Economia

Itatiaiuçu planeja reduzir dependência da mineração

Prefeitura quer diversificar economia com atração de investimentos de outros setores
Itatiaiuçu planeja reduzir dependência da mineração
Itatiaiuçu terá um programa para se antecipar à exautão mineral da região, prevista para ocorrer em 50 anos | Crédito: Albert Hyseni

Cada vez mais, municípios mineradores buscam na diversificação econômica uma forma de garantir o desenvolvimento sustentável para além da indústria extrativa. Com 90% das receitas oriundas da atividade, a prefeitura de Itatiaiuçu, na região Central, tem voltado os esforços para a atração de investimentos e empresas de outros setores e acaba de criar um Fundo e um Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico.

Ambos integrarão o Programa de Desenvolvimento Econômico da cidade, o Itatiaiuçu Conecta, que será lançado em fevereiro do ano que vem. Estruturado sobre um trabalho-base e políticas públicas iniciados em janeiro deste ano, o objetivo é ofertar um pacote de soluções e incentivos para novos negócios na cidade, além de capacitar mão de obra e gerar emprego e renda para a população.

Quem conta é o secretário de Desenvolvimento Econômico, Afrânio Duarte. Segundo ele, o Fundo terá aporte inicial da ordem de R$ 30 milhões e será gerido pelo Conselho. Juntos, os instrumentos normativos permitirão o fomento à implantação de novos empreendimentos, diminuindo a dependência da atividade minerária.

“A exaustão mineral da região deve ocorrer em aproximadamente 50 anos, graças a investimentos recentes e construção de novas plantas. No entanto, estamos buscando a diversificação porque sabemos que o desenvolvimento não ocorre de um dia para outro. Já estamos trabalhando na estruturação de maneira que o impacto seja menor no futuro”, explica.

Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, exaustão mineral da região deve ocorrer em aproximadamente 50 anos | Crédito: Divulgação

Fortalecimento da economia

A ideia, conforme o secretário, é, antes de tudo, fortalecer a economia de Itatiaiuçu. Hoje, além dos 90% das receitas advindas do setor extrativo, 80% dos CNPJs do município são de Microempreendedor Individual (MEI). E um estudo realizado pela prefeitura identificou que, em 2021, 46 compradores diferentes da cidade estabeleceram relações com 6.281 fornecedores. Ao todo, foram movimentados R$ 1,4 bilhão, sendo que, desse montante, as indústrias com atividade principal na extração de minério de ferro foram responsáveis por R$ 873 milhões. Entretanto, ao considerar a sede desses fornecedores, não houve relação de compra com nenhum fornecedor de Itatiaiuçu.

O mesmo levantamento indicou que cerca de 70% das empresas fornecedoras para as mineradoras estão localizadas em Minas. Em seguida, São Paulo foi responsável por 26%. Dez municípios, entre eles, Betim, Contagem e Belo Horizonte, forneceram quase R$ 560 milhões. Ainda de acordo com o levantamento, 1.834 fornecedores – ou seja, 30% – venderam para empresas dentro da área de extração de minério de ferro, e 4.447 para empresas de outras áreas. “Queremos reter parte destes recursos”, diz o secretário.

“Estes números mostram que estamos no caminho certo ao buscarmos a implementação de uma nova política de desenvolvimento econômico, fortalecendo as empresas locais e, por consequência, promovendo a diversificação econômica da cidade, com a atração de novos empreendimentos”, completa.

Atração de empresas em vistas ao desenvolvimento 

Esse trabalho de atração já começou, mas promete se intensificar a partir do ano que vem com o Itatiaiuçu Conecta. De acordo com o secretário, enquanto no decorrer de 2022 o ambiente e as políticas públicas foram estruturados, em 2023 os esforços serão concentrados efetivamente na atração, em um trabalho com setores e empresas âncoras e também com o governo do Estado, por meio da Invest Minas. 

Neste sentido, ele diz que há interesse em atrair fornecedores do grupo Stellantis (Fiat), com planta industrial em Betim, por exemplo. E também parceiras de outras empresas instaladas no Parque Torino, condomínio logístico de locação de galpões para atacado, também em Betim.

Por fim, sobre a estrutura da cidade para abrigar futuros investimentos, ele informa que há atualmente um Distrito Industrial (DI) voltado para o que é chamado de “microeconomia”, ou seja, empresas de menor porte e da própria cidade. Mas que existe um projeto para desenvolvimento de um condomínio empresarial para receber empresas maiores com atuação macro. “Neste primeiro momento, trabalharemos especialmente a cadeia produtiva das mineradoras. Também nos interessa empresas de base tecnológica”, conclui Duarte.

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