Irmãos Batista compram ações da CSN na Usiminas

Os irmãos Joesley e Wesley Batista, proprietários da J&F Investimentos, holding que controla vários negócios, incluindo a JBS, se tornaram acionistas da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) ao comprar papéis da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A participação foi adquirida por meio da Globe Investimentos, empresa da qual são donos.
Pegando a todos de surpresa, a CSN anunciou nesta quinta-feira (31) que vendeu, na véspera, 35.192.508 ações ordinárias e 27.336.139 ações preferenciais da Usiminas pelo valor de fechamento do pregão de terça-feira (29). O grupo de Benjamin Steinbruch não informou o montante da transação, mas estima-se que tenha chegado a cerca de R$ 263 milhões.
Com a venda para a família Batista, a CSN diminuiu sua participação no capital social da Usiminas de 12,91% para 7,92%. Na avaliação de uma fonte com conhecimento sobre o assunto, apesar da redução relevante, o imbróglio entre as duas empresas ainda não estará resolvido e só será quando o percentual cair para menos de 5%, conforme manda a lei.
O economista da Valor Investimentos, Paulo Duarte, analisa de forma diferente, dizendo que a redução das ações tira “um pouco do calor” entre as duas empresas. No entanto, ele ressalta que é preciso acompanhar o que será feito com a participação remanescente.
Outra fonte que preferiu não ser identificada avalia que para encerrar de vez o impasse entre o grupo de Benjamin Steinbruch e a companhia de Ipatinga se faz necessário que não só seja solucionado o problema do capital social, como também o entrave judicial entre a CSN e a Ternium – maior acionista individual da Usiminas. Isso porque a disputa das acionistas reflete na controlada que, inclusive, pode ser preterida para receber investimentos.
Pressão da Justiça e reunião do Cade na próxima semana
Na opinião da fonte inteirada sobre o tema, o fato de a CSN ter reduzido sua participação na Usiminas mostra que a pressão do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6) começou a surtir efeito. Segundo a pessoa, após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) conceder um prazo de 60 dias para o conglomerado fluminense apresentar um plano de venda das ações do grupo mineiro, a Justiça subiu o tom.
A fonte diz que, no último dia 17, a desembargadora Mônica Sifuentes declarou que a medida adotada pelo Cade na reunião de 25 de junho cumpriu somente parcialmente a determinação judicial, que obriga a CSN a reduzir o percentual que tem no capital social da Usiminas para menos de 5%. E que os conselheiros da autarquia estão sendo intimidados pessoalmente por carta precatória, avisados do risco de responsabilização.
Conforme a mesma pessoa, na reunião do Cade da próxima quarta-feira (6), o órgão antitruste terá que reformar sua decisão. De acordo com a fonte, ainda não está claro se a venda de parte das ações da CSN na Usiminas é uma estratégia da companhia diante do encontro. Para a outra fonte que preferiu não ter o nome citado, não é possível afirmar que foi uma estratégia do grupo de Steinbruch, mas, de fato, pode ter sido.
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