Economia

IPCA desacelera com queda de energia e tem menor alta para janeiro em mais de 30 anos

A alta dos preços no Brasil iniciou 2024 com a taxa mais fraca para janeiro em mais de 30 anos
IPCA desacelera com queda de energia e tem menor alta para janeiro em mais de 30 anos
Foto: Paulo Santos / Reuters

A alta dos preços no Brasil iniciou 2024 com a taxa mais fraca para janeiro em mais de 30 anos, à medida que uma queda dos custos de energia compensou a pressão de transportes e alimentos, após o Banco Central ter seguido com seu aperto monetário.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,16% em janeiro, de uma alta de 0,52% em dezembro, mostraram dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira.

Essa é a menor taxa para um mês de janeiro desde o início do Plano Real em 1994, e levou a taxa em 12 meses a acumular avanço de 4,56% até janeiro. A inflação encerrou 2024 com alta acumulada de 4,83%, estourado o teto da meta oficial –3,0% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Os resultados de janeiro ficaram em linha com as expectativas de economistas ouvidos em pesquisa da Reuters de uma taxa de 0,16% no mês e de 4,17% em 12 meses.

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A maior influência para a queda da inflação no resultado de janeiro foi, segundo o IBGE, a energia elétrica residencial, que recuou 14,21% em janeiro. Isso levou o grupo Habitação a apresentar deflação de 3,08% em janeiro.

“Essa queda foi decorrência da incorporação do Bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas em janeiro”, explicou o gerente do IPCA Fernando Gonçalves, em referência à distribuição para os consumidores do saldo positivo da hidrelétrica.

Por outro lado, o grupo Transportes apresentou avanço de 1,30% em janeiro por influência das altas de 10,42% em passagens aéreas e de 3,84% em ônibus urbano.

Também pesou o quinto aumento consecutivo do grupo Alimentação e bebidas, de 0,96% em janeiro. A alimentação no domicílio subiu 1,07%, influenciado pelas altas da cenoura (36,14%), do tomate (20,27%), e do café moído (8,56%).

Já o aumento de preços da alimentação fora do domicílio desacelerou a 0,67% em janeiro.

O início do ano foi marcado por preocupações com os preços dos alimentos no governo, que levantou a possibilidade de medidas para reduzir a inflação desse item.

Enquanto Lula afirmou que o governo quer incentivar o aumento da produção no país, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que os preços tendem a se acomodar em 2025 em função da safra forte e do dólar mais baixo e desconversou sobre a possibilidade de adoção de alíquotas de importação menores para alimentos que estejam com preços mais elevados no Brasil.

Também fonte de preocupação, a inflação de serviços em janeiro acelerou a 0,78%, de 0,66% em dezembro, acumulando em 12 meses alta de 5,57%.

O índice de difusão, que mostra o espalhamento das variações de preços, teve no primeiro mês do ano queda 0,4 ponto percentual, chegando a 65%.

Tanto os preços dos alimentos quanto dos serviços estão no radar do Banco Central, além da desvalorização do real, assim como as ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que têm potencial inflacionário.

No final de janeiro, o BC elevou a taxa básica de juros Selic como indicado em 1 ponto percentual, a 13,25% ao ano, e manteve a orientação de mais uma alta equivalente em março, deixando os passos seguintes em aberto.

Na ata desse encontro, o BC elencou a desancoragem das expectativas de inflação, o grau de sobreaquecimento da economia e o impacto de políticas econômicas sobre o câmbio como riscos relevantes para o debate de política monetária.

Reportagem distribuída pela Reuters

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