Economia

IPCA-15: energia elétrica ajuda a reduzir inflação na Grande BH; entenda

Índice regional ficou abaixo da média nacional e foi impactado pela queda na conta de luz, combustíveis e alimentos
Atualizado em 26 de agosto de 2025 • 19:05
IPCA-15: energia elétrica ajuda a reduzir inflação na Grande BH; entenda
Foto: Tânia Rêgo / Agência Brasil

Puxado pela queda no preço da energia elétrica, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) recuou 0,23% em agosto, na comparação com julho.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a deflação foi maior que a registrada no País, que foi de 0,14%. Das onze regiões analisadas, apenas São Paulo registrou índice positivo (0,13%).

A deflação da RMBH foi puxada, principalmente, pelas quedas nos grupos Habitação (-1,49%), Transporte (-0,42%) e Alimentação e Bebidas (-0,80%), com destaque para a redução de 5,46% na energia elétrica.

Com o resultado, o IPCA-15 da RMBH acumula alta de 3,48% no ano, sendo o segundo maior índice das regiões apuradas, perdendo apenas para São Paulo, que apurou índice acumulado de 3,51%. Na RMBH, o resultado é maior também do que a média nacional (3,26%).

Nos últimos 12 meses, segundo o IBGE, a inflação chegou a 5,31% na RMBH, a maior entre todas as regiões do País. A média nacional para os últimos meses foi de 4,95%.

O economista-chefe do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Izak Carlos da Silva, explica que em tese, o IPCA-15 de agosto viria positivo em função da aplicação da bandeira vermelha 2, mas acabou se revertendo com o bônus creditado de Itaipu.

“Neste mês, passamos a ter uma bandeira vermelha 2, o que em tese geraria a expectativa de um índice positivo, puxado por este aumento. Porém, o crédito do bônus de Itaipu, que é o lucro que a gente obtém do sistema, acabou sendo superior ao incremento da bandeira vermelha 2 e fez com que os preços da energia elétrica ficassem mais baixos”, comenta.

No grupo Alimentação e Bebidas, o economista esclarece que se trata de um setor que tem registrado queda há alguns meses, de forma mais intensa na RMBH do que no restante do País.

“Isso está associado a uma maior demanda e uma tendência de desaceleração da atividade econômica. Em linhas gerais, já começamos a observar indicadores da atividade econômica em Minas Gerais, que estão abaixo dos indicadores do Brasil. Assim, a maior oferta por conta das safras e a menor demanda por conta do desaquecimento da atividade econômica tendem a gerar impactos deflacionários”, pontua.

Repasses da Petrobras impactam preços de combustíveis ao consumidor final

O grupo de Transporte é outro que merece atenção. Segundo Izak Silva, o grupo também registrou deflação, contribuindo para o resultado do índice.

“São números bastante similares, ainda que mais intenso marginalmente no Brasil. E isso se deve à redução do preço de novos veículos, que contou com uma política fiscal expansionista do governo federal, representando um incentivo para aquisição de veículos menos poluentes”, afirma.

Além disso, a redução do preço do petróleo também contribuiu para a queda no preço da gasolina e do diesel. Outro fator diz respeito ao período da safra de cana-de-açúcar, que reduz o preço do etanol. “Aqueles repasses anunciados pela Petrobras lá atrás começaram a chegar na bomba agora”, diz Silva.

Desaquecimento da economia contribui para deflação

Como previsto, a inflação da RMBH está convergindo para os números nacionais, conforme explica o economista do BDMG: “A inflação mais alta na RMBH estava associada ao aumento de custos locais, especialmente à pressão do mercado de trabalho aquecido, ao repasse de salários e aumento de consumo. Agora, estamos observando o efeito contrário: desaquecimento do mercado de trabalho e da demanda por consumo de bens e serviços. Esse desaquecimento começa a se refletir em menor demanda e, portanto, em menores preços também na RMBH”, finalizou.

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