IPCA da RMBH recua 0,21% com gasolina mais barata

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou 0,21% em abril na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) na comparação com março. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira (8).
O resultado é o oitavo menor entre as 16 áreas de abrangência do estudo da entidade. Curitiba (-1,16%), Brasília (-0,58%), Goiânia (-0,53%), Rio Branco (-0,51%), São Luís (-0,44%), Campo Grande (-0,43%) e São Paulo (-0,37%) apresentaram quedas maiores.
No acumulado de 12 meses, o IPCA da RMBH apresentou um crescimento de 2,76%. O número fez com que a região fosse a responsável pelo quinto maior resultado entre os locais pesquisados.
O coordenador da pesquisa em Minas Gerais, Venâncio da Mata, afirma que o recuo no preço da gasolina (-7,56%) foi um dos principais fatores que fizeram com que o IPCA apresentasse queda em abril.
A redução no preço desse combustível foi o que provocou o maior impacto negativo individual do mês (-0,42 pontos percentuais – p.p.). “A gasolina é um item que tem um peso muito grande. Assim, a queda causou um impacto grande no índice”, afirma Venâncio da Mata. Já o etanol recuou 11,83% e impactou o índice em -0,08p.p.
A queda em transportes, ao todo, foi de -2,16%, com impacto de -0,43 pontos p.p. Os preços dos automóveis usados também caíram (-1,43%), com impacto de -0,03 p.p. As passagens aéreas, por sua vez, aumentaram 17,63%, impactando o índice em 0,08 p.p.
Ao contrário do que aconteceu com os preços dos combustíveis, que sofreram influência e caíram por causa das medidas de isolamento social adotadas como forma de conter a propagação do novo coronavírus (Covid-19), o grupo alimentação e bebidas apresentou aumento em abril, de 1,46%, impactando o índice em 0,29p.p.
Conforme destaca Venâncio da Mata, o fato de as pessoas estarem, atualmente, por um período maior em suas casas, fez com que houvesse uma demanda maior pelos itens alimentícios. “É a questão da oferta e da procura”, destaca ele.
Os maiores responsáveis por esse crescimento foram cebola (44,93%), mamão (28,42%), alho (19,16%), ovo de galinha (10,37%), feijão carioca (10,06%), leite longa vida (9,59%), sal e condimentos (9,19%), batata-inglesa (8,10%), café moído (6,02%), arroz (6,00%) e panificados (1,53%).
Já a alimentação fora do domicílio aumentou 1,22%, com destaque para o lanche (3,85%), que provocou um impacto de 0,07p.p.
No entanto, apesar da subida dos valores de alguns produtos alimentícios, Venâncio da Mata destaca que outros apresentaram queda, o que fez com que o crescimento do grupo alimentação, como um todo, não fosse maior.
Os recuos que mais se destacaram foram do tomate (-14,27%), da banana-prata (-8,01%), do queijo (-5,64%), e das carnes (-1,64%), impactando o índice, respectivamente, em 0,05p.p., -0,02p.p., -0,03p.p. e -0,04p.p..
Mais dados – A pesquisa do IBGE mostra ainda que o grupo artigos de residência também apresentou queda, de 0,92%, sendo de -2,81% em eletrodomésticos e equipamentos e de -2,51% em mobiliários. Os impactos, respectivamente, foram de -0,02p.p. e -0.03p.p.
Saúde e cuidados pessoais, por sua vez, apresentou queda de 0,36%. Os produtos farmacêuticos recuaram 1,27%, impactando em -0,05 p.p. o índice.
IPCA recua 0,31% no Brasil, aponta IBGE
Rio e São Paulo – O Brasil registrou deflação em abril, com o índice de preços no menor patamar em mais de duas décadas, uma vez que o recuo de quase 10% dos combustíveis compensou a alta da alimentação no domicílio em meio ao isolamento diante do coronavírus.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu 0,31% em abril, ante variação positiva de 0,07% em março, de acordo com os dados divulgados na sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Essa foi a primeira taxa negativa do IPCA desde setembro de 2019, e a variação mensal mais fraca desde a queda de 0,51% vista em agosto de 1998.
Em 12 meses, a inflação acumulada foi a 2,40%, de 3,30% antes. Assim, vai abaixo do piso da meta de inflação para este ano, de 4% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
As expectativas em pesquisa da Reuters eram de recuo de 0,20% na variação mensal e alta de 2,49% em 12 meses.
