IPCA da RMBH ficou acima da meta em 2023

Nem mesmo a desaceleração do grupo de alimentos e bebidas em 2023 na comparação com o ano anterior impediu que a inflação na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) ficasse dentro da meta do governo federal. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou alta de 5,05% no ano passado, acima da média nacional, que foi de 4,62%, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O índice do País ficou abaixo da meta, o que não acontecia há dois anos. O intervalo da meta da inflação determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) era de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 1,75% e 4,75%.
O coordenador do IPCA em Minas Gerais, Venâncio da Mata, observa que o grupo alimentos e bebidas teve alta de 0,72% em 2023, resultado bem menor que o verificado em 2022, quando a variação foi de 13,55%.
Ele observa que as carnes ficaram 4,86% mais baratas em 2023, assim como leite longa vida (-6,73%), feijão carioca (-12,96%) e cebola (-32,67%). Também está no grupo das quedas óleo de soja (-26,95%) e tomate (-21,90%). Entre as altas verificadas, destacam-se cenoura (60,80%), alface (28,44%) e arroz (20,42%).
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O especialista explica que os grupos alimentação e bebidas e o de transportes são responsáveis pelos maiores pesos do IPCA da RMBH, acima de 20% cada.
“Em 2023, os grupos habitação, com variação de 8,81%, e transportes, com elevação de 7,68%, foram os grupos que mais se destacaram em termos de alta”, diz. Entre os grupos analisados pelo IBGE na RMBH, a única queda no ano passado foi para artigos para residência. O recuo foi de 1,85%.
No grupo transporte, destaca-se a alta de 55,83% da passagem aérea e do emplacamento e licença, com elevação de 42,11% em 2023. Da Mata lembra que o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) teve reajuste em 2023, diferentemente do que aconteceu em 2022, quando foi aplicado o mesmo valor do ano anterior para o imposto como uma medida para aliviar os impactos econômicos causados pela pandemia da Covid-19. Em 2023, o índice voltou a ser atualizado.
Em 2023, abastecer o veículo com gasolina na RMBH ficou 10,58% mais caro, enquanto que o etanol teve queda de 10,80%. O óleo diesel teve queda de 7,18%. Fazer o seguro voluntário de veículos ficou 33,74% mais barato, bem como comprar um carro usado, que teve queda de 4,20%.
O especialista em educação financeira no Grupo Suno e colunista do DIÁRIO DO COMÉRCIO, o economista Guilherme Almeida, observa que no grupo habitação se destaca a alta de 27,97% da energia elétrica residencial, muito acima da média brasileira, que ficou próximo a 9,5%.
“Tivemos ainda o aumento da taxa de água e esgoto, que subiu 14,6% regionalmente; o condomínio, que subiu 2,9%, e o aluguel residencial, com aumento de 3%. Por outro lado, tivemos uma deflação do botijão de gás, que é importante principalmente para as famílias de baixa renda, com queda de 10,34%”, analisa.
IPCA da RMBH em dezembro é maior que o índice brasileiro
Em dezembro de 2023, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), teve alta de 0,80%, superior ao resultado de novembro do mesmo ano, quando a variação foi de 0,27%. A alta na região foi maior que a contabilizada para o País, que teve elevação de 0,56%.
Todos os nove grupos analisados pelo IBGE apresentaram alta no último mês do ano passado, com destaque para alimentação e bebidas, com elevação de 1,89%, seguido pelo vestuário (1,45%) e artigos de residência (1,09%).
O grupo transportes apresentou elevação de 0,70% e saúde e cuidados pessoais apresentou incremento de 0,47%. As despesas pessoais contabilizaram elevação de 0,35% e o grupo educação, de 0,25%. As menores variações foram do grupo comunicação (0,13%) e habitação (0,03%).
Por itens, destacaram-se em termos de alta do IPCA da RMBH em dezembro passado batata-inglesa, que teve elevação de 29,15%, e o feijão carioca, com alta de 17,69%. As passagens aéreas foram o destaque do grupo transporte com aumento de 16,70%.
Entre as quedas, os destaques foram para banana d’água, com recuo de 9,94%, seguido pela manga, que ficou 8,80% mais barata. O plano de telefonia fixa teve queda de 4,51% em dezembro passado, conforme o IBGE.
Tendência
O especialista em educação financeira no Grupo Suno, o economista Guilherme Almeida, destaca que para o início de 2024 há aspectos sazonais que devem ser considerados e que interferem no resultado da inflação. “Ela costuma ser mais acentuada no fim de ano, em especial, em novembro e dezembro, bem como no início do ano, com destaque para os meses de janeiro e fevereiro”, diz.
Entre as pressões típicas do início do ano, ele reforça os reajustes dos aluguéis e das escolas particulares, além do impacto do material escolar. “Além do mais, o IBGE indicou uma possível redução da safra e ainda há as questões climáticas que devem pressionar os alimentos”, observa.
Para ele, ao longo de 2024, em um primeiro momento, ele não vê nenhum impacto relevante que faça a inflação sair do controle, instigando o Banco Central (BC) a pressionar a política monetária, aumentando os juros. “Pelo contrário, eu acho que há espaço para continuar com a redução da Selic”, diz.
O economista afirma que as pressões pontuais na inflação devem ocorrer, mas não devem acontecer na mesma intensidade que em 2022 e em 2023. “O principal componente de atenção é justamente a questão climática associada ao fenômeno El Niño”, conclui.
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