Lançada campanha pelo uso de etanol como combustível

Com foco em destacar as vantagens ambientais do etanol e estimular o seu uso foi lançada ontem a campanha “Movido pelo Agro”, uma parceria do Sistema Faemg Senar com a Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig). “Isso deveria ter sido feito anos atrás”, ressalta o presidente do Sistema Faemg Senar, Antônio de Salvo.
A iniciativa acontece no momento em que o carro flex completa 20 anos no Brasil. Foi em 24 de março de 2003 que o País conheceu o primeiro automóvel com essa tecnologia 100% nacional e que deu ao consumidor a liberdade para abastecer com etanol, gasolina ou a mistura dos dois combustíveis, considerando custo ou disponibilidade.
O dirigente conta que a ideia da campanha surgiu do seu questionamento sobre o uso do combustível pela entidade. “Por que nós, do agro, não vamos abastecer com um produto nosso? Se nós queremos convencer parte da população de que o produto é bom, certamente, nós devemos ser os primeiros a dar o exemplo”, diz. Para isso, o foco inicial é divulgar a ideia nos 393 sindicatos rurais espalhados pelo Estado, fazendo com que a frota das entidades e dos produtores utilize o combustível proveniente da cana-de-açúcar e que o divulgue com a utilização de adesivos da campanha.
Salvo explica que também será feita uma mensuração das emissões de gases de efeito estufa que deixaram de ser feitas na atmosfera com o uso do etanol. Numa outra etapa, a ideia será apresentada para representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). “É um trabalho de formiguinha. Eu acredito que isso pode ser um motor de arranque para uma campanha maior”, analisa.
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No Sistema Faemg Senar, desde 2022, toda a frota é abastecida com etanol, o que evitou a emissão de 51,4 toneladas de gases do efeito estufa no período. Para compensar esse mesmo volume de emissões, seria necessário plantar 379 árvores.

Impacto ambiental
O dirigente ressalta que carro movido a gasolina emite 145 gramas de dióxido de carbono equivalente por quilômetro rodado; um automóvel elétrico a bateria, utilizado atualmente na Europa, emite 92 gramas; e um carro movido 100% a etanol emite 58 gramas de CO2eq (equivalente de dióxido de carbono), quando considerado o ciclo de vida do etanol. Parte das emissões de CO2 do etanol é compensada pela cana-de-açúcar, que absorve da atmosfera, por meio da fotossíntese, o dióxido de carbono liberado pelo escapamento do automóvel.
“Dá para imaginar a redução dos níveis de poluição do ar nos grandes centros urbanos se todos os carros começarem a abastecer com etanol? Sem falar que este é um recurso só nosso, brasileiro e infinito, uma vez que a cana pode ser replantada todo ano. Já o petróleo, além de ser um combustível fóssil altamente poluente, é um recurso finito”, frisa.
Os 20 anos do carro flex-fuel chegam quando as atenções do mundo se voltam para as fontes alternativas de energia de baixa emissão, além da forte tendência global de eletrificação no setor automobilístico. “O conjunto de agentes de mercado que compõe o ambiente do etanol no Brasil está atento a essa tendência e, em um movimento de antecipação, quer fazer da ameaça de mercado uma oportunidade para consolidar o papel socioambiental do biocombustível”, ressalta o presidente da Siamig, Mário Campos.
O dirigente afirma que pelo Brasil ser um País ainda de renda baixa o motivo econômico ainda prevalece na hora de abastecer. Só que isso pode mudar na avaliação de Campos com a divulgação da redução das emissões. “Aí começamos a colocar um outro conceito, que é o da calculadora ambiental”, diz.
Ele observa que, atualmente, de cada 100 veículos rodando nas ruas e rodovias do País, 84 são flex e podem ser abastecidos com etanol. “ O mundo está em franca transformação e a transição energética para baixo carbono está na agenda do mundo. O Brasil e Minas Gerais são ricos e têm opções. Precisamos valorizar isso. Minas tem como meta, até 2050, ter a neutralidade climática, um desafio enorme. Nosso setor contribui para isso. Somos sustentáveis, produzimos cana, biocombustíveis e energia limpa”, observa.
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