IPCA sobe 9,08% em 12 meses na RMBH

A inflação na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) manteve a trajetória de elevação em junho. No mês passado, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou alta de 0,42% frente a maio, elevando para 3,87% a inflação acumulada no primeiro semestre de 2021 e para 9,08% nos últimos 12 meses. Combustíveis, medicamentos e energia elétrica continuam liderando o aumento dos preços na Grande BH.
Os dados foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e revelam ainda deflação de 0,15% no grupo de Alimentação e Bebidas. Apesar disso, de acordo com o coordenador da pesquisa em Minas Gerais, Venâncio da Mata, não é possível fazer projeções acerca do comportamento dos preços no segundo semestre, tampouco no encerramento do ano.
“Fatores como variação cambial e preço do barril de petróleo podem influenciar bastante. É preciso aguardar e acompanhar. Enquanto isso, o Banco Central (BC) segue elevando a taxa básica de juros (Selic), justamente, em vistas de conter a inflação”, explica.
No mês, o índice da RMBH representou o quinto menor resultado mensal entre as 16 áreas pesquisadas. No País, a variação mensal foi de 0,53%. Já os 9,08% observados na RMBH nos últimos 12 meses representou o sétimo maior resultado entre as áreas de abrangência da pesquisa. O índice foi de 8,35% no Brasil.
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Grupos – Venâncio da Mata destaca que na Grande BH, oito grupos apresentaram variações positivas, sendo pela ordem: Saúde e Cuidados Pessoais (0,77%), Transportes (0,75%), Habitação (0,72%), Vestuário (0,62%), Artigos de Residência (0,50%), Despesas Pessoais (0,27%), Educação (0,13%) e Comunicação (0,11%).
Segundo ele, no caso do grupo de Transportes, o resultado foi influenciado principalmente pelo aumento dos combustíveis (0,99%), com destaques para o etanol (3,12%) e a gasolina (0,66%). Além disso, passagens aéreas (6,74%), pneus (5,04%), automóveis usados (1,05%) e automóveis novos (0,92%) também influenciaram o resultado do grupo.
No grupo Saúde e Cuidados Pessoais (0,77%), os destaques foram para os aumentos dos itens de higiene pessoal (0,99%), dos produtos farmacêuticos (0,92%) e plano de saúde (0,70%).Já em Artigos de Residência (0,50%), o destaque foi para o aumento do televisor (3,49%).
A alta do grupo Habitação (0,72%) se deve, principalmente, ao resultado da energia elétrica residencial (1,60%). “Em junho, passou a vigorar a bandeira tarifária vermelha patamar 2”, lembra o especialista.
Já em Vestuário (0,62%), o destaque ficou com calçados e acessórios (1,38%).
Por fim, o coordenador da pesquisa ressalta que a deflação de 0,15% observada no grupo Alimentação e Bebidas foi causada principalmente pelas quedas dos preços da cebola (-23,01%), da batata-inglesa (-17,24%), do tomate (-11,12%) e das frutas (-3,77%).
Índice tem alta de 0,53% em junho no País
Rio e São Paulo – A energia elétrica e os combustíveis mantiveram a inflação oficial brasileira sob pressão em junho, levando-a a bater os níveis mais altos para o mês em três anos e em quase cinco anos no acumulado em 12 meses, enquanto o Banco Central mantém a postura de aperto monetário.
Em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,53%, contra 0,83% em maio, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ontem.
Apesar da desaceleração, o resultado representa a inflação mais intensa para o mês desde 2018 (1,26%). Mas ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de avanço de 0,59% do IPCA.
Além disso, essa alta levou o IPCA acumulado em 12 meses a subir 8,35%, de 8,06% em maio e contra uma expectativa de 8,4%. Ao registrar a maior taxa desde setembro de 2016 (8,48%), o índice vai ainda mais além do teto da meta oficial para este ano – uma inflação de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
“O IPCA está num patamar acima do que foi no ano passado, e ainda é preciso ver se essa desaceleração de agora é uma tendência para o nível de preços”, afirmou o analista da pesquisa, André Filipe Guedes Almeida.
Mais uma vez o mês teve como destaque os preços administrados. O maior impacto individual veio do aumento de 1,95% da conta de luz, ainda que tenha desacelerado em relação ao mês anterior (5,37%). Isso por causa da adoção da bandeira tarifária vermelha patamar 2, acrescentando R$ 6,243 na conta de luz a cada 100 quilowatts-hora consumidos.
“Os fatores para junho foram semelhantes aos de maio, combustíveis e energia”, explicou Almeida. “Em julho, houve ajuste da bandeira tarifária e aumento já anunciado para preço dos combustíveis. Temos que aguardar pra ver o impacto.”
Com isso, a alta dos preços de Habitação foi de 1,10% em junho, de 1,78% em maio.
Entre os nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta no mês, com alimentação e bebidas avançando 0,43% e transportes registrando alta de 0,41%.
A alimentação no domicílio acelerou a alta de 0,23% em maio para 0,33% em junho, pressionada pelo quinto mês consecutivo de altas das carnes (1,32%), acumulando alta de 38,17% em 12 meses.
Já os combustíveis subiram 0,87% e acumulam alta de 43,92% nos últimos 12 meses, impactados em junho principalmente pela alta de 0,69% da gasolina.
A maior variação no mês ficou com vestuário, de 1,21%, enquanto comunicação teve queda de 0,12%.
Já a inflação de serviços foi de 0,23% em junho, depois de os preços terem recuado 0,15% no mês anterior.
“A inflação de serviços ainda está abaixo do índice geral. É óbvio que com retomada da economia, vacinação e melhora da pandemia, isso favorece a demanda e a contratação de serviços mais pra frente. Mas não é o caso de agora”, completou Almeida.
Pressão – A questão da inflação mantém as atenções em alta no mercado, conforme a economia reabre e diante de aumentos nos preços de commodities.
O Banco Central elevou a taxa básica de juros Selic a 4,25%, na terceira alta consecutiva de 0,75 ponto percentual, e indicou a intenção de levar os juros a patamar considerado neutro à frente.
A ata do encontro mostrou que o BC avaliou a possibilidade de acelerar a alta dos juros naquele encontro em meio a uma inflação persistente, mas entendeu que seria mais adequado manter o ritmo de aperto de 0,75 ponto percentual,. (Reuters)
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