Justiça decreta falência da Buritirama Mineração

A Justiça de São Paulo decretou a falência da Buritirama Mineração, especializada em manganês e com prospecção de novas reservas minerárias em Minas Gerais. Ainda cabem recursos por parte da empresa, que já conta com uma operação de lavra no Estado, mais especificamente na cidade de Dores do Indaiá, no Centro-Oeste do Estado, em um empreendimento que não pertence 100% à mineradora.
O pedido de falência foi feito há quase um ano pela C. Steinweg Handelsveen (Latin America), empresa holandesa de prestação de serviços, com a qual a mineradora brasileira tem uma dívida pendente de US$ 5,075 milhões. O juiz Ralpho Waldo de Barros Monteiro Filho, da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, fixou prazo legal de 90 dias contados do requerimento inicial ou do protesto.
Procurada, a Buritirama Mineração informou que não se manifestaria sobre o caso, pois ainda não foi notificada da decisão.
A empresa, com sede em São Paulo, é a maior mineradora de extração de manganês do Brasil e conta com operações na região de Marabá. A maior parte da produção é enviada para diversos mercados, principalmente a China. Já a Steinweg é uma companhia holandesa com atividade de navegação marítima.
Além disso, desde 2021, a mineradora trava uma disputa judicial com alguns bancos credores, principalmente o Banco Santander, por dívidas que superam R$ 1 bilhão.
Projetos da Buritirama Mineração em Minas
Sobre os projetos no Estado, conforme o DIÁRIO DO COMÉRCIO publicou há alguns meses, os projetos de pesquisa em áreas que a empresa detém o direito minerário no Triângulo terão início nos próximos meses. Caso se mostrem viáveis, as operações ocorrerão após cinco anos.
“A empresa atualmente encontra-se no meio de seu planejamento estratégico com vistas ao incremento de sua produção de minérios ferrosos e não ferrosos em território brasileiro, incluindo reservas de sua propriedade na qual possui áreas no Estado de Minas Gerais. Estima-se que dentro dos próximos cinco anos, no montante total de R$ 1 bilhão, entre 10% a 20% serão destinados às pesquisas e geologia a esta reserva”, disse a empresa à reportagem.
Em fevereiro, o presidente do Conselho de Administração da Buritirama, João Araújo, falou ao portal BNamericas sobre os planos da empresa de se manter como uma das principais mineradoras do mundo, diante das transformações dos diferentes mercados.
Segundo ele, o setor de metalurgia, um dos grandes consumidores de manganês, vai passar por um grande desafio em termos de demanda nos próximos anos. Na tecnologia, incluindo a produção de baterias, deverá haver tendência de crescimento, e no agronegócio, o mineral deverá se manter como um produto importante na adequação de solo.
Brasil se destaca na produção de manganês
Neste contexto, o Brasil aparece entre os quatro maiores produtores de manganês do mundo, com um volume exportável próximo a 3 milhões de toneladas por ano. A produção nacional é de cerca de 5 milhões de toneladas considerando diferentes teores. Os principais consumidores do mercado interno são as empresas de ferro-ligas, micronutrientes e fertilizantes.
Atualmente, a capacidade de produção da Buritirama é de 2,5 milhões de toneladas/ano. A companhia detém a principal reserva de manganês do Brasil, no Pará. As demais estão localizadas justamente nos estados para os quais a empresa pretende avançar nos próximos exercícios.
Segundo a companhia, são jazidas com reservas de médio porte, mas que têm capacidade de ampliar, significativamente, a produção nos próximos anos. No caso de Minas Gerais, as áreas a serem investidas estão bem diversificadas no território e, após as pesquisas, serão escolhidas as de elevados potenciais para projeto de operação.
“Entendemos Minas Gerais como um estado muito rico para a mineração e temos boas expectativas. Esperamos resultados positivos em minérios ferrosos e não ferrosos para as áreas já adquiridas. Temos expectativas de produzirmos minérios de qualidade no Estado potencializando ainda mais nossas reservas de manganês”, disse a empresa, por meio de sua assessoria.
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