Isenção do IR pode injetar R$ 590 milhões na economia da área mineira da Sudene

A possível ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para quem recebe até R$ 5 mil por mês, a partir de 2026, pode representar uma injeção de cerca aproximadamente R$ 590 milhões na economia da área mineira da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene). O valor estimado considera os R$ 4.356 economizados por ano pelos 135,2 mil trabalhadores com renda até o novo limite.
É o que aponta um levantamento do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), área de pesquisa do Banco do Nordeste (BNB). O perímetro de atuação da Sudene coincide com os limites do BNB e, em Minas Gerais, é formado por 249 municípios da região Norte, parte da Noroeste e dos Vales do Jequitinhonha, do Mucuri e do Rio Doce.
Conforme a análise, se considerada toda a área de atuação do Banco do Nordeste, que inclui também os nove estados nordestinos e parte do Espírito Santo, o valor economizado com IR chega a R$ 9,13 bilhões com quase 2,1 milhões de trabalhadores beneficiados.
De acordo com o economista e gerente do Etene, Allisson Martins, o recurso que o governo federal deixará de arrecadar com a ampliação do limite da faixa de isenção do imposto de renda deve se transformar em consumo familiar e gerar mais efeitos positivos.
“Na medida em que se terá mais renda disponível, o mercado interno ficará mais pujante, o que, por sua vez, vai trazer impactos na produção, no comércio e nos serviços. Isso tende a gerar um fluxo mais dinâmico, por exemplo, no comércio varejista, na parte de alimentação, de transporte e de serviços pessoais”, ressalta.
Ciclo virtuoso que fortalece a economia e reduz desigualdades
Martins ainda pontua que a ampliação da faixa de isenção do IR criará um ciclo virtuoso que fortalecerá a economia regional e ajudará a reduzir as desigualdades socioeconômicas. Ele salienta que demanda e oferta se equilibram, e como a população deve buscar por mais bens e serviços, as empresas podem ampliar as operações e contratar mais colaboradores.
Para o economista-chefe do BNB, Rogério Sobreira, a proposta do governo federal configura-se como uma das principais iniciativas de atualização tributária do Brasil nas últimas décadas. Segundo ele, a reestruturação na base de contribuintes traz repercussões relevantes tanto do ponto de vista do estímulo ao consumo quanto de equidade fiscal.
Senado pode votar o projeto em novembro
Aprovado pela Câmara dos Deputados no início deste mês, de forma unânime, o projeto de lei que amplia o limite de isenção do imposto de renda pode ser votado pelo Senado Federal na primeira quinzena de novembro. O texto tramita na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e deve ser discutido em audiências públicas até sexta-feira (24).
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