Economia

Internacionalização de empresas brasileiras avança

Pesquisa ocorre desde 2006 e é referência internacional sobre processos de internacionalização de negócios
Internacionalização de empresas brasileiras avança
Crédito: Fundação Dom Cabral

A internacionalização das empresas brasileiras é o tema da 16ª edição da pesquisa “Trajetórias FDC de Internacionalização das Empresas Brasileiras” (originalmente denominada Ranking das Transnacionais Brasileiras e Ranking das Multinacionais Brasileiras), realizada pela Fundação Dom Cabral (FDC). O estudo revela que a maioria das empresas da amostra atua no exterior, principalmente por exportação.

Além disso, a presença virtual se estabelece entre as cinco primeiras modalidades mais escolhidas para a internacionalização, ficando somente abaixo de modalidades mais tradicionais – exportação, subsidiária comercial e subsidiária produtiva – e se equiparando à parceria estratégica no exterior. 

De acordo com a pesquisadora do Núcleo de Estratégia e Negócios Internacionais da FDC, Lívia Lopes Barakat, o intenso processo de digitalização da economia nos últimos anos, especialmente durante a pandemia, fez com que as empresas buscassem novas formas de atuar no exterior.

“Um ponto interessante do estudo e que fez com que a metodologia fosse alterada, é a transformação digital e alguns efeitos colaterais da pandemia. Era muito comum que as internacionalizadas fossem do setor de manufatura, de commodities ou serviços, como construtoras, por exemplo. Essas empresas tinham que ter uma estrutura lá fora, como uma planta produtiva ou escritórios com grande volume de pessoas. O investimento direto era alto. Agora empresas menores também estão indo. Às vezes, já começam com o e-commerce, marketplaces, aplicativos e até equipes multilocalizadas. É um movimento disperso e que dispensa grandes estruturas”, explica Lívia Barakat. 

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Tempo médio para internacionalização

As empresas participantes da pesquisa levaram, em média, 20 anos para se internacionalizar. Quando se realiza um recorte entre empresas tradicionais (fundadas antes de 2000) e empresas jovens (fundadas a partir dos anos 2000) é possível ver diferenças significativas na velocidade de internacionalização. As empresas tradicionais levaram, em média, 19 anos para se internacionalizar, enquanto as empresas mais jovens levaram apenas seis anos. 

As startups se internacionalizaram ainda mais rápido, em média quatro anos após sua fundação. Por fim, a média de tempo gasto pelas empresas consideradas Born Global (nascidas globais) é apenas de oito meses após sua fundação, o que mostra como algumas empresas de fato já nascem focadas em atender o mercado internacional.

“Esse é um momento muito propício para as startups porque elas têm facilidade de meios de pagamento, de comunicação e de entrega dos serviços. Elas também são alvo de interesse de muitos programas estatais de desenvolvimento. Elas levam para esses países tecnologia, novos serviços, inovação, e isso tudo contribui para o crescimento dos países que recebem essas empresas”. 

Principais destinos

O país escolhido pelos empreendedores brasileiros para começar o processo de internacionalização não trouxe grandes novidades. Os principais destinos para a primeira internacionalização estão no continente americano, com foco nos Estados Unidos, Argentina e Paraguai. O principal destino fora das Américas para início da internacionalização é Portugal, muito em função dos laços históricos e similaridades culturais com o Brasil. 

A lista dos dez primeiros é composta por:

  • Estados Unidos, 16,0%;
  • Argentina, 13,8%;
  • Paraguai, 12,2%;
  • Uruguai, 6,4%;
  • Portugal, 4,3%;
  • Colômbia, 3,2%;
  • Reino Unido, 3,2%;
  • Angola, 2,7%;
  • Chile, Itália e Peru, com 2,7% cada.

“É bastante comum as empresas escolherem os Estados Unidos pelo tamanho do mercado, Argentina pela proximidade e laços comerciais históricos e Portugal pela língua e por ser uma porta de entrada para a Europa. Mas outros países estão subindo nessa lista, com destaque para o Paraguai, que tem oferecido condições muito atrativas para as empresas brasileiras. O importante é que as nossas empresas se preparem para chegar ao país escolhido. É preciso estudar, conhecer os mercados e não tentar queimar etapas”, completa a pesquisadora da FDC.

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