Economia

IPCA na RMBH em 2022 fica abaixo da inflação oficial do País

Indicador apresentou alta de 4,64% na Grande Belo Horizonte contra 5,79% no Brasil, aponta o IBGE
IPCA na RMBH em 2022 fica abaixo da inflação oficial do País
Com aumento de 150,42% de preço no ano passado, a cebola foi o produto que mais pressionou o IPCA na RMBH | CREDITO: CHARLES SILVA DUARTE

Enquanto a inflação nacional avançou mais do que o esperado, estourando o teto da meta no encerramento de 2022, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) o índice fechou o ano em 4,64%, ficando abaixo do limite máximo de 5% estipulado para o exercício pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Este foi o segundo menor resultado entre as áreas pesquisadas no País e foi puxado pelos grupos de vestuário (18,18%), alimentação e bebidas (13,55%) e saúde e cuidados pessoais (11,99%).

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano que passou, os produtos que mais pressionaram o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foram: cebola, cujos preços avançaram 150,42%; maçã (102,5%), seguro voluntário de veículo (87,92%); batata-inglesa (87,04%) e tubérculos, raízes e legumes (59,49%) no acumulado do exercício.

Ainda conforme o IBGE, na outra ponta, os grupos de habitação (-7,28%), transportes (-4,91) e comunicação (-0,58%) apresentaram deflação e seguraram a pressão dos preços na capital mineira e entorno.

Quando considerado apenas o último mês de 2022, o IPCA da Grande Belo Horizonte aumentou em 0,71%. O índice representou o sexto maior resultado mensal entre as dezesseis áreas pesquisadas em todo o País, cuja variação mensal foi de 0,62%.  Em dezembro, todos os grupos apresentaram variações positivas: vestuário (1,58%); saúde e cuidados pessoais (1,47%); alimentação e bebidas (1,25%); artigos de residência (0,42%); habitação (0,36%); comunicação (0,34%); educação (0,28%); despesas pessoais (0,15%) e transportes (0,14%).

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Entre os produtos com maiores variações no mês, a pesquisa identificou o seguinte: o tomate com avanço de 20,33%, a batata-inglesa com alta de 14,83%, o transporte por aplicativo com incremento de 13,82%, a farinha de mandioca com elevação de 9,95% e o perfume com aumento de 9,63%.

Falta de reajustes da Cemig e Copasa ajudaram a conter o IPCA da Capital

Para o coordenador da pesquisa em Minas Gerais, Venâncio da Mata, alguns fatores foram determinantes para que a RMBH apresentasse o segundo menor resultado entre as áreas pesquisadas no País no decorrer de 2022. Entre eles, a falta de reajustes nas tarifas de energia elétrica e água e esgoto e aumentos consideráveis em passagens aéreas.

Energia elétrica e água e esgoto são subgrupos do conjunto habitação, cujo resultado anual foi de -7,28%. “A energia elétrica residencial na RMBH encerrou o ano com preços 32,49% menores. Neste caso, ainda tem a questão da mudança de bandeira de escassez hídrica e a isenção do ICMS”, diz.

No caso do grupo de transportes (-4,91%), da Mata cita as quedas observadas nos preços da gasolina (-28,92%) e do etanol (-28,52%). “Aqui, a retração ocorreu pela redução dos preços dos combustíveis nas refinarias e, mais uma vez, pela isenção do ICMS desde meados do ano”, completa.

Projeções da inflação para 2023

Já para 2023, o especialista avalia que o cenário inflacionário ainda é uma incógnita. Isso porque muitos produtos que se comportaram como vilões da escalada de preços no decorrer do exercício passado sofreram influência de fatores externos, como a guerra entre Rússia e Ucrânia. Deverá pesar também a política econômica do novo governo, sem contar as questões climáticas – que são imprevisíveis e têm se tornado cada vez mais instáveis.

“O preço do leite longa vida, por exemplo, em 2022, sofreu grande influência do conflito no Leste europeu, devido ao problema com a importação de fertilizantes. O longo período de estiagem também reduziu os pastos, o que elevou ainda mais os gastos com a alimentação animal. No fim do ano passado, já foi possível observar algumas estabilizações e já temos visto queda nos valores do produto. Mas é difícil fazer uma previsão geral para 2023, pois são muitas variantes que a gente não controla”, diz.

Já o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em carta aberta ao ministro da Fazenda e presidente do Conselho Monetário Nacional (CMN), Fernando Haddad, admitiu que, neste ano, a inflação deve ficar acima da meta, que é 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo. Ele afirmou que o BC continuará perseguindo uma inflação mais próxima da meta ao longo deste e dos próximos anos.

“As projeções condicionais do BC são de que a inflação acumulada em quatro trimestres prossiga a trajetória de queda ao longo de 2023, terminando o ano em patamar inferior ao de 2022. Nesse cenário, em 2023, a inflação ainda se mantém superior à meta, em virtude principalmente da hipótese do retorno da tributação federal sobre combustíveis neste ano e dos efeitos inerciais da inflação de 2022”, escreveu Campos Neto.

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