Taxa de juros elevada afeta a confiança de donos de pequenos negócios em Minas Gerais

O Índice Sebrae de Confiança dos Pequenos Negócios (Iscon), medido pelo Sebrae Minas, apresentou uma queda de 12 pontos no quarto trimestre de 2024. Após atingir o maior patamar dos últimos dois anos, com 118 pontos entre agosto e setembro, a confiança dos donos de pequenos negócios em Minas Gerais encerrou o ano em 106 pontos em dezembro.
Ainda segundo o levantamento, a confiança do microempreendedor individual (MEI) foi de 120 pontos em agosto e setembro, caindo para 111 em dezembro. Já as microempresas atingiram 117 pontos em outubro, mas caíram para 107 em dezembro.
Enquanto isso, as empresas de pequeno porte (EPPs) apresentaram a maior queda, passando de 116 para 91 pontos o nível de confiança.
Isso não significa, no entanto, que todos esses setores apresentaram retração. Para medir o índice, o Iscon expressa a tendência para o nível de atividade, levando em conta o passado recente (últimos três meses) e o futuro próximo (próximos três).
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Ou seja, se o índice de confiança for maior que 100, isso indica tendência de expansão da atividade. Entretanto, caso seja igual a 100, mostra a tendência de estabilidade da atividade. Mas, se for menor que 100, haverá a retração da atividade.
Motivos para a queda na confiança
De acordo com a analista da Unidade de Inteligência Estratégica do Sebrae Minas, Izabella Diniz Siqueira, a redução no índice de confiança está relacionada principalmente à elevação da taxa básica de juros.
Isso ocorre porque, segundo ela, a alta pode gerar impactos negativos nos pequenos negócios, enfraquecendo o empreendedorismo, a geração de empregos e a distribuição de renda no País.
“Analisando a perspectiva macroeconômica, temos um cenário com inflação elevada, em que o IPCA acabou voltando a crescer em setembro em 0,44%. Fora isso, temos a questão de um câmbio elevado, levando a uma fuga de capital, que provoca a desvalorização do real frente ao dólar. Isso impacta, principalmente, o setor de comércio e serviços“, avalia.
Izabella Siqueira também afirma que esses fatores têm intensificado os desafios dos pequenos negócios: “Intensifica, pois aumenta os custos de importação”.
Ela ainda observa que, para além da taxa elevada de juros, a incerteza do pequeno empresário mineiro com relação à regulamentação com a reforma tributária é outro fator que tem gerado preocupação.
“Há uma incerteza com relação ao repasse de custo para o consumidor final, pois a depender de qual será esse custo – e se ele for elevado -, isso pode afetar os negócios”, explica.

Setor da indústria é o mais “desconfiado”
Ainda de acordo com as informações fornecidas pelo Sebrae Minas, o setor da indústria é o que apresentou o menor índice de confiança nos últimos três meses de 2024. Veja como ficaram as pontuações:
- Construção Civil: 130 (agosto) → 120 (dezembro)
- Indústria: 122 (setembro) → 102 (dezembro)
- Comércio: 117 (agosto) → 107 (dezembro)
- Serviços: 119 (outubro) → 106 (dezembro)
Diante de incertezas, negócios precisam se planejar
A analista do Sebrae Minas, Izabella Siqueira, também explica que, diante de um cenário de incertezas, é essencial que os pequenos negócios reavaliam suas estratégias e invistam em fazer um planejamento estratégico.
“É importante também organizar as finanças e ter ainda uma reserva de emergência. Em caso de dúvidas, aconselhamos sempre a buscar pelo Sebrae que está à disposição para orientar”, pontua.
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