LAC retomará produção em Minas como Leolac

Os moradores de Leopoldina, na Zona da Mata mineira, receberam com entusiasmo a notícia de que o empresário catarinense Auri Vilmar Meisterlin, proprietário das empresas de laticínios Gran Filata, Belo Monte e Lorenzo, adquiriu as operações da Cooperativa de Produtores de Leite (LAC) e vai retomar suas atividades. Agora com o nome de Leolac, a cooperativa tem novo CNPJ e o reinício das operações previsto para fevereiro do ano que vem.
O novo proprietário calcula que serão gerados no primeiro ano 120 empregos diretos e 400 indiretos. “Nós já conhecemos o ramo há bastante tempo e, como essa indústria estava parada em uma região e Estado com vocação para pecuária leiteira, temos certeza que vamos ser bem-sucedidos. Também contribuiu o empenho do prefeito de Leopoldina, que nos apoiou junto à direção da cooperativa”, diz Meisterlin.
Como muitas cooperativas de leite brasileiras, a LAC interrompeu suas atividades sem nenhuma perspectiva de retomada da produção e de sua saúde financeira. O grupo catarinense está investindo R$ 40 milhões no arrendamento de todas as instalações da cooperativa, inclusive a marca, pelo prazo de dez anos, com direito à aquisição. “Inicialmente vamos produzir queijo muçarela, queijo prato, creme de leite, soro concentrado e soro em pó”, informa o novo proprietário.
“Não haverá valores a serem pagos, pois a indústria está totalmente danificada, precisando de reforma estrutural e elétrica integral. Assim, vamos fazer um investimento em reformas, que inclusive já foram iniciadas, no valor de R$ 20 milhões a R$ 25 milhões. E o restante, entre R$ 10 milhões e R$ 15 milhões, será para aquisição de maquinários, tudo com recursos próprios”, acrescenta.
Histórica na região
A LAC foi criada para abastecer o Rio de Janeiro com o leite que ia de trem frigorífico para a capital federal na década de 40 do século passado. Ao longo de sua história, teve produtos de sucesso, como um saboroso doce de leite, queijo padrão, iogurte com polpa de fruta e creme de leite fresco, que fornecia para confeitarias da região.
Nos últimos anos, premida pelas dívidas, a cooperativa teve idas e vindas. Entre 2018 e 2019, foram demitidos cerca de 200 funcionários. No início de 2020, a LAC possuía 16 funcionários, 1.170 cooperados, sendo 70 ativos, e trabalhava com cerca de 7 mil litros de leite por dia. Chegou a receber 400 mil em seus melhores tempos e, há cerca de quatro meses, fechou as portas.
Um dos mais entusiasmados com a retomada é o prefeito Pedro Augusto Ferraz (PL), que, desde o início de seu mandato, tem investido na infraestrutura rural, com a recuperação de estradas e pontes. “A reabertura da empresa é uma antiga demanda dos leopoldinenses e um sonho da atual administração, que não economizou esforços para que o projeto se tornasse uma realidade”, disse no anúncio do empreendimento, no último dia 1º de setembro.
Segundo o prefeito, esta se tornou uma data histórica para Leopoldina, pois registra a retomada das operações de uma empresa que gerou marcas e foi líder de produção por quase oito décadas. “Essa é uma vitória para o nosso município e significa mais emprego, renda e desenvolvimento para a nossa área rural”, afirmou.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Econômico de Leopoldina, Sérgio Benatti, a demanda por parte do Rio de Janeiro, que fica a 200 quilômetros de Leopoldina, continua, mas será preciso convencer o agricultor a retornar à atividade. “Levar gente da cidade de volta para o campo é uma operação complexa. O novo proprietário vai ter que fornecer insumos e trazer para cá a estrutura de suporte e apoio, que ele já opera com sucesso em Santa Catarina”, aponta.
À frente do Sindicato Rural de Leopoldina, que tem hoje 470 associados, Salviano Junqueira Ferraz Júnior acredita que, se tiverem apoio da Leolac, todos voltarão. “A grande maioria era produtor de leite. Com o fechamento da LAC, grande parte deles passou a investir em gado de corte. É provável que voltem à antiga atividade, vai depender da nova empresa”, afirma.
Segundo Ferraz Júnior, a logística privilegiada do município conspira a favor do negócio. “Leopoldina é um município muito bem localizado geograficamente, pois está perto de grandes centros consumidores, como Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo”, acrescenta.
Atualização da planta
O primeiro desafio da Leolac é botar a planta para funcionar, o que exigirá a atualização do maquinário de uma planta paralisada há vários anos. “Vamos ter que investir para iniciar as atividades sim. A fábrica está há muito tempo parada e exige uma reforma grande”, calcula Meisterlin, o novo dono.
Quanto a outras aquisições em Minas Gerais, Meisterlin ressalta que a empresa está chegando agora ao Estado e é um pouco cedo para afirmar algo neste sentido. “Mas certamente no futuro vamos fazer novos investimentos”, garante.
A retomada traz um impacto expressivo na economia leopoldinense, que é majoritariamente agrícola. “Atualmente, a agropecuária responde por cerca de 50% a 60% do PIB do município, mas já representou 70% no passado. Com a Leolac, esse é um quadro que pode ser retomado”, acredita o secretário Benatti.
Produção nacional avança 0,6% em julho
Rio de Janeiro – A produção industrial brasileira subiu 0,6% na passagem de junho para julho e avançou em quatro dos 15 locais analisados pela Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional, divulgada na sexta-feira (9), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Houve elevações no Pará (4,7%), Mato Grosso (3,7%), Santa Catarina (1,9%) e Rio de Janeiro (0,7%). Todos esses percentuais estão acima da média nacional.
Segundo o analista da PIM Regional, Bernardo Almeida, medidas que impactam diretamente a cadeia produtiva e o consumo das famílias podem explicar as altas nessas localidades. “A redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis e o aumento de benefícios sociais modificam as tomadas de decisões por parte da produção, com tendência de antecipação, devido a essas medidas”, observou.
Para o analista, entre as principais indústrias responsáveis pelo crescimento em cada local nas altas de julho está o avanço no Pará, provocado pelo desempenho da indústria extrativista de minério de ferro.
Outros estados também tiveram destaques. “No Rio de Janeiro, o setor extrativo também é o grande responsável pela alta, mas destacamos o petróleo e gás natural. Em Santa Catarina temos os setores de máquinas e equipamentos e produtos de borracha e material plástico. Já em Mato Grosso, o principal setor que influenciou de forma positiva foi o de alimentos”, informou.
Já os destaques negativos ficaram com o Espírito Santo (-7,8%), o que ampliou a queda de 1,3% em junho; a Bahia (-7,3%), que eliminou o ganho acumulado de 7,6% obtido entre fevereiro e junho; e a região Nordeste (-6%), que teve queda na produção de 6,8% em três meses consecutivos. Minas Gerais ficou estável. (ABr)
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