Licitação de linhas de transmissão deve girar R$ 9 bi em MG

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, estima que dos R$ 16 bilhões em linhas de transmissão que serão licitados, no próximo dia 30 de junho, R$ 9 bilhões devem ser no Estado de Minas Gerais.
O ministro cumpriu agenda ontem em Belo Horizonte e esteve na Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) recebendo projetos do setor energético e de minas e debatendo temas de interesse do setor produtivo no Estado.
De acordo com o ministro, o governo fará o maior volume de contratação de linhas de transmissão da história do Brasil. Ele explica que seis dos nove lotes que serão leiloados estão em Minas Gerais. Com isso, serão criados milhares de empregos no Estado, em regiões mais simples e com mais dificuldades e diferenças sociais que é o Norte e o Vale do Jequitinhonha e Mucuri.
“Então, para nós é uma alegria muito grande estar aqui na Fiemg anunciando a possibilidade de fortalecer a indústria mineira, o emprego e a renda”, disse Silveira.
Até março do ano que vem, o governo federal pretende licitar R$ 56 bilhões em concessão de linhas de transmissão. Entre empregos diretos e indiretos, a expectativa é que sejam gerados mais de 200 mil empregos no País com toda a negociação. “Gerar emprego é uma obsessão do governo federal como forma de combater a desigualdade e gerar produtividade”, explicou.
O ministro explicou ainda que essas linhas de transmissões vão permitir o escoamento de energia limpa e renovável, principalmente eólica e solar, de todo o Nordeste brasileiro para o centro de carga, que é o Sudeste.
Ele explica que a expectativa do governo é que dentro de um ano tenha todo esse volume de obras esteja saindo de São Paulo, passando por Minas Gerais e chegando até o Nordeste brasileiro. De forma, a permitir que todo este escoamento de energia renovável, impacte positivamente o consumidor de energia brasileiro”, explicou.
Leilão
Com estimativa de R$ 15,7 bilhões em investimentos, o Leilão de Transmissão nº 1/2023 vai negociar nove lotes no dia 30 de junho, na sede da B3, em São Paulo. Boa parte dos aportes deve ser direcionada para Minas Gerais, que conta com seis lotes, alguns deles divididos com outros estados, como Bahia, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Os 33 empreendimentos, com prazo de conclusão de 36 a 66 meses, contemplam, além de Minas Gerais, os estados da Bahia, Espírito Santo, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe. Será um dos maiores leilões já realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que prevê que com os investimentos sejam criados 29.300 novos postos de trabalho.
Serão licitadas as concessões para construção e manutenção de 6.184 quilômetros de linhas de transmissão e 400 megavolt-ampères (MVA) em capacidade de transformação de subestações.
Ministro comenta temas polêmicos no Estado e no Brasil
Ainda na entrevista coletiva após o encontro com o setor produtivo na Fiemg, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, aproveitou o espaço para falar de temas e projetos importantes para o Estado de Minas Gerais e o Brasil. Entre eles, o acordo de Mariana, a situação da BR 381 e do Anel Rodoviário de Belo Horizonte e o maior projeto de descarbonização do mundo, prestes a ser anunciado.
Sobre o acordo ainda indefinido, ao ser lembrado que o governador Romeu Zema afirma ser o governo federal o responsável pelo atraso das negociações, o ministro ressaltou que o governo está muito empenhado na questão. “Nós temos que ser prudentes e contemplar benefícios diretos para os atingidos. O acordo precisa ser juridicamente seguro e não pode ser motivo de politização”, disse.
Ele alertou que está convicto de que o caminho é o acordo, mas ressaltou que tem contemplar o interesse público, da sociedade, dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo e, principalmente, dos atingidos.

Barragens e mineração
Com relação às barragens e a ampliação de regiões de mineração no Estado, como a Serra do Curral, na Capital, ele pontuou que o maior desafio é a compreensão de que a economia não vive sem o setor mineral.
