Economia

IPCA-15 acelera para 0,50% na RMBH

Com a variação na primeira quinzena de junho, o índice acumula alta de 11,21% em 12 meses, aponta o IBGE
IPCA-15 acelera para 0,50% na RMBH
Preços de vestuário ajudaram a impulsionar a inflação na RMBH | Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) apresentou em junho um aumento de 0,50% na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Nesta prévia da inflação do mês, o grupo Vestuário teve o maior aumento percentual e o plano de saúde representou o maior impacto individual.

É o segundo índice abaixo de 1% desde janeiro, quando ele registrou 0,97% na região, sinalizando uma redução no ritmo da inflação nos últimos dois meses. Em abril, o IPCA-15 foi de 1,73%, impulsionado pelo preço da gasolina, e em maio, ele desacelerou para 0,41%, com a queda dos preços de energia elétrica.

“A tendência, desde o mês passado, é de redução no ritmo do crescimento da inflação. No mês passado, inclusive, a redução foi maior do que a esperada pelo mercado”, aponta a professora do Departamento de Ciências Econômicas da PUC, Ana Tereza Lanna Figueiredo. “Mas a inflação vai ser alta este ano. Como dizem os economistas, a inflação de 2022 já está contratada. Mas quem acompanha na lupa os índices vê uma perspectiva melhor para os juros”, acrescenta.

Ao mesmo tempo, as fortes pressões externas continuam e as tentativas internas, como a desoneração do ICMS dos combustíveis, acabam sendo neutralizadas pelas variações no mercado internacional.  “No caso do diesel, o impacto é direto no frete e se reflete no preço final do produto distribuído”, explica.

A taxa de câmbio é outra que não dá trégua, diz a professora. “Tinha baixado de R$ 5 e, hoje (sexta-feira), já está a R$ 5,23, o que tende a aumentar os preços aqui dentro, já que praticamente tudo o que é produzido tem um componente importado”, completa.  

No País, a variação mensal do IPCA-15 foi de 0,69%. Já as variações acumuladas em 12 meses foram de 11,21% na Região Metropolitana de Belo Horizonte e de 12,04% no Brasil. O índice para a RMBH foi o terceiro menor resultado mensal entre as onze áreas pesquisadas.

A maior foi em Salvador (1,16%), especialmente por conta da gasolina (4,25%) e do reajuste de 20,97% nas tarifas de energia elétrica. Já a menor alta foi em Belém (0,18%), influenciada pela queda nos preços do açaí (-8,08%) e da gasolina (-1,70%).

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, oito grupos apresentaram variações positivas: Vestuário (2,05%), Saúde e Cuidados Pessoais (1,25%), Transportes (0,64%), Artigos de Residência (0,52%), Comunicação (0,50%), Despesas Pessoais (0,38%), Educação (0,19%) e Habitação (0,08%).  Apenas um grupo apresentou deflação: Alimentação e Bebidas (-0,04%).

A alta no grupo de Saúde e Cuidados Pessoais (1,25%) impactou o índice geral de junho em 0,17 ponto percentual. O resultado se deu principalmente pelo aumento do plano de saúde (2,94%), com impacto de 0,10%, o maior impacto individual no mês, decorrente do reajuste de até 15,50% autorizado pela ANS em 26 de maio. Ainda no grupo, os produtos farmacêuticos tiveram um aumento de 0,94%, com impacto de 0,04 pontos percentuais.

No segmento Transportes, que teve aumento de 0,64%, os destaques foram para a passagem aérea (20,95%), o ônibus intermunicipais (9,34%), o seguro voluntário de veículos (7,75%), o automóvel usado (1,55%) e o automóvel novo (1,11%). Entre os produtos que tiveram quedas, estão o etanol (-4,85%), com impacto de -0,05% no índice, e os do grupo Alimentação e Bebidas (-0,04%).

Os maiores aumentos de preços foram observados nas passagens aéreas (20,95%), feijão carioca (9,78%), ônibus intermunicipais (9,34%), manga (9,18%), mandioca (8,15%), serviços de streaming (8,08%) e seguro voluntário de veículo (7,75%).

As maiores reduções se deram nos alimentos, a começar pela vilã de meses passados, a cenoura, que teve uma baixa de 31,73% no preço em junho. A seguir, vêm a banana-prata (-17,45%), batata-inglesa (-13,95%), tomate (-13,46%), melancia (-10,20%) e banana d’água (-10,10%).

Roupas mais caras

A alta do grupo Vestuário (2,05%) se deu principalmente pelo aumento das roupas (2,49%), impactando o IPCA-15 em 0,08% na RMBH. 

Exemplo da alta de preços no setor é registrado no polo de vestuário em Juiz de Fora, na Zona da Mata, que reúne aproximadamente 170 empresas. Ali a produção está se recuperando, apesar de não mostrar alta significativa este an, em relação ao mesmo período do ano passado.

Mas as peças saíram de fábrica entre 30% e 35% mais caras, informa a presidente do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Juiz de Fora (Sindivest-JF), Mariângela Miranda Marcon. “As empresas ficaram paradas, com os empregados isolados em casa, durante muito tempo, o que tumultuou a cadeia de produção de insumos, que até hoje não se recuperou. Isto se refletiu no aumento dos custos, tanto externos como o de embalagens, mas também da matéria-prima brasileira, como algodão, elástico, fio”, relata a dirigente.  

 “Aqui só houve aumento de produção de meias, o que já foi uma vitória, sinal de que os fabricantes correram atrás para conseguir produzir mesmo em um momento de escassez de matéria-prima”, acrescenta. Apesar de se ressentir dessas dificuldades, o setor aposta na retomada, garante Mariângela Marcon. As expectativas positivas têm razão de ser. “É só ver o que gerou de potencial de negócios o nosso Minas Trend, que foi de quase R$ 30 milhões”, finaliza. 

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