Lucro líquido da MRV registra queda de 34,6% no segundo trimestre

Pelo segundo trimestre consecutivo, nem mesmo o recorde histórico de vendas apurado pela construtora e incorporadora MRV Engenharia Participações S/A foi capaz de amenizar os impactos da crise do Covid-19 nos resultados financeiros da empresa. O lucro líquido do segundo trimestre foi 34,6% menor do que o do mesmo período de 2019. Na comparação entre os semestres o recuo foi ainda mais intenso, chegando a 36,8%.
No período de abril a junho deste ano, o lucro líquido da companhia somou R$ 124 milhões contra R$ 190 milhões um exercício antes. Já na primeira metade de 2020, somou R$ 239 milhões e R$ 379 milhões nos primeiros seis meses do ano passado.
Segundo o diretor executivo de Finanças e Relações com Investidores da MRV, Ricardo Paixão, logo da chegada da pandemia ao País, a empresa optou por adotar novas estratégias de comercialização, com o objetivo de manter as vendas e reter clientes. Foram oferecidos descontos e a margem acabou impactada. Além disso, foram realizadas algumas captações como forma de reforçar o caixa da companhia.
“Mais especificamente no semestre, ainda tivemos o impacto financeiro das ações sociais assumidas desde o início da pandemia. Apenas no segundo trimestre, ao todo, o Grupo MRV, junto da Família Menin, Log CP e Banco Inter, doou R$ 18,5 milhões para a causa”, destacou.
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Lançamentos – Paixão também lembrou que, visando aproveitar o alto nível de estoque, a medida adotada foi no sentido de reduzir o volume de lançamentos. Outro fator que impactou os lançamentos foi o funcionamento limitado de prefeituras e cartórios.
Assim, o volume de lançamentos no segundo trimestre atingiu a marca de 5.349 unidades, 51,7% abaixo do mesmo período do ano passado. Em Valor Geral de Vendas (VGV) a queda foi de 47,9%, com valores que saíram de R$ 1,8 bilhão para R$ 942 milhões neste exercício.
No semestre, as unidades lançadas somaram 12.068 contra 17.929 em igual intervalo de 2020, recuo de 32,7%. Em VGV foram R$ 2 bilhões na primeira metade deste ano e R$ 2,9 bilhões nos mesmos meses um ano antes.
“Reduzimos, inclusive, o ritmo de produção, justamente, porque não sabíamos, ao certo, como o mercado iria se comportar. Tivemos 25% das nossas obras paradas no começo da pandemia e também por isso, optamos por não iniciar novos projetos no segundo trimestre. Agora que já vimos que a operação seguiu bem, esperamos melhor desempenho das vendas e dos lançamentos no segundo semestre”, avaliou.
Em termos de vendas, a MRV bateu mais um recorde histórico, totalizando R$ 1,82 bilhão no segundo trimestre, o que equivale a 11.479 unidades. Trata-se de um aumento de 37,6% no comparativo com a mesma época do ano passado. No semestre, o VGV chegou a R$ 3,4 bilhões e as unidades somaram 21.973.
Conforme o balanço da construtora, o Ebitda (lucro líquido antes do Imposto de Renda, contribuição social, despesas financeiras líquidas, despesas de depreciação e amortização) chegou a R$ 232 milhões no período de abril a junho, montante 9,9% menor que os R$ 257 milhões apresentados no exercício anterior. No semestre, o Ebitda chegou a R$ 437 milhões, 17,6% a menos que os R$ 531 milhões de um ano antes.
Já a geração de caixa voltou a ficar positiva. Desta vez foram ao todo foram mais R$ 214 milhões.
O diretor executivo de Finanças e Relações com Investidores da MRV voltou a ressaltar o esforço da companhia na diversificação das fontes de funding, iniciado há cerca de dois anos. De acordo com ele, no primeiro semestre de 2020, quase 13% das vendas já ocorreram fora do programa “Minha casa, minha vida”, como os da Linha Premium, com funding do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), da Luggo e da Urba. A meta, segundo ele, é chegar a 50%, no médio prazo.
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