IPCA na RMBH fecha agosto com elevação de 0,43%

A inflação na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) apresentou mais uma alta em agosto. Conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou 0,43% na RMBH.
Apesar da elevação, o índice para a RMBH foi o menor resultado mensal entre as dezesseis áreas pesquisadas no País. A alta foi puxada pela gasolina, item que avançou 2,76% no período. No ano, o IPCA da RMBH acumula alta de 5,06% e nos 12 meses de 9,67%, índice muito acima do topo da meta estimado para o Brasil, que é de 5,25%.
Para setembro, a crise hídrica já provocou novo reajuste da bandeira tarifária da energia elétrica, o que vai impactar em um provável aumento da inflação. Para os próximos meses, a tendência é de novas altas que serão influenciadas, por exemplo, pelos combustíveis, energia elétrica, instabilidade política e não aprovação das reformas necessárias.
De acordo com o IBGE, no País também foi registrada alta na inflação. O IPCA variou 0,87% no oitavo mês do ano, a maior alta para um mês de agosto desde 2000.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
Na RMBH, segundo o coordenador da pesquisa Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE Minas, Venâncio Otávio Araújo da Mata, a alta da inflação aconteceu, principalmente, pelo reajuste da gasolina. A variação foi arrefecida pela queda na tarifa de água e esgoto.
“Em agosto tivemos uma alta de 0,43% na inflação da RMBH. Este foi o menor índice do Brasil, influenciado, principalmente, pela queda da taxa de água e esgoto que ficou 13,73% mais barata, ajudando a desacelerar o IPCA. O principal impacto para o aumento veio da gasolina, que teve reajuste de 2,63%. Como é um produto com peso muito grande no consumo das famílias, acaba influenciando bastante no índice”.
Ao longo de agosto, seis grupos apresentaram variações positivas: Transportes (1,23%), Alimentação e Bebidas (1,05%), Vestuário (0,97%), Educação (0,90%), Artigos de Residência (0,74%) e Despesas Pessoais (0,48%).
Somente três grupos apresentaram deflação: Comunicação (0,26%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,28%) e Habitação (1,13%).
No grupo de Transportes, a alta de 1,23% aconteceu pelo aumento da gasolina (2,76%), causando o maior impacto individual do mês, de 0,18 ponto percentual. Destaque também para os aumentos do etanol (4,07%), do automóvel usado (1,94%), do automóvel novo (1,44%) e do conserto de automóvel (1,42%).
No grupo Alimentação e Bebidas, o aumento foi influenciado pelo clima, maior custo com frete e encarecimento de insumos utilizados na produção de alimentos. Entre os itens que compõem o grupo, as maiores altas foram verificadas nos preços da batata-inglesa (22,10%), do tomate (6,92%), do frango em pedaços (6,43%), do café moído (5,24%), das frutas (3,95%) e das carnes (0,72%).
No grupo de Vestuário, as roupas tiveram um aumento de 1,89%. Em Educação (0,90%), o destaque foi para o aumento do curso de ensino superior (2,38%).
“Nestes grupos, a alta pode ser resultado da retomada das atividades econômicas”, disse da Mata.
Já entre os grupos que apresentaram queda, destaque para o de Habitação. A retração de 1,13% foi influenciada pela queda da taxa de água e esgoto (13,73%). Segundo o IBGE, o resultado se deve à mudança na metodologia de cobrança das tarifas a partir do dia 1º de agosto. Apesar da queda em Habitação, um importante item do grupo, o gás de botijão, apresentou alta de 4,30%.
Próximos meses
A inflação no Brasil deve se manter em alta ao longo dos próximos meses e até mesmo ao longo do primeiro semestre de 2022. Segundo o economista Igor Macedo de Lucena, vários são os fatores que contribuem para a manutenção da alta.
“O que é mais complexo no Brasil é que a inflação se aproxima de dois dígitos, com alta acima de 9% nos últimos 12 meses. A instabilidade política somada às políticas que diminuem os investimentos, inclusive estrangeiros, provocam a alta no dólar, o que encarece as commodities e as matérias-primas. Isso fez com que a inflação, em agosto, fosse a maior em 20 anos para o período. Paralelamente a isso, os sucessivos aumentos da gasolina, etanol e energia elétrica pioram as expectativas”.
Ainda segundo Macedo, o momento inflacionário poderia ter sido amenizado caso as reformas tributária e da máquina administrativa tivessem sido aprovadas. “As reformas não saíram e, se saírem, serão piores do que se imagina. Estes efeitos são muito nocivos para a inflação. As pessoas, sem as reformas, não investem, a cadeia fica superaquecida e a gente tem o aumento dos preços de bens e serviços”.
Para o controle da inflação, segundo Macedo, seria importante que o governo federal atacasse os reais problemas do País. Entre eles estão os monopólios da Petrobras sobre os combustíveis e o da distribuição da energia elétrica.
“A Petrobras decide os preços e não tem concorrência no mercado. Na energia elétrica, o consumidor não é livre para escolher os distribuidores, o que diminui a concorrência e gera o impacto na inflação. Por vários motivos, vamos ter inflação alta nos próximos anos, sem previsão de redução até, pelo menos, metade de 2022, que será um ano de eleições. O processo eleitoral aumenta a instabilidade, que impacta na inflação. De maneira geral, estamos vendo uma situação bastante complexa”, explicou.
Ouça a rádio de Minas