Economia

Itatiaiuçu lança programa para diversificar economia

Cidade busca independência da extração mineral 5 décadas antes da exaustão
Itatiaiuçu lança programa para diversificar economia
Itatiaiuçu lança programa para diversificar economia | Crédito: Prefeitura de Itatiuaçu

Itatiaiuçu, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), lança nesta quinta-feira (4) seu novo programa de desenvolvimento econômico chamado “Itatiaiuçu Conecta”. O objetivo é diminuir a dependência do município da atividade de extração mineral, por meio do incentivo à diversificação e à atração de negócios para a cidade. Embora a exaustão mineral de Itatiaiuçu esteja prevista para daqui a cerca de 50 anos, a cidade quer criar alternativas econômicas o mais rápido possível.

O consultor de relações institucionais da Associação de Municípios Mineradores de Minas Gerais e do Brasil (Amig) e gestor do programa Itatiaiuçu Conecta, Waldir Salvador de Oliveira, informou que mais de 90% da arrecadação da cidade é oriunda da atividade mineral. Ele também disse que se o município não tomasse essa atitude, poderia enfrentar sérios problemas a longo prazo.

Salvador de Oliveira apontou algumas do poder público de Itatiaiuçu visando à atração de novas empresas. Dentre elas, estão as criações de um conselho de desenvolvimento econômico e de um programa chamado “Bolsa Trabalho”, que bancará os primeiros 120 dias de profissionais sem experiência, por meio dos recursos dos royalties da mineração. 

Tudo isso para dar início ao processo de atração de investimentos e de redução da dependência da atividade de mineração. “É um exemplo raro e talvez o mais complexo que existe no Brasil entre as cidades mineradoras que estão se preparando para a chegada da exaustão mineral”, declarou. No caso de Itatiaiuçu, essa exaustão deve vir daqui a 50 anos, mas a cidade já vem tomando as providências para evitar problemas no futuro. “A cidade está se despertando a tempo”, afirmou.

O gestor do programa explicou que não haverá limitações quanto ao perfil das empresas que devem ser atraídas, mas ressaltou que a cidade deve começar com a prospecção de empresas de médio e grande portes que atuam como fornecedores industriais. 

“A cidade irá prospectar fornecedores da Fiat, que está a 30 minutos daqui, e atacadistas, aproveitando a logística, principalmente, sentido São Paulo e Sul de Minas. Itatiaiuçu está criando um programa com possibilidades de abrigar vários tipos de segmentos”, relatou.

Convênio com Ibram e Amig

Já o diretor de relações com associados e municípios do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Alexandre Mello, revela que esse projeto faz parte de um convênio firmado entre o Ibram e a Amig em 2019, que tem como foco o desenvolvimento de projetos de diversificação econômica em territórios minerários. O objetivo é oferecer aos municípios alternativas, além da mineração, para manter a subsistência do território antes que não seja mais possível realizar a extração de minério.

No caso de Itatiaiuçu, Mello conta que ainda não existe uma proposta de desenvolvimento econômico para o município. “Nós ainda estamos chegando no momento ideal para construir juntos com o poder público esse diagnóstico para que seja possível avaliar as oportunidades futuras para o território”, revelou.

Municípios contemplados

Mello informou que o Ibram possui dois convênios com objetivos de desenvolver as economias dos municípios mineradores: um com a Amig e mais cinco entidades com gestão em Minas Gerais (Fiemg, Sebrae Minas, Governo de Minas e BDMG) e outro apenas com a Amig, em nível nacional, que inclui o projeto em Itatiaiuçu.

Além dele, o convênio conta com um projeto em Nova Lima, também na Região Metropolitana de BH, que foi interrompido e deve ser retomado ainda em 2023. O diretor disse ainda que está previsto para o segundo semestre deste ano o início de um novo projeto em Paracatu. “Lá estamos iniciando as tratativas com o poder público e com as mineradoras da região”, relatou.

A primeira cidade mineira a contar com um projeto de desenvolvimento econômico do Ibram foi Itabira, que, segundo Mello, deverá sofrer com uma exaustão mineral daqui a oito ou dez anos. A apresentação do plano deve ocorrer no final deste ano, envolvendo as empresas da região, como a Vale, o poder público e a comunidade. “Existe toda uma metodologia de engajamento e de levantamento deste diagnóstico e das oportunidades futuras”, disse.

Depois do projeto-piloto em Itabira, foi a vez de Itabirito, que já está na fase seis de um total de oito, com expectativa de entrega do plano para até o mês de outubro. A terceira cidade contemplada foi Conceição do Mato Dentro, onde já existia um projeto semelhante, junto a Anglo American e a prefeitura. Neste o Ibram entrou com a metodologia e complementou todas as ações.

Esses projetos fizeram parte do convênio firmado entre as duas organizações junto às entidades que atuam no Estado.

Instalação de um Cefet

Durante a cerimônia de lançamento, a gestão municipal vai assinar convênio para instalação de uma unidade do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) na cidade para ampliar as possibilidades de qualificação da sua população.

Para Salvador de Oliveira, a presença de instituições como o Cefet, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae Minas) em uma cidade que conta com três empresas mineradoras e uma siderurgia e que não tinha formação de mão de obra, é algo fundamental.

“A cidade tem três mineradoras que geram mais empregos para quem é de fora do que para aquelas pessoas da própria cidade, porque não tinha mão de obra qualificada para trabalhar nelas”, revelou.

Ele ainda contou que inicialmente os cursos oferecidos pelo Sebrae serão de mecânica e eletrotécnica, para fornecer mão de obra qualificada aos segmentos que já estão presentes no município e para aqueles que serão atraídos.

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