Lojas de malls registram vendas pouco animadoras em abril

Mais da metade dos lojistas de shoppings da Grande BH (56%) observaram, em abril, um aumento nas vendas na comparação com o mês anterior. Porém, mesmo representando uma parcela menor, os comerciantes que relataram queda em abril (44%) apresentaram recuo com mais intensidade. Alguns chegaram a relatar uma diminuição nas vendas de 41 a 50%.
Dessa forma, houve uma variação média nominal de -0,73% do valor das vendas de abril em relação a março, enquanto a variação em termos reais foi de -5,14%. Os dados são do Termômetro de Vendas da Associação de Lojistas de Shopping Centers de Minas Gerais (Aloshopping-MG).
O superintendente da Aloshopping-MG, Marcelo de Oliveira Nunes da Silveira, explica que existem vários fatores que podem justificar esses resultados desanimadores de abril. Dentre eles, está o efeito calendário, com feriados como o do dia 7 e do dia 21 de abril, além do feriado de 1° de maio, que também influenciou nas vendas do período.
“Esses três feriados prolongados refletiram fortemente, em termos de queda, nas vendas antecedentes a esses feriados do comércio. Principalmente nos produtos mais caros e que precisam de crédito”, relata.
Outro fator apontado pelo superintendente foi a elevada taxa de juros. Segundo ele, os juros altos podem gerar uma desaceleração do consumo de duas formas. A primeira é diminuindo a oferta, já que os comerciantes passam a comprar o estoque muito próximo daquilo que eles esperam vender.
A segunda é por meio do endividamento do consumidor, principalmente no cartão de crédito. Esse endividamento faz com que o consumidor tenha menor condição de consumir produtos principalmente parcelados.
Marcelo Silveira também revelou que os lojistas não esperavam por um período com taxa de juros elevada tão longo como o atual.
Preço dos aluguéis
Outra preocupação que, somada aos fatores anteriores, geram um cenário desafiador para os varejistas é o preço dos aluguéis nos shoppings da Capital. De acordo com o superintendente da Aloshopping-MG, os lojistas têm tentado diversas alternativas para minimizar essa questão dos altos preços dos aluguéis.
Uma delas é a diminuição dos custos, por meio da revisão de contratos, racionalização do quadro de funcionários e até da troca de operadora de telefone ou Internet. Os lojistas também estão tentando renegociar com os shoppings os valores cobrados.
“Alguns têm entrado na justiça com ações revisionais ou renovatórias e alguns têm parcelado valores ou pago valores em atraso com multa. São diversas alternativas que os lojistas têm utilizado”, relata.
Porém, muitos acabam, segundo Marcelo Silveira, aumentando seu endividamento para manter os aluguéis em dia.
Abril/23 x Abril/22
O levantamento realizado pela associação que representa o setor no Estado também apontou que 64% dos lojistas de shoppings registraram aumento nas vendas na comparação com o mesmo mês de 2022. Enquanto 36% apresentaram queda.
As vendas apresentaram um resultado nominal de 3,61% e uma variação real de -0,99% no comparativo com abril do ano anterior. O crescimento nominal pode ser atribuído a fatores como a estratégia adotada pelos empresários de manter seus estoques em um nível o mais próximo possível da demanda prevista. Essa medida acabou afetando a oferta de produtos no mercado.
Expectativas
Quanto às expectativas para os próximos meses, o superintendente da Aloshopping-MG disse que o setor espera por uma melhora com relação aos anteriores. Um dos principais motivadores deste otimismo é a chegada de datas importantes como o Dia das Mães, Dia dos Namorados e Dia dos Pais.
“A gente espera que essas três datas façam com que o comércio consiga recuperar parte do que ele perdeu nesse primeiro quadrimestre, que foi extremamente negativo em termos de resultados esperados”, afirma.
Ele ainda reitera que se o Banco Central abaixar a taxa de juros, esse efeito pode ser acentuado. Com isso, a melhora esperada pode ocorrer mais rápido, contribuindo para uma lucratividade maior do comércio.
De acordo com a pesquisa, os lojistas de shopping center de Belo Horizonte não registraram aumento de vendas nos dias que antecedem o Dia das Mães. Mesmo assim, a maioria segue confiante de que as vendas irão crescer até a data e esperam um avanço médio nominal de 7,63% para o período neste ano.
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