Lançamentos e vendas de apartamentos novos caem no 1° trimestre em Belo Horizonte e Nova Lima

Os lançamentos e vendas de apartamentos novos em Belo Horizonte e Nova Lima, na região metropolitana, apresentaram recuo no primeiro trimestre deste ano na comparação com igual período de 2024, conforme levantamento divulgado nesta quarta-feira (28) pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG).
No caso da comercialização, o recuo foi de 33,03%, com 1.087 apartamentos novos vendidos no período. Quanto aos lançamentos, a queda foi ainda mais intensa: 68,18%. Foram 658 unidades lançadas nos três primeiros meses de 2025 nos dois municípios.
A economista-chefe da entidade, Ieda Vasconcelos, explica que o resultado tem relação com a base de comparação forte. “Tivemos recorde no ano passado em dois itens importantes, vendas e lançamentos”, frisa.
No decorrer do ano de 2024, as duas cidades comercializaram 7.889 apartamentos novos, alta de 41,76% na comparação com o resultado de 2023 (5.565 unidades), maior número desde a série histórica do Censo Imobiliário, em 2016, realizado pela Brain Consultoria para o Sinduscon-MG. Ela ressalta que 2024 foi o segundo ano consecutivo em que os lançamentos superaram as 7 mil unidades nesses municípios. Na ocasião, as vendas superaram os lançamentos, que tiveram alta de 1,84% na comparação com 2023.
Selic impacta negativamente desempenho do setor
A economista acrescenta que, além da base de comparação forte, o resultado do 1º trimestre deste ano tem influência da taxa básica de juros, a Selic. “Vale lembrar que no primeiro semestre do ano passado, os juros estavam em queda e o mercado de trabalho bastante aquecido”, diz.
Ela observa que a Selic no fim de março de 2024 estava em 10,75% ao ano, situação diferente de igual mês de 2025: 14,25% ao ano. E no começo deste mês, por unanimidade, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, voltou a aumentar a taxa Selic. A elevação foi de 0,5 ponto percentual, chegando a 14,75% ao ano. Foi a sexta alta seguida da Selic. A taxa está no maior nível desde agosto de 2006, quando também estava em 14,75% ao ano.
O presidente do Sinduscon-MG, Raphael Rocha Lafetá, observa que o setor tem um ciclo de produção longo, por volta de cinco anos, que passa pela definição do produto, aprovações, construção, venda e entrega do imóvel. “A taxa de juros hoje, que está num patamar elevado, encarece os imóveis, além de trazer incertezas para o empreendedor, pois quando ele lançou o produto era um determinado valor e, no meio do caminho, a taxa de juros aumenta, o que onera a sua operação”, explica.
Além dos juros altos, o dirigente aponta que, entre os entraves vividos pelo segmento, está o recente aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que encarece a atividade, além da dificuldade de conseguir mão de obra.
O estudo “Desempenho do Mercado Imobiliário em Minas Gerais – 1º Trimestre/2025”, realizado pela Brain Consultoria a pedido do Sinduscon-MG e divulgado nesta quarta-feira (28), também mostra que as vendas no acumulado dos três primeiros meses do ano superaram os lançamentos, o que impacta no volume de estoques. Dessa forma, o número de unidades disponíveis para comercialização registrou recuo de 24,45%. Atualmente, Belo Horizonte e Nova Lima possuem 4.168 apartamentos novos para serem vendidos.
Considerando os dados dos últimos 12 meses finalizados em março, os lançamentos imobiliários dessas cidades somaram 6.004 unidades, o que representou recuo de 7,46% frente aos últimos 12 meses finalizados em fevereiro de 2025. Em igual comparação, também foi verificada queda de 3,77% nas vendas, que totalizaram 7.353 unidades.
Na análise por região, a Centro-Sul foi responsável por 39,1% das vendas de apartamentos novos no primeiro trimestre deste ano no mercado imobiliário de Belo Horizonte e Nova Lima, num total de 425 unidades. A região também foi a que teve o maior número de lançamentos do período: 226 unidades, 34,3% do total.
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