anterior (130,8). Para 67,4% das famílias, a aposta é de que o aumento da renda virá no período de seis meses.
Otimismo em outros grupos
A expectativa de aumento da renda é maior entre o grupo das famílias com renda superior a 10 salários mínimos (76,4%), enquanto, entre as famílias com renda inferior a 10 salários mínimos, 30,1% não acreditam que haverá melhora e 66,0% acreditam que haverá.
Quanto ao emprego atual, 44,4% das famílias sentem-se mais seguras no seu emprego, em relação ao mesmo período do ano passado.
E para 44,8% dos entrevistados, a renda da família está melhor em comparação
com o mesmo período de 2022. Nesse índice no estudo deste mês, o valor passou para 118,9 pontos, resultado 1,6 ponto superior ao obtido na última análise (117,3 p. p.) e 32,5 pontos superior ao mesmo período do ano passado (86,5 p. p.).
A elevação da renda, porém, não se alinha com o índice de emprego que desacelerou 1,3 ponto em relação a maio, embora seja 16,2 pontos maior se comparada com o mesmo período do ano passado.
Acesso ao crédito
A pesquisa também revela que 44,5% dos consumidores acreditam que está mais difícil conseguir empréstimo/crédito para compras a prazo, em comparação ao ano passado. E, 51,8% dos entrevistados afirmaram que a família está comprando menos, em
comparação ao ano passado, enquanto 27,1% afirmaram comprar, atualmente, mais.
Quanto a isso, o coordenador da pesquisa avalia que o acesso ao crédito ainda é um desafio devido aos altos juros. “Apesar das expectativas favoráveis, é necessário superar esses obstáculos para uma recuperação plena do consumo”, analisa.
Outro ponto mais incerto é o consumo de bens duráveis. Para 77,2% dos entrevistados, em termos gerais, atualmente é um mau momento para a compra de bens desse tipo.
Perspectivas
Devid Lima percebe que diversos fatores econômicos estão impulsionando a retomada do consumo nos patamares pré-pandêmicos. Para ele, o aumento de empregos formais tem proporcionado maior renda disponível para os consumidores, gerando confiança e capacidade de arcar com compromissos financeiros.
“Medidas do governo, como estímulos econômicos e programas de auxílio, têm incentivado o consumo. Além disso, a estabilidade econômica contribui para a retomada do consumo, criando um ambiente favorável à recuperação econômica e ao aumento do consumo’, conclui.
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