Economia

Imóveis de baixa renda e de um quarto lideram lançamentos em Minas Gerais

Readequação da tabela de valores do programa Minha Casa Minha Vida é um dos motivadores desse cenário
Imóveis de baixa renda  e de um quarto lideram lançamentos em Minas Gerais
Foto: Adobe Stock

Os imóveis voltados para a população de baixa renda e aqueles denominados especiais (um quarto) lideram o ranking de lançamentos do setor em Minas. O desempenho é resultado da readequação dos valores do Minha Casa Minha Vida e, no caso de lofts e estúdios, do tamanho desses imóveis, que permite um número maior de unidades em um determinado espaço, barateando os custos de aquisição.

De acordo com dados de levantamento realizado pela Brain Consultoria, em parceria com o Sinduscon-MG, o grupo dos imóveis especiais (studios, lofts e demais unidades de um quarto) apresentou aumento de 95,6% nos lançamentos em Minas, saltando de 776, em 2023, para 1.518 unidades lançadas no último ano. Os imóveis do padrão econômico tiveram alta de 56,7%, conforme a pesquisa.

O presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Raphael Lafetá, relata que o mercado mineiro registrou um aumento no volume de lançamentos de imóveis para o público com baixa renda, influenciado, principalmente, pelas recentes modificações no Programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal.

“Houve uma readequação na tabela de preços que foi para R$ 350 mil e isso incentivou bastante o mercado de baixa renda”, aponta.

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Além disso, ele também destaca o impacto gerado pelo aumento na taxa de juros, que influenciou na redução dos recursos alocados na poupança. Lafetá explica que esses recursos são utilizados no financiamento dos imóveis. Com a redução, houve uma queda no número de lançamentos imobiliários no mercado.

Os imóveis de médio e de alto padrão, conforme o dirigente, acabaram sendo os mais impactados por essa diminuição dos recursos. De acordo com dados da pesquisa da Brain Consultoria e do Sinduscon-MG, o mercado mineiro registrou recuo de 74,9% nos lançamentos de padrão Superluxo, passando de 323 unidades lançadas, em 2023, para 81 no ano passado.

No caso dos imóveis de luxo, a queda foi de 38,3% no período, baixando de 955 para 589 lançamentos. Enquanto aqueles de alto padrão recuaram 4,4%. Outros segmentos que também registraram variações negativas foram os imóveis de médio padrão e do tipo standard, com quedas de 15,3% e 27,1%, respectivamente.

Tabela de venda e lançamentos de imóveis nos anos de 2023 e 2024.
Fonte: Sinduscon-MG e Brain Consultoria

Belo Horizonte se destaca no mercado imobiliário de alto padrão

Apesar de um cenário adverso no Estado, algumas cidades têm se destacado no mercado imobiliário de alto padrão, como é o caso de Belo Horizonte. De acordo com o Índice de Demanda Imobiliária (IDI-Brasil), do Ecossistema Sienge, CV CRM e Grupo Prospecta, realizado em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), a capital mineira ocupa a sexta posição no ranking do segmento voltado para famílias com renda superior a R$ 24 mil.

A gerente de inteligência estratégica do Ecossistema Sienge, Gabriela Torres, aponta que a capital mineira se destaca como uma das principais capitais do Brasil em demanda imobiliária para imóveis residenciais verticais. “A cidade tem grande potencial nesse setor”, explica.

De acordo Gabriela Torres, a expectativa é que a cidade continue bem posicionada no ranking de alto padrão ao longo de 2025.

Desempenho em 2024 e expectativas para 2025

Para o presidente do Sinduscon-MG, o mercado de construção civil apresentou bons resultados ao longo de 2024, apesar de algumas dificuldades enfrentadas no final do ano. Ele destaca que o setor registrou crescimento acima do Produto Interno Bruto (PIB) do País.

No entanto, Lafetá avalia que o aumento na taxa de juros poderá causar alguns efeitos negativos para o setor nos primeiros seis meses deste ano, como possíveis reduções de empreendimentos e de comercialização.

“Isso nos preocupa muito, mas eu estou esperançoso de que, a partir do segundo semestre de 2025, com a readequação dos juros e com a estabilização da economia, nós possamos conseguir fechar o ano com crescimento”, ressalta.

O dirigente explica que essa expectativa está baseada na necessidade de ocupação dos centros urbanos, da construção de habitações e de imóveis comerciais, como a rede hoteleira. Ele pontua que esses fatores ajudam a incrementar o setor de construção civil e a economia.

Além disso, o presidente do Sinduscon-MG também destaca que Minas é uma das maiores economias do Brasil, atraindo diversas atividades econômicas.

“É um estado rico em recursos naturais e na agropecuária. Tem tudo para crescer. Nós vamos precisar de um alinhamento com a questão econômica do Brasil e as questões internas do Estado, como plano diretor, ações de aprovações, códigos de obra e investimentos em infraestrutura”, diz.

Para Lafetá a tendência é de aumento dos investimentos em infraestrutura, assim como já ocorre no Vale do Lítio, na região do Vale do Jequitinhonha, e em demais regiões de Minas, que também têm demonstrado forte desenvolvimento no mercado imobiliário.

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