Inter e Mercantil exploram expertises em acordo

O acordo operacional anunciado entre o Banco Inter e o Banco Mercantil do Brasil, que prevê a operação conjunta de cessão de créditos, promete unir as expertises e complementaridades das duas instituições. O Inter, com posição destacada no varejo digital e expertise em distribuição de ativos, chega com alta qualidade de funding. Já o Mercantil, com experiência no desenvolvimento e estruturação de produtos de varejo bancário, traz um público com expressiva capacidade de originação de ativos de crédito.

Na prática, o acordo compreende na realização de operações de cessão de créditos originadas pelo Mercantil ao Inter, com volume total de até R$ 2 bilhões, e prazo de 18 meses. “A cessão de créditos é uma operação corriqueira e trivial no mercado brasileiro. O diferencial, neste caso, está no montante significativo e no tempo estipulado”, explica o CFO do Mercantil, Paulino Rodrigues.

Segundo ele, a estratégia foi adotada em vistas de atrair o máximo de valor para ambas as instituições. “O Mercantil oferecendo sua capacidade de geração de produtos, por vezes até superior à capacidade de gerar funding, e o Inter, por sua vez, com uma capacidade robusta”, completa.

Rodrigues recorda que a carteira de crédito do Mercantil encerrou 2021 com R$ 8,9 bilhões. Um crescimento de 38% em relação ao ano anterior. O funding evoluiu na mesma velocidade e alcançou montantes próximos. Ele destaca ainda que a rede conta hoje com 300 pontos físicos de atendimento espalhados por oito estados, o que aumenta ainda mais o alcance e capilaridade das operações.

O perfil dos clientes também é outro diferencial. Focado em pessoas com mais de 50 anos, muitas vezes aposentadas ou pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), com elevado potencial tomador de crédito. “É uma complementaridade de expertises e perfis que vai potencializar as operações”, resume.

Procurado, o Banco Inter não comentou o acordo. No ano passado, a carteira de crédito ampliada da empresa, que presta serviços financeiros como crédito, investimentos e seguros e tem operações de varejo, chegou a R$ 18,6 bilhões. O número foi quase o dobro dos R$ 9,4 bilhões de 2020.

O DIÁRIO DO COMÉRCIO procurou analistas financeiros para comentar a operação e o movimento que poderá repercutir no mercado. A maioria considera ainda ser cedo para emitir opiniões.

Já o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila, disse apenas que se trata de uma notícia positiva para as ações das instituições no médio prazo. Apesar disso, as ações do Banco Inter terminaram o dia em baixa, enquanto as do Mercantil do Brasil apresentaram elevação.