Economia

IPCA-15 desacelera a 0,18% em outubro e fica abaixo das projeções

No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 desacelerou a 4,94%, após marcar 5,32% até setembro
IPCA-15 desacelera a 0,18% em outubro e fica abaixo das projeções
Foto: Jorge Silva/Reuters

A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) desacelerou a 0,18% em outubro, após marcar 0,48% em setembro, informou nesta sexta (24) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O novo resultado veio abaixo da mediana das projeções do mercado financeiro, que era de 0,21%, conforme a agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de 0,14% a 0,67%.

A taxa de 0,18% é a menor para meses de outubro em três anos, ou seja, desde 2022 (0,16%).

No acumulado de 12 meses, o IPCA-15 desacelerou a 4,94%, após marcar 5,32% até setembro. A variação até outubro é a menor desde janeiro deste ano (4,5%).

Em relatório, o departamento de pesquisa econômica do Banco Daycoval disse que a surpresa com o IPCA-15 é positiva e reforça o viés de baixa para a inflação deste ano.

Segundo a instituição, serviços e bens industriais mostraram altas menores que as esperadas em outubro.

“Contudo, este resultado não altera nossa expectativa de que a taxa Selic [taxa básica de juros] permaneça em 15% até o fim de 2025”, ponderou o banco.

IPCA-15 e IPCA

Por ser divulgado antes, o IPCA-15 sinaliza uma tendência para os preços no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O IPCA é o índice oficial de inflação do Brasil. Serve de referência para a meta perseguida pelo Banco Central (BC) .

Uma das diferenças entre os dois indicadores é o período de coleta dos preços.

A apuração do IPCA-15 abrange a segunda metade do mês anterior e a primeira do mês de referência.

No caso do índice de outubro, a coleta foi realizada de 16 de setembro a 13 de outubro.

Já o levantamento do IPCA ocorre ao longo do mês de referência. Por isso, o resultado de outubro ainda não está fechado. Será divulgado em 11 de novembro.

Conta de luz e alimentos em baixa

A perda de força do IPCA-15 em outubro foi puxada pela energia elétrica, cujos preços caíram 1,09%, após alta de 12,17% no mês anterior.

A conta de luz havia pressionado o índice em setembro, depois do fim do bônus de Itaipu, um desconto temporário aplicado nas faturas de agosto.

Em outubro, o custo da energia continua sob bandeira vermelha, mas no patamar 1, o que significa uma sobretaxa menor que no patamar 2, que estava em vigor no mês passado.

Ainda de acordo com o IPCA-15, os alimentos voltaram a mostrar redução de preços, mas em um ritmo mais contido.

O grupo alimentação e bebidas registrou leve queda de 0,02% em outubro, a quinta consecutiva. A baixa havia sido de 0,35% em setembro.

Dentro de alimentação e bebidas, os preços da alimentação no domicílio caíram 0,10% em outubro.

Também foi a quinta redução consecutiva, mas em um ritmo menos intenso que em setembro (-0,63%).

Conforme economistas, isso pode indicar que o momento mais favorável para o bolso do consumidor tenha ficado para trás, já que os preços dos alimentos costumam ser pressionados na reta final e no começo do ano.

O IBGE destacou as quedas em outubro da cebola (-7,65%), do ovo de galinha (-3,01%), do arroz (-1,37%) e do leite longa vida (-1%).

Do lado das altas, o instituto chamou a atenção para o óleo de soja (4,25%) e as frutas (2,07%).

“A queda nos preços das commodities e o enfraquecimento do dólar têm aliviado a pressão sobre alimentos e bens industriais”, disse a economista Claudia Moreno, do C6 Bank.

Segundo ela, os dados aumentam a chance de o IPCA encerrar o ano dentro do intervalo de tolerância da meta de inflação, cujo teto é de 4,5%.

Com as surpresas para baixo, o C6 deve revisar sua projeção para o índice oficial de 2025, que está em 5%.

Gasolina em alta

A gasolina, por sua vez, teve aumento de 0,99% nos preços medidos pelo IPCA-15 em outubro. O combustível gerou a principal pressão entre os bens e serviços em alta no índice.

A coleta do IBGE, contudo, ainda não captou o corte no preço da gasolina nas refinarias da Petrobras, que passou a valer na terça (21).

Além da gasolina, serviços como aluguel residencial (0,95%) e passagem aérea (4,39%) também subiram neste mês, apontou o instituto.

Projeções e meta

Na mediana, as projeções do mercado financeiro apontam IPCA de 4,7% no acumulado de 2025. O número consta no boletim Focus mais recente, divulgado pelo BC na segunda (20).

Para o economista Igor Cadilhac, do PicPay, os dados do IPCA-15 colocam um viés baixista para a inflação deste ano. Há, segundo ele, uma “probabilidade moderada” de o IPCA encerrar 2025 dentro do intervalo da meta.

O PicPay cortou sua projeção para o acumulado do ano, de 4,7% para 4,6%.

Em 2025, o BC passou a perseguir a meta de inflação de maneira contínua, abandonando o ano-calendário de janeiro a dezembro.

No novo modelo, o alvo é considerado descumprido quando o IPCA acumulado permanece por seis meses seguidos fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). O centro é de 3%.

O IPCA estourou a meta contínua pela primeira vez em junho. Para conter a inflação, o BC elevou a taxa básica de juros, a Selic, a 15% ao ano.

A Selic de dois dígitos tende a conter o consumo, já que o custo do crédito aumenta. Uma demanda mais fraca, em tese, pode frear o ritmo de alta de parte dos preços.

O efeito colateral esperado é a desaceleração da economia. É algo que provoca reclamações no setor produtivo.

“O que nós temos hoje com essa taxa de juros é um forte freio de mão na economia, aumento do custo do crédito, retardamento dos investimentos e uma forte desaceleração”, afirmou em nota Felipe Queiroz, economista-chefe da Apas (Associação Paulista de Supermercados).

“Os dados de inflação corroboram o entendimento de que o Banco Central já poderia sim reduzir a sua taxa de juros sem prejudicar o controle inflacionário e sem prejudicar também a atividade da economia brasileira”, completou.

(Conteúdo distribuído por Folhapress)

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