Leilão de transmissão desta sexta (31) espera gerar R$ 5,5 bi em investimentos
 
                            O governo vai leiloar nesta sexta-feira (31) novos ativos de transmissão de energia, em um movimento que pode ajudar o ONS (Operador Nacional do Sistema) a reduzir os cortes na geração de usinas renováveis. Esse é o principal problema atualmente do setor elétrico do país, em que empresas de energia solar e eólica têm reduzido investimentos devido às interrupções no escoamento da eletricidade gerada em suas usinas.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) espera um investimento total de R$ 5,5 bilhões e 13 mil empregos diretos gerados a partir do leilão. O certame acontece na sede da B3, em São Paulo.
Ao todo, serão leiloados 25 ativos de transmissão distribuídos em sete lotes, incluindo construção e manutenção de linhas de transmissão que percorrem 1.081 quilômetros e de subestações e compensadores síncronos, responsáveis por alterar e equilibrar a tensão do sistema elétrico. Essas subestações terão capacidade total de transformação de 2.000 MVA (megavolt-amperes).
Os ativos estão distribuídos em 12 estados de todas as regiões do país. De acordo com especialistas, os lotes com maior potencial de reduzir os cortes de energia são os 6 e 7, divididos em quatro sublotes. Eles englobam compensadores síncronos em Minas Gerais e no Rio Grande do Norte, respectivamente, dois dos três estados que mais sofrem cortes do ONS.
“Os compensadores síncronos são equipamentos de controles colocados numa subestação e eles são importantes principalmente nessas duas regiões que têm concentração forte das renováveis”, afirma Amanda Fernandes, gerente da área de redes da consultoria PSR. “Eles vão ajudar a controlar melhor a função de estabilidade da rede.”
Os cortes de energia acontecem em momentos em que a geração de energia é maior do que a demanda ou quando a rede de transmissão não tem capacidade de escoar a eletricidade gerada. É nesse último ponto que os compensadores podem ajudar a diminuir as interrupções.
Em Minas Gerais, os compensadores serão instalados em regiões com forte presença de energia solar e hidrelétrica, já no Rio Grande do Norte há presença de energias solar e eólica.
“Investimentos em transmissão são fundamentais para viabilizarmos novos pontos de conexão para grandes demandas, como data centers, além de aumentar a capacidade e confiabilidade do escoamento de energia, reduzindo os cortes de geração que têm afetado diretamente o resultado econômico das renováveis”, diz Rodrigo Borges, diretor-líder da Aurora Energy Research no Brasil.
Todos os ativos leiloados precisarão ser entregues entre 2029 e 2031, sendo os compensadores síncronos de MG e RN em agosto de 2029. A concessão é de 30 anos, contados a partir da assinatura dos contratos.
O lote 4, que engloba linhas de transmissão e subestações no Mato Grosso e em Rondônia, é aquele com a maior RAP, como é chamada a receita anual paga pelos consumidores às empresas de transmissão responsáveis pelo ativo. Para este lote, a RAP máxima é de R$ 220,6 milhões, cerca de um quarto do montante total.
Dentro do mercado, é esperada forte concorrência no certame, o que deve ajudar a aumentar o deságio -nos leilões de transmissão, vence a disputa aquela empresa que oferecer os maiores descontos em relação à RAP máxima estipulada pela Aneel. Nos leilões de transmissão dos últimos dois anos, o deságio médio ficou entre 40% e 47%, considerado bom pelo governo.
“A gente viu em 2023 e em 2024 grandes leilões de transmissão, mas eram leilões muito homogêneos; eram grandes linhas de 500 kV (quilovolt) na região do Nordeste, basicamente. Já o leilão desta sexta é mais heterogêneo”, diz Fernandes, da PSR. “Mas ainda assim é um leilão em que a gente espera uma alta competição e um alto deságio.”
Na consulta pública sobre o edital do leilão, realizada entre abril e maio deste ano, ao menos 14 empresas de energia deram suas contribuições, incluindo algumas gigantes do setor, como Taesa, Eletrobras (agora, Axia), Isa Energia, CPFL, Energisa, Cemig e Engie.
Conteúdo distribuído por Folhapress
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