“Em especial quando se fala em transição energética. Não há como fazê-la sem o lítio, sem o cobre, sem o nióbio e outros minerais fundamentais para a transição”, diz.
Silveira enfatiza que a mineração “não é só o minério de ferro” e alerta que é preciso buscar o equilíbrio. Para ele, é preciso uma solução de desenvolvimento econômico que combata a miséria e a fome, que gere emprego e que trabalhe com a sustentabilidade. “Esses temas não são incompatíveis e, por isso, Minas Gerais precisa estar neste debate”, defende.
O presidente da Fiemg, Flávio Roscoe comentou os programas de comissionamento e defendeu o setor de mineração. “Nós entendemos que o setor mineral é fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade justa. Temos assistindo um debate desequilibrado sem entender a relação custo-benefícios que o setor mineral presta para a sociedade”, defendeu.
Ele ressaltou ainda que tudo que nós consumimos é dependente do setor mineral. “Somos a mineração mais moderna do mundo na extração, muito em função dos dois acidentes que ocorreram, quando o setor revolucionou suas práticas. Também temos a legislação mais rigorosa do mundo”, afirmou.
O presidente da Fiemg lembrou ainda que o primeiro lítio verde do mundo foi produzido em Minas Gerais. “Temos que ter orgulho do setor mineral de Minas Gerais e tudo que ele tem feito e contribuído para o desenvolvimento do Estado”, disse.
Estradas e Anel Rodoviário
O ministro comentou também sobre a situação das estradas mineiras e do Anel Rodoviário, em Belo Horizonte. “Minas ficou altamente prejudicada. Falta um mínimo de cuidado, até de sinalização”, afirmou.
“Temos a pior rodovia do país. Tenho convicção que teremos interessados para a reconstituição da BR-381 e que vamos fazer com que a região leste do Estado se desenvolva mais”, disse.
Quanto ao Anel Rodoviário, ele afirmou ser uma questão “criminosa” e informou que discutiu o assunto com o prefeito Fuad Noman. “O anel está órfão neste momento, pois a parte que estava no projeto de concessão da BR 040 não contempla o Anel Rodoviário. Temos que nos unir em busca de uma solução”, diz.
Para isso, ele diz que está em conversa com o ministro dos Transportes, Renan Filho. “O ministro Renan afirmou que haverá verbas para oxigenar a malha rodoviária do Estado. Estou otimista com o futuro, porque o ministro do TCU Antônio Anastasia também já aprovou o leilão da BR-381. São boas novas para o Estado de Minas Gerais”, finalizou.
Programa de descarbonização
O ministro também anunciou que o governo está investindo e, em breve, anunciará o maior projeto de descarbonização do mundo. Ele revela que R$ 5 bilhões serão investidos para o início de uma transição dos 180 sistemas isolados da Amazônia.
O projeto substituirá o óleo diesel para um sistema híbrido, em que parte do sistema ainda funcionará com o óleo, mas terá a participação da energia solar.
“Queremos fazer a curto prazo que o Brasil seja reconhecido mundialmente como o país com maior matriz de energia limpa”, disse o ministro.
Ele explicou ainda que o programa também tem o objetivo de monetizar essas matrizes para que sejam gerados recursos para o combate da desigualdade social na região.
Hidrogênio verde
Ao destacar o potencial do Brasil para a produção de energias limpas, o ministro ressaltou a potencialidade do País e a importância do desenvolvimento deste tipo de energia. Ele disse que o mundo discute de forma contundente e rigorosa o hidrogênio verde.
“O hidrogênio verde é uma realidade no mundo. Os EUA, por exemplo, estão investindo em torno de US$ 300 bilhões em subsídios, estudos e fábricas de hidrogênio. O Brasil com este grande potencial de energia eólica, solar e biomassa me faz ter absoluta convicção que nos próximos 10 anos, será um grande exportador de hidrogênio verde no mundo, principalmente, pelo Suape”, afirmou.
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