Economia

IPCA-15 registra alta de 0,92% na RMBH

Inflação na 1ª quinzena de janeiro na Grande Belo Horizonte foi a maior entre as 11 áreas pesquisadas pelo IBGE
IPCA-15 registra alta de 0,92% na RMBH
Os alimentos pressionam a taxa de inflação no início do ano | Crédito: CHARLES SILVA DUARTE /Arquivo DC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) da primeira quinzena de janeiro na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) apresentou uma alta de 0,92% e foi o maior resultado mensal entre as onze áreas analisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já as variações acumuladas em doze meses na RMBH foram de 4,93%, o terceiro menor resultado do país.

O IPCA-15 da região metropolitana foi 0,37 p.p. acima da média nacional (0,55%). Os principais destaques foram os grupos de Comunicação com uma elevação de 2,5%, Saúde e Cuidados Pessoais (1,29%) e Alimentação e Bebidas (1,14%). Dentre os produtos, os que mais subiram em janeiro foram os Tubérculos, raízes e legumes (7,4%); Cereais, leguminosas e oleaginosas (5,1%); as Frutas (4,65%); Leitura (3,22%) e Papelaria (3,07%)

Já a variação acumulada em doze meses na RMBH foi de 4,93%, o terceiro menor entre as regiões analisadas e abaixo da média nacional (5,87%). As maiores altas foram de Vestuários (16,49%); Alimentos e Bebidas (13,09%) e o grupo de Saúde e Cuidados Pessoais (12,54%). Por outro lado, Habitação (-6,61%) e Transportes (-3,95%) foram os únicos a registrar queda no acumulado da região.

O economista chefe e coordenador de Estudos Econômicos da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), Guilherme Almeida, aponta para os grupos de Saúde e Cuidados Pessoais, e Alimentação e Bebidas como os mais relevantes para a inflação na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Já o economista da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), Paulo Cazaca, diz que, além dos alimentos, a taxa de água e esgoto também teve forte influência na diferença entre a inflação da região metropolitana e a média nacional.

Almeida destaca o crescimento do índice de difusão em janeiro, que é o percentual de itens que apresentaram um aumento de preço na cesta, passando de 65,7% em dezembro para 67% neste mês. “Isso significa que 67% daqueles itens pesquisados pelo IBGE apresentaram uma elevação de preços durante o período contemplado pela pesquisa”, explica.

Para a economista da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Ana Paula Bastos, essa elevação já era esperada, devido aos reajustes nos impostos que foram artificialmente reduzidos no ano anterior. Ela ainda conta que a inflação deve fechar o mês fora da meta do Banco Central. Bastos também explica que fatores como o período de chuvas no final do ano passado e a entressafra podem ser apontados como os principais causadores da inflação no grupo dos alimentos.

Assim como Bastos, o economista da Fecomércio-MG também considera essa elevação de preços como algo esperado, principalmente nessa passagem entre os meses de dezembro e janeiro, devido aos efeitos da própria sazonalidade. Almeida relata que este mês tende a ser de demanda mais aquecida e reajustes de diversos contratos, como os de planos de saúde e aluguéis; “todos estes acabam tendo seus reajustes na data base de janeiro então isso acaba sendo refletido no indicador de inflação”, completa.

Cazaca conta que em casos como o dos alimentos é mais difícil de prever com exatidão como será o comportamento dos preços, já que o resultado depende de inúmeros fatores como as questões climáticas. Mas ele ressalta que em outros produtos, como os de papelaria, é aguardado um aumento nesse início de ano já que estamos no período de volta às aulas.

Ele também espera que a inflação feche o mês de janeiro próxima do que foi apresentado até agora, desde que não ocorra algo extraordinário, como uma possível seca ou uma forte elevação nos preços dos produtos de papelaria. Seguindo a visão do economista da ACMinas, Bastos também não acredita que a inflação deva fugir do atual rendimento. Já para a próxima quinzena ela conta que pode ocorrer uma pressão sobre os preços de Serviços, influenciada pelo período de carnaval.

Já Almeida conta que a expectativa para este primeiro semestre é de que a inflação continue sendo pressionada, apesar do arrefecimento recente. Ele cita exemplos como o anúncio feito pela Petrobras sobre uma expectativa de recomposição dos impostos, que pode elevar o preço dos combustíveis, principalmente a gasolina, e consequentemente pressionar o indicador de inflação.

Outro fator que pode influenciar os resultados apresentados pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste semestre, segundo Almeida, na visão do economista, principalmente no setor de Serviços, é o reajuste salarial. “Então de certa forma, a gente pode continuar a ver uma pressão sobre o nível de preços nesse primeiro semestre e é claro que o Banco Central irá ficar vigilante com esses níveis de preços, ou seja, ele tende a manter a taxa básica de juros mais alta por mais tempo”, explica.

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