Economia

Investimentos em energia ultrapassam R$ 30 bilhões em Minas até 2029

Maiores investimentos devem ocorrer entre 2027 e 2028, com destaque para regiões Norte e Triângulo
Investimentos em energia ultrapassam R$ 30 bilhões em Minas até 2029
O aumento no consumo exige ampliação no escoamento de energia | Foto: Toby Melville / Reuters

O setor de energia em Minas Gerais se prepara para receber um dos maiores aportes da história, com destaque para o avanço nas regiões Norte e Triângulo. Entre 2025 e 2029, os investimentos previstos por distribuidoras no Estado somam R$ 31,5 bilhões – o dobro do registrado no quadriênio anterior (2020-2024), quando alcançou R$ 15,7 bilhões.

O montante consta no Plano de Desenvolvimento da Distribuição (PDD) divulgado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Do total, R$ 22 bilhões serão destinados para expansão, R$ 5,2 bilhões para melhorias e R$ 4,1 bilhões em renovação, contemplando importantes iniciativas como a construção de usinas, digitalização da rede e reforma de subestações.

Os maiores investimentos devem ocorrer entre 2027 e 2028, quando a matriz de energia em Minas Gerais deve receber R$ 8 bilhões e R$ 7,8 bilhões, respectivamente. Os números são cerca de 50% superiores ao registrado em 2024 (R$ 5,4 bilhões) e ao total projetado para 2025 (5,2 bilhões).

De acordo com o consultor de mercado de energia da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Sérgio Pataca, os números mostram que o setor voltou a reinvestir na infraestrutura no Estado. Dentre as razões apontadas, está a forte descentralização de geração energética, agora com maior protagonismo de outras regiões fora do eixo metropolitano.

Impulsionado pelo desenvolvimento da agroindústria, o Triângulo Mineiro se destaca nos últimos anos com fortes ampliações na matriz energética. “Entendemos que o consumo precisa chegar para que as distribuidoras invistam em infraestrutura e cidades como Araguari, Uberlândia e Uberaba apresentaram aumento do consumo de energia – especialmente fotovoltaica – graças ao agronegócio”, pontua Pataca.

No Norte de Minas Gerais, o desenvolvimento de geração de energia solar e a necessidade de infraestrutura para escoamento energético para o restante do Brasil colocam a região como outro polo promissor do Estado. “Hoje, Minas pode ser considerado o ‘corredor elétrico’ do Brasil. Se não estiver adequado eletricamente, não conseguirá escoar produção do Nordeste para o Sudeste”, ressalta o consultor.

Planejamento robusto será necessário para evitar estagnação

Para os próximos anos, além de investimentos em transmissão para acompanhar o crescimento da geração de energia, a expectativa é que o País solucione ou minimize problemas relacionados à queda brusca em fontes intermitentes. Com isso, são esperadas melhorias na robustez de matrizes, como eólica e solar, a partir da inclusão de baterias e sistemas de armazenamento.

Além disso, embora seja um potencial regional, o Norte de Minas passará por um período de saturação em função da atual estrutura e do elevado custo de terreno. “As subestações estão saturadas e não aguentam mais geração. As companhias de energia e o governo brasileiro precisam de um plano para aumentar escoamento do Norte de Minas e levá-lo para outras regiões”, avalia o consultor.

Em contrapartida, a previsão é que o Triângulo Mineiro – embalado pelo desenvolvimento econômico regional – amplie a participação no setor energético nos próximos anos. “A região é hoje um dos polos crescentes em razão da agroindústria e o agro é um dos principais carros-chefes da economia de Minas Gerais. Com isso, ainda projetamos um desenvolvimento muito forte no futuro”, ressalta Pataca.

Rádio Itatiaia

Ouça a rádio de Minas