IPCA sobe 0,73% na RMBH em fevereiro, com pressão da gasolina

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,73% em fevereiro frente a janeiro na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
A alta foi impulsionada, sobretudo, pelo aumento do preço da gasolina (5,90%), que apresentou o maior impacto individual positivo no índice (0,32 ponto percentual – p.p.). Assim, o avanço em transportes foi de 2,43%, com impacto de 0,47 p.p. Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O aumento da gasolina tem um peso considerável no consumo das famílias”, diz o coordenador da pesquisa em Minas Gerais, Venâncio da Mata, que lembra ainda que o grupo educação (3,39%) também impactou os resultados de fevereiro de forma representativa (0,16 p.p.).
“No grupo educação, houve um reajuste anual das mensalidades dos cursos regulares (4,46%), que são comuns nesta época do ano. O que ocorreu em 2021, além de reajuste, foi que muitos descontos dados no ano passado, por conta da pandemia, foram retirados”, destaca ele.
Nesse cenário, houve aumento de preços também em ensino fundamental (7,30%), ensino médio (6,74%), pré-escola (4,64%), creche (3,89%) e ensino superior (3,21%).
Na variação acumulada dos últimos 12 meses, o IPCA já soma um aumento de 5,37% na RMBH. Segundo Venâncio da Mata, esse incremento está muito ligado ao aumento dos produtos alimentícios ao longo de 2020, embora tenha sido visto um movimento de redução em fevereiro.
Os dados do IBGE mostram que o grupo alimentação e bebidas registrou queda de 0,86% no segundo mês do ano, impactando o índice em -0,19 p.p. O resultado foi puxado pela retração, sobretudo, da batata-inglesa (-20,53%), do tomate (-16,00%), das frutas (-6,93%) e da carne de porco (-4,19%), com impactos, respectivamente, de -0,08p.p., -0,05p.p., -0,09p.p. e -0,04p.p. Por outro lado, hortaliças e verduras apresentaram alta de 6,68% e açúcar cristal de 5,38%.
“No mês de fevereiro, houve uma mudança em relação ao grupo alimentação e bebidas, pois foi registrada queda. No entanto, nos outros meses foi observado um aumento considerável nesse grupo, principalmente em itens como a carne e o óleo de soja, muito por escassez de produtos no mercado interno. Estava havendo uma exportação muito grande desse tipo de produto”, diz o coordenador, lembrando que a situação já está se regularizando.
Outros grupos – Os dados do IBGE também mostram que o grupo artigos de residência apresentou um incremento de 1,08%, puxado sobretudo pela alta em aparelhos eletroeletrônicos (1,52%). O incremento em vestuário foi de 0,83%, com destaque para calçados e acessórios (1,41%).
Em saúde e cuidados especiais, foi registrado um aumento de 0,78%, puxado pelos produtos para pele (3,94%), perfume (3,32%), produtos farmacêuticos (0,95%) e planos de saúde (0,69%).
Já os aumentos do gás de botijão (2,90%) e do aluguel residencial (0,45%) ajudaram a puxar os números do grupo habitação para cima (0,51%).
IPCA avança 0,86% em fevereiro
Rio e São Paulo – A inflação oficial brasileira chegou em fevereiro ao nível mais alto em cinco anos para o mês e se aproximou em 12 meses do teto da meta, com a disparada dos preços da gasolina.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) disparou a uma alta de 0,86% em fevereiro ante 0,25% no mês anterior, de acordo com os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A leitura representa a taxa mais elevada para um mês de fevereiro desde 2016 (+0,90%), e também ficou acima da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,72%.
Com isso, a inflação em 12 meses até fevereiro chegou a 5,20%, de 4,56% no mês anterior, aproximando-se do teto da meta do governo para este ano, que é de 3,75% com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
A expectativa para o resultado em 12 meses do IPCA até fevereiro era de uma alta de 5,06%.
“Estamos em um patamar elevado de inflação nos últimos meses, e a inflação em 12 meses é a maior desde 2017”, disse o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
Em fevereiro o maior impacto individual veio da alta de 7,11% da gasolina, com participação de cerca de 42% no resultado final, segundo o IBGE.
“Temos tido aumentos no preço da gasolina, que são dados nas refinarias, mas uma parte deles acaba sendo repassada ao consumidor final. Esses aumentos subsequentes no preço do combustível explicam essa alta”, explicou Kislanov.
Os preços do etanol ainda subiram 8,06%, enquanto os do óleo diesel avançaram 5,40% e do gás veicular tiveram alta de 0,69%. Com isso, os preços do grupo Transportes subiram 2,28% em fevereiro, de 0,41% em janeiro.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta em fevereiro, sendo que a maior variação foi apresentada por Educação, de 2,48%, com reajustes de início de ano e retirada de descontos aplicados ao longo do ano passado no contexto de suspensão das aulas presenciais por conta da pandemia, segundo o IBGE.
O grupo Alimentação e bebidas desacelerou a alta a 0,27% em fevereiro de 1,02% no mês de janeiro, no terceiro mês de enfraquecimento do avanço dos preços em meio às quedas nos preços da batata-inglesa (-14,70%), do tomate (-8,55%), do leite longa vida (-3,30%), do óleo de soja (-3,15%) e do arroz (-1,52%).
“A desaceleração dos alimentos pode ter a ver com o fim do auxílio emergencial, reduzindo a demanda por produtos como o arroz”, disse Kislanov.
A inflação de serviços, setor que vem apresentando as maiores dificuldades de retomada por conta das medidas de isolamento social e agora enfrenta uma piora do cenário da pandemia no País, atingiu a taxa de 0,55% em fevereiro, de uma variação positiva de 0,07% em janeiro. (Reuters)
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