Lithium Ionic confirma viabilidade de projeto no Vale do Jequitinhonha, com redução na estimativa de capex inicial

A canadense Lithium Ionic anunciou os resultados do estudo de viabilidade definitivo do projeto Bandeira, localizado em Itinga, no Vale do Jequitinhonha, confirmando que ele é viável tecnicamente e economicamente. Em comparação ao estudo prévio, divulgado em maio do ano passado, a empresa conseguiu, inclusive, reduzir a projeção de investimento no empreendimento que será desenvolvido pela subsidiária brasileira, a MGLit.
Segundo o documento, o capex inicial caiu de US$ 266 milhões para US$ 191 milhões. A queda foi possível por meio da simplificação das instalações de superfície e a adoção de um projeto de planta modular comprovado com suporte da R-Tek International DMCC; da otimização da programação da mina, permitindo gerar fluxo de caixa mais cedo; e da seleção simplificada de frota e equipamentos, aproveitando cadeias de suprimentos locais.
A redução da estimativa das despesas de capital ficou em linha com o que o esperava o presidente da Lithium Ionic, Hélio Diniz. Em março último, o executivo afirmou que a mineradora estava refinando o projeto e entendia que ele poderia ser um pouco mais compacto, mas o investimento total ainda ficaria próximo dos US$ 200 milhões.
O estudo atualizado também apontou evoluções, por exemplo, no valor presente líquido (VPL) pós-impostos, calculado a uma taxa de desconto de 8%, mesmo com a aplicação de premissas mais conservadoras de preços, baseadas nas projeções de longo prazo da agência Fastmarkets; na taxa interna de retorno (TIR) pós-imposto; e no prazo de retorno de investimento (payback). Outro ponto de melhoria foi indicado nos custos operacionais.
Conforme a publicação, o opex do Bandeira passou de US$ 420 por tonelada de concentrado de espodumênio, com 5,2% de óxido de lítio, para US$ 378. “O custo operacional está bem próximo ao das duas operações que acontecem na região – CBL (Companhia Brasileira de Lítio) e Sigma (Lithium)”, destaca Diniz ao Diário do Comércio.
Vida útil da mina é ampliada
No estudo de viabilidade final, a perspectiva de vida útil da mina foi ampliada de 14 para 18,5 anos. Esse aumento decorreu de um acréscimo de 6 milhões de toneladas nos recursos identificados na campanha de sondagem de 2024, totalizando reservas de 23,7 milhões de toneladas. A produção média anual diminuiu de 178 mil toneladas para 177 mil.
A mina da Lithium Ionic será subterrânea, escolha que passou pelo entendimento de que, no longo prazo, haverá um melhor aproveitamento da jazida, conforme Diniz. “Se fôssemos fazer a céu aberto, provavelmente a vida útil seria a metade do que temos estimado hoje”, afirma. O executivo diz que a operação no subsolo também gera menos impactos em relação às escavações abertas, como na geração de rejeitos, que é cerca de 50 vezes menor.
Elaboração de projetos executivos e andamento do processo de licenciamento
Com o estudo definitivo publicado, a Lithium Ionic agora foca os esforços na engenharia detalhada do Bandeira. Alguns projetos executivos já estão prontos, como a da ponte que dará acesso ao empreendimento, enquanto os demais estão em desenvolvimento.
Em paralelo, a mineradora aguarda o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) emitir um termo de referência para consulta a comunidades quilombolas, segundo o presidente. Esse passo é necessário para andar com o processo de licenciamento ambiental.
O projeto iria ser apreciado pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) há seis meses, mas foi excluído da pauta. A retirada ocorreu após recomendação do Ministério Público Federal (MPF), que acusou a empresa de apresentar informações distorcidas, que podem ter viciado o entendimento – favorável à licença – da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) quanto à aplicação de leis brasileiras sobre realização da Consulta Livre Prévia e Informada (CLPI) junto à Comunidade Quilombola do Baú.
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