As paralisações e o isolamento adotados como medida de contenção do novo coronavírus, bem como a queda do petróleo no mercado internacional vêm registrando pressões divergentes na inflação brasileira.
Ao mesmo tempo em que a escassez da demanda contribui para reduzir os preços dos combustíveis, os custos de alimentação passaram a subir mais.
Os Transportes tiveram a maior queda em abril, de 2,66%, pressionado principalmente pela deflação de 9,59% dos combustíveis. Somente a gasolina teve queda de 9,31% nos preços, exercendo o maior impacto negativo individual no índice.
De acordo com o IBGE, no período de coleta dos dados para a pesquisa houve dois anúncios de diminuição no preço da gasolina. Etanol (-13,51%), óleo diesel (-6,09%) e gás veicular (-0,79%) também apresentaram deflações em abril.
“O maior impacto para a deflação vem dos combustíveis, que têm por trás a queda do Brent e uma disputa por oferta no cenário internacional. Mas tem também um efeito indireto da pandemia por conta da menor demanda por derivados”, explicou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
O grupo dos Artigos de residência apresentou a segunda maior variação negativa no índice do mês, com queda de 1,37%. Ainda se destacam as quedas de 0,22% de Saúde e Cuidados Pessoais, 0,14% de Despesas Pessoais, 0,20% de Comunicação e 0,10% em Habitação.
Alimentos – Na outra ponta, Alimentação e Bebidas acelerou a alta de 1,13% em março a 1,79% em abril, com a alimentação no domicílio subindo 2,24%, de 1,40% no mês anterior.
Os destaques entre as altas ficaram para cebola (34,83%), batata-inglesa (22,81%), feijão-carioca (17,29%) e leite longa vida (9,59%).
“Estamos sentindo esse efeito da pandemia, vimos pressão sobre alimentos em sentindo de alta”, completou Kislanov. “Teve menor oferta de produtos também em abril por problemas climáticos, e maior demanda das pessoas que estão em casa confinadas.”
O Banco Central decidiu na quarta-feira reduzir a taxa básica de juros Selic acima do esperado, à mínima histórica de 3% ao ano, e sinalizou um último corte à frente para complementar o estímulo monetário necessário em meio aos impactos da pandemia de coronavírus na economia.
A pesquisa Focus realizada pelo BC com economistas mostra que a expectativa para este ano é de inflação de 1,97%, com a economia contraindo 3,76%. (Reuters)
Inflação deve ficar abaixo de 2,5% neste ano, estima Itaú
São Paulo – A inflação em 2020 deverá ficar “um pouco abaixo” de 2,5%, piso do intervalo da meta do Banco Central, prevê Julia Araujo, economista sênior do Itaú Unibanco, que informará atualização de cenário na segunda-feira (11).
Por ora, o banco calcula alta do IPCA de 2,7% para este ano. A meta de inflação em 2020 é de 4% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
A revisão se dará, segundo Araujo, pela expectativa de trajetória ainda mais lenta dos preços ao longo do primeiro semestre – que, para o Itaú, fechará com IPCA recuando cerca de 0,10%, primeira deflação para o período.
Já em maio a queda dos preços deverá se aprofundar, com o índice em baixa “em torno de” 0,40%, segundo a economista. “Em maio chegará à bomba nova queda dos preços dos combustíveis, que já tiveram influência em abril. Deveremos ter desaceleração nos preços dos alimentos”, disse ela.
Em abril, o IPCA caiu 0,31%, ante variação positiva de 0,07% em março, de acordo com os dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE.
Araujo ressalva que as baixas leituras para o índice podem estar relacionadas ainda ao método de coleta – agora não presencial e feita por outros meios, como pesquisas realizadas em sites, por telefone ou por e-mail. “Há muitas promoções, os vendedores querendo se desfazer dos produtos.”
Nesse contexto, ela acredita não haver sinais mais evidentes no curto prazo de impacto da desvalorização cambial sobre os preços amplos ao consumidor, embora no atacado já seja possível perceber alguma influência.
“Pode, sim, ter algum repasse (ao consumidor) no segundo semestre”, disse, qualificando a desvalorização cambial como “relevante”.
O real cai 30,2% em 2020 ante o dólar, em termos nominais, pior desempenho entre as principais moedas globais. (Reuters)
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