Economia

IPCA-15 de julho na RMBH tem forte desaceleração

Inflação calculada pelo IBGE recuou para 0,08% neste mês contra 0,50% em junho
IPCA-15 de julho na RMBH tem forte desaceleração
A queda da inflação na Grande Belo Horizonte foi puxada pela redução de 6,50% nos preços dos combustíveis | Crédito: REUTERS/Sergio Moraes SM

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação oficial, teve alta de 0,08% em julho na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). O índice representa uma desaceleração de 0,42 ponto percentual diante da taxa de junho, que foi de 0,50% e é o terceiro abaixo de 1% seguido, sinalizando uma redução no ritmo da inflação nos últimos meses.

O resultado para a RMBH foi o quinto menor entre as onze áreas pesquisadas pelo IBGE em julho. No País, a variação mensal foi de 0,13%. Já as variações acumuladas em doze meses foram de 10,67% na RMBH, o terceiro menor resultado entre as áreas de abrangência da pesquisa, e de 11,39% no Brasil.

O grupo Alimentação e Bebidas apresentou o maior aumento percentual (1,89%) e, dentro dele, o leite longa vida, com alta de 28,37%, teve o maior impacto individual positivo no índice, de 0,31 ponto percentual.

Na RMBH, também apresentaram variações positivas os grupos de Vestuário (0,96%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,94%), Despesas Pessoais (0,82%), Educação (0,10%) e Artigos de Residência (0,09%). Três grupos apresentaram deflação: Transportes (-1,64%), Habitação (-1,62%) e Comunicação (-0,35%).

Em alimentação fora do domicílio (1,43%), o lanche aumentou 2,26% e a refeição 1,22%.  A alta do grupo Vestuário (0,96%) se deu principalmente pelo aumento das roupas (1,11%), impactando o índice em 0,04 ponto percentual.

A queda no grupo dos Transportes (-1,64%) foi influenciada pelo recuo nos preços dos combustíveis (-6,50%), em particular da gasolina (-6,87%) e do etanol (-9,72%), com impacto de -0,51 e -0,09 ponto percentual, respectivamente. Já o óleo diesel teve alta de 8,95%.  No grupo Habitação (que teve uma queda de 1,62%), a energia elétrica residencial caiu 5,95% e o gás de botijão 1,64%.

Os produtos que mais aumentaram foram a banana-d’água (34,91%), mamão (34,77%), leite longa vida (28,37%), melancia (20,84%) e passagem aérea (18,56%). Os que mais baixaram o preço foram tomate (-28,56%), cenoura (-17,58%), batata-inglesa (-15,92%), cebola (-12,34%) e etanol (-9,72%).

A desaceleração da inflação, mesmo que discreta, acontece em função de três componentes do cálculo: combustíveis, energia e serviços de comunicação. Não por acaso são aqueles itens que tiveram a alíquota de ICMS reduzida para 18%. O imposto sobre a gasolina em Minas era de 31%; da energia elétrica, 30%; e o da comunicação (telefonia e internet), 27%. 

“A ação do governo teve algum efeito, mas o problema persiste em outros grupos que continuam aumentando de preço, como o de alimentos e o de vestuário”, analisa o professor do Departamento de Economia da PUC Flávio Constantino. Segundo ele, a combinação de fatores que faz os alimentos, por exemplo, aumentarem, permanece. 

A começar pelo fato de que agricultura e pecuária guardam uma estreita relação com o setor externo e, como tal, com os insumos que dependem de importações. Os custos de transporte, mesmo tendo baixado neste mês, ainda impactam os alimentos que chegam agora aos supermercados. 

Destaca-se ainda o fato de as famílias não abrirem mão de produtos de primeira necessidade, como é o caso de alimentos e roupas. “Ou seja, não seria apenas a entressafra a atuar nos aumentos de preço, mas também fatores conjunturais, locais e de comportamento”, define Constantino.  

Neste cenário, as expectativas não são positivas. A inflação, de acordo com o economista, continuará bem acima da meta neste ano. E, ao que tudo indica, ficará acima dos 5% no ano que vem, estourando novamente a meta. O que vai, segundo o professor, obrigar o Banco Central a prosseguir com uma política conservadora e manter a taxa de juros elevada. 

“Isso impacta diretamente o endividamento das famílias e do governo, o poder de compra da população e, consequentemente, as expectativas dos empresários, que não vão querer investir neste cenário”, diz o economista. “O que a economia precisaria para aquecer seria de juros menores, o que infelizmente não vai acontecer”, acrescenta. 

Variação no País é a menor em dois anos

São Paulo – O IPCA-15 desacelerou com força em julho e atingiu a menor variação em dois anos graças ao impacto da redução das alíquotas de ICMS sobre os preços de combustíveis e energia, com a taxa em 12 meses voltando a ficar abaixo de 12%.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) passou a subir 0,13% em julho depois de um avanço de 0,69% em junho, resultado que ficou ainda abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de 0,17%.

A leitura mensal da prévia da inflação oficial, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é a mais baixa desde junho de 2020 (+0,02%).

O alívio levou o índice a acumular em 12 meses inflação de 11,39%, voltando a ficar abaixo de 12%, mas ainda mais de duas vezes o teto da meta oficial para a inflação este ano, que é de 3,5%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA – já abandonada pelo Banco Central.

A expectativa para o dado em 12 meses era de avanço de 11,41%.

“A queda na inflação (em 12 meses) na primeira metade de julho fornece o primeiro sinal claro de que a inflação passou por seu pico e está agora em trajetória de queda”, disse William Jackson, economista-chefe de mercados emergentes da Capital Economics.

O que garantiu a desaceleração da alta em julho foram as quedas dos grupos Transportes e Habitação, respectivamente de 1,08% e 0,78%, graças à lei que estabelece um teto para as alíquotas de ICMS sobre os setores de combustíveis, gás, energia, comunicações e transporte coletivo.

A lei não fixa uma alíquota para o ICMS, mas limita a incidência do tributo para alguns setores a aproximados 17% ao carimbá-los como “essenciais”.

Os dois grupos contribuíram com -0,36 ponto percentual no índice do mês. Os preços da gasolina registraram recuo de 5,01%, enquanto os de etanol caíram 8,16%, de acordo com os dados do IBGE. Já a energia elétrica residencial teve queda de 4,61%.

O resultado indica que a inflação no País pode já ter atingido o pico, mas os efeitos da lei não devem ser duradouros e as projeções para o ano que vem seguem subindo.

Por outro lado, o maior impacto individual no IPCA-15 de julho foi exercido pelo leite longa vida, que disparou 22,27% e levou o grupo Alimentação e bebidas a subir 1,16%.

Com forte peso no bolso do consumidor, alimentos tiveram o maior impacto no índice do mês, depois de os preços do grupo acelerarem a alta em relação à taxa de 0,25% de junho.

Em sua luta contra a inflação elevada no Brasil, o BC aumentou a taxa básica de juros Selic em 0,5 ponto percentual no mês passado, a 13,25% ao ano, e disse que antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude, na reunião de agosto, em movimento que busca esfriar a atividade e a demanda.

O mercado, de acordo com a pesquisa Focus realizada pelo BC, vê o IPCA a 7,30% ao final deste ano e a 5,30% em 2023. (Reuters)

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